Quando se fala em brincar, parece que as pessoas ficam meio confusas em considerar como algo bom ou ruim. Quem já não ouviu dizer: "Isso só pode ser brincadeira!" ou "Que brincadeira é essa"? E por aí vai, dando à brincadeira um cunho negativo e quase de briga e provocação. Por outro lado, quando a criança está doente, geralmente o primeiro sintoma que a mãe relata, preocupada, ao médico sobre o filho é: "Doutor, ele não quer nem brincar...". Contudo, muitas vezes, essa mesma mãe, ou pai, quando a criança está saudável, é capaz de dizer em tom repreensivo: "Não tem jeito, esse menino só quer brincar!" Onde se situa a brincadeira então? Muitos podem dizer, depende do contexto.
Foto: Eli Pio
O brincar é fundamental para uma criança se desenvolver bem. Na brincadeira, as crianças aprendem lições muito importantes, que depois levarão para a vida adulta, como a sociabilidade, a capacidade criativa e inventiva, a partilha, alegria e bom humor, entre tantos benefícios.
Crianças que brincam são mais saudáveis
Um estudo realizado na Irlanda do Norte afirma que brincar na infância traz grandes benefícios para a saúde na vida adulta. Por isso, o brincar deveria ser um tópico de saúde pública e levado muito a sério, pois ajuda a prevenir doenças na infância e faz muito bem para a saúde.
Quando o assunto é brincar, outros aspectos entram em consideração. Onde brincar? A violência e a insegurança, especialmente nas grandes cidades, assustam. Como e com quem brincar? Os pais hoje trabalham fora e não têm tempo para "brincadeira". Além disso, há centenas de crianças com agenda de adulto, tendo que cumprir tantas obrigações e participar de tantas atividades que, de fato, não sobra tempo para brincar. E mais, a brincadeira, em um pequeno espaço de tempo histórico, passou do estilo rudimentar, artesanal, de rua e coletivo, para um estilo altamente tecnológico, individual e restrito ao domicílio. Muitas crianças hoje já não fazem sua pipa, nem seu carrinho de rolimã, elas apertam teclas em tablets, ou controle remoto de brinquedos eletrônicos.
Veja sugestões de brinquedos que você pode fazer com seu filho!
Como a Pastoral da Criança faz: Será que nossas crianças têm tempo e dispõem de um lugar seguro para brincar livremente?
Como resolver essas questões? Como colocar a brincadeira no centro desse cenário da sociedade moderna, com suas inúmeras exigências? A Pastoral da Criança tem, há anos, uma proposta inovadora, inclusiva e de defesa do brincar livre da criança. Participa também da Semana do Brincar coordenada pela Aliança pela Infância que tem este ano o tema: Brincando juntos, todos ganham. Conheça as diversas iniciativas que a Pastoral da Criança apresenta sobre esse tema. Incentive e deixe seu filho brincar. Melhor, brinque você também! Você, sua família, sua comunidade, todos envolvidos no brincar que ajuda no desenvolvimento, que educa, aproxima... que só faz bem.
Conheça algumas orientações do Unicef sobre o brincar
Brincar é uma necessidade para o desenvolvimento da criança
Márcia Mamede - Educadora e Assistente Técnica da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
Sabemos que toda criança tem direito a uma boa alimentação, à escola, à assistência médica, mas também ao direto fundamental de brincar. Esse direito é garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 16, que estabelece que a criança tem o direito a brincar, praticar esportes e divertir-se.
Para conversar mais sobre o brincar, nossa entrevistada é Márcia Mamede, Educadora e Assistente Técnica da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Márcia, o que é brincar?
Brincar é uma necessidade para o desenvolvimento da criança, sendo assim, é um direito que ela tem. No entanto, o que nós temos visto é que vêm diminuindo as oportunidades para as crianças brincarem, principalmente juntas e ao ar livre.
Qual é o maior erro dos pais quando o assunto é brincar?
Primeiro mandar na brincadeira, não mandem. Segundo é achar que só comprando brinquedo é que a criança brinca. Criança não precisa do brinquedo, brinquedo até enriquece, mas ela brinca de muitas outras maneiras.
Vemos muitos casos em que os pais guardam os brinquedos com medo que a criança quebre. Isto é certo?
Vamos pensar: se o brinquedo é dela, é a única coisa que ela manda, é a mesma coisa da brincadeira. A criança pode fazer o que ela quer com um colar da mãe? Não, o colar é da mãe. Então quando o brinquedo é dela e a gente não respeita, como ela vai respeitar o que é nosso? Se ela está ali com o brinquedo e quer tirar a roda do caminhão dela, o que o adulto pode fazer é dizer assim: "Olha, se você tirar isso, seu brinquedo vai ficar quebrado e você não vai poder brincar com ele de novo".
Leia esta entrevista na íntegra: 1181 - Entrevista com Márcia Mamede - O brincar (.PDF)
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
1181 - O brincar - 19/05/2014
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