Foto: Acervo da Pastoral da Criança
Todos nós já olhamos uma criança brincando e quisemos voltar no tempo. Mas, você já parou para pensar em como o ato de brincar influencia as nossas ações e habilidades na vida adulta?
É por meio das brincadeiras que as crianças se desenvolvem integralmente, ou seja, aprendem a se comunicar, aceitar a existência dos outros, estabelecer relações sociais, fazer planos, respeitar regras e condutas sociais. Além de ajudar no desenvolvimento de habilidades cognitivas, físicas, socioafetivas, morais e de capacidades importantes, como: linguagem, atenção, concentração, memória e imaginação.
O brincar e seus benefícios variam conforme a faixa etária. Até os 2 anos de idade, a brincadeira ajuda as crianças a explorarem e estimularem seus sentidos, elas descobrem cores, texturas, sons, cheiros e gostos. Entre os 3 e os 4 anos, começa a surgir o faz de conta, em que os pequenos passam a imitar situações cotidianas, como brincar de casinha ou fingir ser um motorista, e usar a imaginação para entenderem a realidade. Dos 5 aos 6 anos, surgem os jogos coletivos, de tabuleiro ou de mesa, e outras crianças são incluídas nas brincadeiras.
Os pais são os primeiros a fornecerem informações, estímulos e a interagirem com a criança. Desse modo, sua participação e incentivo nas brincadeiras é fundamental. Vale lembrar que brincar em família ajuda a fortalecer relações e permite que os pais se envolvam e participem ativamente da vida dos filhos.
“O livre brincar é essencial para a construção da autonomia da criança. Somente com autonomia podemos ser autênticos cristãos num mundo injusto, cheio de violência e drogas: com autonomia não somos contaminados, mas construtores de uma sociedade mais justa e fraterna”.
Nelson Arns Neumann
Brincadeira é assunto de especialista
O brincar traduz, para a realidade infantil, o mundo dos adultos. É por meio das brincadeiras que as crianças criam representações do que veem e encontram soluções, alternativas e interações que ajudarão a resolver as mais diversas questões.
“Ao brincar, do ponto de vista neurológico, a criança cria formulações, aprende a prever intenções e, consequentemente, o comportamento das pessoas. O que desenvolverá conforme ela cresce, a capacidade de interação social, que nos permite participar de grupos e cooperar. O brincar proporciona o aprendizado em um alto nível de qualidade e a dinâmica desse ato em si, implica em desenvolvimento humano”, relata Cleide Barbosa, neuropsicóloga e psicopedagoga do colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes, de Curitiba (PR).
Cleide acredita que o brincar reflete também na autoestima e nas habilidades sociais das crianças. “O brincar ajuda as crianças a compreenderem as relações afetivas que ocorrem no meio em que vivem e as estimula a buscar o outro, a interação e sua felicidade. A brincadeira é, portanto, uma experiência flexível e autodirecionada, que serve para as necessidades individuais da criança, e também para a sociedade em que ela viverá na vida adulta”, explica.
Dra. Zilda
“A criança tem direito de brincar, que é fundamental para se desenvolver bem; tem direito de ser bem tratada onde estiver, com o maior respeito pela família e na comunidade”.
Papa Francisco
“Este é o tempo para novos mensageiros cristãos: mais generosos, mais alegres, mais santos”.
Brincar para ser feliz
Maria Alves Benevenuto, coordenadora da Pastoral da Criança na Diocese de Umuarama (PR), afirma que a brincadeira é essencial para o aprendizado e para a felicidade das crianças: “As crianças gostam de brincar e quando elas brincam umas com as outras, lidam com a questão de esperar o tempo, partilhar, começam a aprender os limites, o que podem e o que não podem. Há momentos em que elas até mesmo se irritam, mas é necessário para que entendam que há limites, regras e mais pessoas envolvidas”.
A coordenadora lembra que para brincar não é preciso gastar dinheiro. “É uma alegria quando a gente chega puxando aqueles carrinhos feitos de garrafa pet, porque para eles é novidade. As crianças, muitas vezes, deixam os brinquedos deles, para ir se divertir com os brinquedos que são feitos de sucata”, relata.
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Brincadeiras e seus benefícios
Maria defende que as crianças que brincam são diferentes, estão sempre para cima, alegres e são muito mais participativas. “São crianças que gostam de se comunicar e estão sempre interagindo com as outras. O que é essencial para sua autoestima e criatividade, porque permite que ela vá conquistando espaço e entendendo que aquilo que, antes parecia tão difícil, é possível de ser alcançado, brincando e trabalhando em conjunto”, alega.
*Este texto está publicado na sexta edição da Revista Pastoral da Criança.