Férias, brincadeiras e prevenção de acidentes

Diocese de Erexim-RS

Férias escolares chegando e as crianças ficam ansiosas para este momento de descanso, e de ter mais tempo para se divertir com a família e amigos, que é uma oportunidade de desenvolver habilidades motoras, sociais e emocionais por meio das brincadeiras e interações.

É natural as crianças estarem sempre em movimento e procurando novas experiências, portanto, cabe aos adultos nunca deixá-las sem supervisão e sempre tomar certos cuidados para que aproveitem este momento da melhor maneira possível, pois neste período aumentam os riscos de acidentes dentro e fora de casa.
O número de acidentes domésticos aumenta 25% nas férias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. Os responsáveis precisam estar sempre atentos e prevenir situações que colocam em risco as crianças, que ficam vulneráveis a diversos tipos de acidentes.

Entrevista com: Priscila do Rocio Costa, pedagoga da área de desenvolvimento infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, para falar sobre Férias, brincadeiras e prevenção de acidentes.

Priscila do Rocio Costa, pedagoga da área de desenvolvimento infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança

Toda criança ama brincar. É um direito dela. O que é uma brincadeira de qualidade e o que precisa para que ela aconteça?

Uma brincadeira de qualidade é aquela que estimula a imaginação da criança, que coloca o corpo em movimento, que oferece experiências sensoriais, trabalha a coordenação, concentração e a deixa feliz. Portanto, para oferecer uma brincadeira de qualidade, é necessário que se ofereça condições e oportunidade para que ela brinque livremente, que crie, explore, socialize, quer seja em espaços amplos ou espaços reduzidos. Ou seja, oferecer uma brincadeira de qualidade não exige muito, apenas um ambiente favorável para isso, em casa, em parques, praças, jardins, entre outros, sem esquecer da necessidade de supervisão dos responsáveis para que esteja em segurança, livre de acidentes evitáveis e preveníveis.

Qual é o papel dos adultos nas brincadeiras das crianças?

Adultos têm papéis importantes nas brincadeiras das crianças, primeiro porque crianças pequenas precisam brincar com seus pais ou com quem cuida deles, como familiares, cuidadores e professores, pois o adulto é uma referência para elas, e o ato de interagir e participar as deixam mais seguras, fora que os estímulos e os vínculos que essa participação promove no desenvolvimento delas é imenso. Só quero frisar que o fato do adulto brincar com a criança, não significa mandar sempre brincadeira. Muitas vezes ou na maioria das vezes, à medida em que cresce, a criança vai criando o seu modo de brincar e a sua brincadeira e convidar o adulto a participar, e isso precisa ser respeitado pois estimula sua criatividade e promove autonomia. Claro que algumas vezes elas brincam sozinhas, e essa escolha também deve ser respeitada, pois faz parte desse universo do brincar, do faz de conta, do desenvolvimento. E além disso tudo, o adulto é responsável pela criança, e deve sempre supervisioná-la, garantir sua segurança e nunca deixá-la sozinha.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, os acidentes com crianças aumentam 25% durante o período de férias escolares. Por que as crianças sofrem tantos acidentes?

A criança é muito curiosa, e isso faz parte de seu desenvolvimento, pois é explorando os ambientes, fazendo suas experiências que ela vai aprendendo e se desenvolvendo. E muitos dos acidentes acontecem por fração de segundos, quer seja com uma queda, uma queimadura, intoxicação, choque, por engolir um objeto, por exemplo. Claro que existem muitos outros, como a morte súbita de bebês, por isso também ressaltamos a importância de colocar o bebê de barriga para cima para dormir, pois dormindo nessa posição é possível evitar em mais de 70% a morte súbita de bebês. Tem também os acidentes de trânsito como atropelamento, a falta do uso da cadeirinha, do cinto de segurança, ou acidentes por afogamento em balde, bacia, banheira, piscinas, rios e lagos. Por isso o ideal é garantir a segurança das crianças, sempre estar atento e precaver os riscos para assim evitá-los.

Quais são os acidentes domésticos mais frequentes com as crianças dentro de casa? E o que devemos fazer para evitá-los?

São: intoxicação, queimaduras, choque elétrico, atropelamento, afogamento, queda, sufocação ou engasgamento. O ideal é que os responsáveis façam sempre um mapeamento da casa, dentro e fora e identifique possíveis locais que gerem esses riscos. Desde plantas tóxicas a produtos de limpeza e remédios que estejam ao alcance das crianças; O acesso livre para a rua; Garagem com entrada e saída de veículos; Área externa; Baldes, bacias, tanques com água ou locais com água, entre outros. E organizem uma estratégia para que a criança não tenha o livre acesso sem supervisão, pois em um descuido o risco de acidentes nestes ambientes é grande. Portanto, providenciar uma barreira ou portãozinho na porta, guardar produtos de limpeza ou remédios em locais altos e livres do alcance dela, não deixar baldes e recipientes com água a livre acesso da criança. Enfim, quanto mais cuidados tivermos mais seguras as crianças estarão.

Como o aplicativo da Pastoral da Criança contribui para a prevenção de acidentes e promoção do desenvolvimento integral das crianças?

O aplicativo Pastoral da Criança + Gestante oferece inúmeras informações sobre o desenvolvimento da criança, desde a gestação até os 6 anos de idade em família e em comunidade. Então quando o líder, a família e toda a rede que envolve as crianças baixam e utilizam o aplicativo, todas as informações importantes sobre os cuidados de saúde, nutrição, educação, cidadania e desenvolvimento infantil ficam disponíveis para que possamos cada vez mais oferecer condições e um ambiente favorável para o desenvolvimento integral. Ele também traz dicas de cuidados e prevenção de acidentes para todas as fases da vida da criança e isso contribui para a sua segurança e bem estar. 

Leia a entrevista na íntegra: 1629 - 12/12/2022 - Férias, brincadeiras e prevenção de acidentes (.PDF)