Tema: Amamentação
Foto: Acervo da Pastoral da Criança
Não há dúvidas de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê. É feito especificamente para ele, com todos os nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento. Contém também anticorpos da mãe que o protegem contra doenças. Enfim, é um alimento completo. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que as mães amamentem as crianças até os dois anos ou mais. Há muitos benefícios do leite materno mesmo depois do primeiro ano de vida e há pesquisas que indicam que a amamentação prolongada contribui para o aumento da inteligência da criança. Cada vez mais a ciência descobre novidades sobre os benefícios do leite materno. Saiba mais sobre o assunto na entrevista com o Dr. Cesar Gomes Victora, professor e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul e Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Entrevista Dr. César Victora
Dr. César Victora
Quais são as mais recentes descobertas científicas sobre o aleitamento materno?
As descobertas mais recentes relativas ao leite materno dizem respeito ao fato de que ele contém um tipo de molécula de açúcar, que a gente chama de oligossacarídeos, que servem como um adubo para a flora intestinal, para as bactérias saudáveis que crescem dentro do intestino do bebê. Essas bactérias ajudam a manter a criança saudável evitando diarreia e outras infecções intestinais. É muito importante que essas células sejam adubadas, digamos assim, com os oligossacarídeos.
As outras descobertas muito importantes, que cada vez nós temos mais evidências, dizem respeito a presença de células-tronco no leite materno. Essas são células que passam da mãe para a criança. Elas atravessam a barreira intestinal, entram na corrente sanguínea da criança e se deslocam para diferentes órgãos. Nós sabemos, por exemplo, que neurônios ou células-tronco que são precursoras neurais, estão presentes no leite materno e podem se transformar. Então, isso ajuda também a desenvolver o cérebro e a inteligência da criança.
Programa de rádio Viva a Vida
1517 - Novidades do aleitamento materno - 19/10/2020
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Uma grande preocupação nessa época de pandemia é se o coronavírus passa para o leite materno. Isso acontece?
Eu faço parte de um grupo, que trabalha na Organização Mundial da Saúde, que tem avaliado, primeiro, se pode ter transmissão do coronavírus através do leite materno. Tem alguns estudos que mostraram no leite da mãe uns pedacinhos do vírus, pedacinhos do RNA viral, mas, na verdade, não há nenhum estudo que comprove que há transmissão da doença através de leite materno. Por isso, nós fizemos um cálculo, pensando assim: mesmo que houvesse a transmissão pelo leite materno, qual seria o risco para a criança? Nós sabemos que crianças pequenas são afetadas pelo coronavírus, são infectadas, elas desenvolvem anticorpos, mas a mortalidade delas, o que a gente chama de letalidade, é muito, muito baixa. O nosso cálculo é o seguinte: se uma mãe parar de amamentar seu filho e deixar de dar toda a proteção que o leite materno confere a essa criança em termos de evitar as doenças infecciosas, o risco da criança eventualmente até morrer, ser vítima da mortalidade infantil, devido a uma infecção dessas, é quarenta vezes maior do que o risco dela pegar covid-19 e morrer pelo covid-19. Não vale à pena parar de amamentar, mesmo que a mãe seja diagnosticada com coronavírus. Essa é uma recomendação muito forte da Organização Mundial da Saúde.
Entrevista Caroline Dalabona
Caroline Dalabona - Nutricionista da Pastoral da Criança
Quais as orientações para as mães que amamentam e estão com covid-19?
As mães que amamentam e que estão infectadas com o coronavírus devem continuar amamentando. Esta é a recomendação, o consenso, mas é preciso ter alguns cuidados. E esses cuidados giram em torno, principalmente, da questão da higiene. É preciso lavar muito bem as mãos, de acordo com o protocolo, antes de pegar o bebê para amamentar e, também, o uso de máscaras. Mas é muito importante essas mães tirarem dúvidas sobre isso com um profissional de confiança, perguntar como devem ser esses cuidados na hora da amamentação. Aquelas mães que não se sentem seguras em amamentar nesse momento, a alternativa que elas têm é retirar o leite, fazer a ordenha, congelar esse leite, e outra pessoa, que não esteja infectada, oferecer esse leite para o bebê, de preferência com uma colherzinha para evitar o uso de mamadeiras e bicos, que podem posteriormente dificultar o retorno da amamentação.
Quais são as orientações da Pastoral da Criança sobre o aleitamento materno?
A Pastoral da Criança é uma grande defensora do aleitamento materno e ela segue os protocolos e orientações que os órgãos de saúde oficiais fornecem, tais como a Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria e tantos outros que são favoráveis ao aleitamento materno. O que a Pastoral da Criança orienta, o que os nossos líderes, lá na ponta, junto com as famílias orientam, é: vamos amamentar o bebezinho até os dois anos ou mais; quanto mais tempo esse bebê for amamentado, melhor, mais benefícios ele vai ter; e amamentar exclusivamente durante os primeiros 6 meses, ou seja, só leite materno, que é suficiente para suprir as necessidades. Os nossos líderes são grandes responsáveis por transmitirem informações precisas, seguras e orientações sobre o aleitamento materno lá na ponta. Todas as informações sobre o aleitamento materno é possível encontrar no nosso Aplicativo, nas nossas e-capacitações. Baixe o Aplicativo da Pastoral, acesse as nossas e-capacitações e se beneficie também das informações que constam nesses materiais.
Leia a entrevista na íntegra: 1517 - Novidades do aleitamento materno (.PDF)
2º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”
O 2º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovido pela ONU e que deverá ser atingido pelos países participantes até 2030, tem entre suas metas: acabar com a fome, garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos nutritivos e suficientes durante todo o ano, acabar com todas as formas de desnutrição e garantir o sistema sustentável de produção de alimentos e práticas agrícolas que aumentem a produtividade, ajudem a manter os ecossistemas e melhorem a qualidade da terra e do solo. A ações dos líderes da Pastoral da Criança em acompanhar crianças e gestantes e transmitir orientações, sobretudo sobre aleitamento materno, contribuem para assegurar que mais crianças sejam beneficiadas pelo leite materno.
Dra. Zilda
“Deve-se valorizar o leite do peito, que protege a criança, alimenta-a e lhe dá a grande experiência do verdadeiro amor, alicerce da segurança afetiva e do desenvolvimento"
“Gostaria de lhe dizer que as crianças que mamaram no peito e receberam muito amor, sentem mais facilidade em se dar bem com as pessoas para o resto da vida”.
Papa Francisco
"Amamentem-os, não tenham medo, alimentem-os porque isso também é linguagem de amor"