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Foto: Acervo da Pastoral da Criança

O primeiro Banco de Leite Humano do mundo foi implantado no Brasil, em outubro de 1943, no Instituto Nacional de Puericultura, atual Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF) da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Em 1998, a parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz e o Ministério da Saúde resultou na Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (Rede BLH).

Apesar do país ser o primeiro a possuir bancos de leite humano e contar com a maior e mais complexa rede do planeta, muitas pessoas ainda não conhecem o seu funcionamento e importância. Entenda o que são os bancos, como eles funcionam e como você pode se tornar uma doadora.

Ordenha

Para que o leite seja conservado de maneira correta, a mãe deve ter alguns cuidados no momento da ordenha, como: prender os cabelos; evitar falar; lavar bem as mãos e secá-las com um pano limpo; esterilizar o recipiente (vidro e tampa) em que irá guardar o leite, fervendo-o em água por 15 minutos e deixando-o secar com a boca para baixo em um pano limpo; e utilizar recipientes de vidro com tampa plástica, sem o rótulo e o papelão que fica sob a tampa, como os de café solúvel ou maionese.

Tudo começa com a coleta e a ordenha, que pode ser realizada em casa ou nos bancos de leite humano que contam com um ambiente para a retirada do mesmo. Em seguida, ocorre a estocagem do leite, que pode ficar congelado por até 15 dias, e será levado ao banco de leite mais próximo.

Procedimentos

Ao chegar ao banco de leite, o alimento passa por um conjunto de exames e procedimentos, que evitam contaminações e garantem que o alimento tenha os nutrientes e as calorias necessárias para os bebês.

Primeiro é realizada a seleção, classificação (colostro, leite de transição e leite humano maduro) e a análise de acidez do leite humano, que indicam as condições de conservação em que o leite se encontra. Depois, o reenvase em frasco padrão em campo de chama, técnica microbiológica que mantém o ambiente ao redor do objeto estéril para o procedimento; rotulagem dos frascos; pasteurização, que garantirá a eliminação dos microrganismos que podem causar doenças; resfriamento dos frascos por meio da imersão destes em água e a estocagem do produto congelado, no freezer por até seis meses, efetuando rigoroso controle de temperatura. Apesar do leite poder permanecer 6 meses em estoque, ele nunca passa tanto tempo parado, por conta da demanda das maternidades.

Demanda

A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano afirma que consegue suprir apenas 60% da demanda para os recém-nascidos prematuros e de baixo peso internados nas UTIs neonatais do país. Além disso, 30% do leite doado é considerado impróprio e não pode ser destinado às crianças. Na maioria das vezes, isso ocorre porque os cuidados na ordenha e no armazenamento não foram adequados.

Todo leite recebido é destinado a hospitais e maternidades. Como os bancos de leite estão ligados a uma maternidade com UTI neonatal, os bebês nascidos no local têm preferência. Caso exista necessidade em outra unidade, deve ser feita uma solicitação médica.

O leite coletado também é destinado aos bebês das mães que não podem amamentar.

Onde entregar o leite

O Ministério da Saúde já orienta que todos os hospitais com leitos neonatais devem ter um Banco de Leite Humano ou posto de coleta – garantindo, assim, o alimento para os bebês que precisam.

Casos em que as mães não podem amamentar

- Ser soropositiva (ter o vírus do HIV);

- Estar na primeira semana do tratamento para tuberculose;

- Estar em tratamento contra o câncer com radioterapia e/ou quimioterapia;

- Tomar remédios que prejudiquem o bebê (não esquecer de sempre perguntar ao médico se o remédio pode fazer mal ao bebê);

- O bebê ter fenilcetonúria ou galactosemia (doenças diagnosticadas pelo teste do pezinho) ou outra doença metabólica que o impeça de digerir o leite corretamente

Atenção: mães que amamentam não devem usar drogas (cocaína, heroína, maconha, etc). Quando são usadas, o médico deve avaliar o risco da droga comparado com os benefícios do leite materno, para orientar se deve ocorrer o desmame ou ser mantida a amamentação. Álcool e tabaco também devem ser evitados, mas no caso das mulheres que não consigam interromper o uso, elas devem manter a amamentação, pois a falta do leite materno pode trazer riscos ainda maiores à saúde do bebê.

Toda mulher saudável, que esteja amamentando e que produza mais leite do que o seu filho precisa, pode ser uma doadora. Antes de realizar a doação, é preciso apresentar-se ao banco de leite, hospital ou maternidade mais próximo, para fazer os exames necessários e garantir que é apta para realizar a doação.

O banco de leite também faz a coleta domiciliar, o que significa que a mãe não precisa sair de casa. A funcionária do Banco de Leite Humano vai até a casa da doadora e faz o transporte do leite até o hospital, realizando o controle de temperatura em todo o percurso, para que ele não perca suas propriedades. Muitas cidades contam com parcerias com o Corpo de Bombeiro e o SAMU para a coleta do leite.

Os Bancos de Leite Humano são totalmente seguros e só trazem benefícios para a saúde das crianças, principalmente daquelas que mais precisam. Vale lembrar que o peito é uma fábrica e não um reservatório, quanto mais for estimulado, maior será a produção de leite da mãe. Por isso, se você tem ou conhece alguma mãe que tenha leite excedente, participe dessa iniciativa e doe vida para as crianças!

Parte destas informações também estão na quinta edição da Revista Pastoral da Criança.

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