O lema da Semana Mundial de Aleitamento Materno: "Amamentação: Um ganho para toda vida!" traz à luz a preocupação sempre crescente com ações que tenham uma repercussão duradoura na vida e saúde de cada indivíduo. É assim quando falamos dos cuidados durante a gestação, do parto de qualidade e da amamentação exclusiva durante, ao menos, os primeiros seis meses de vida. Todos esses cuidados ajudam a reduzir a mortalidade infantil, pois não só colaboram para prevenir doenças e mortes, mas, sobretudo, contribuem para garantir mais saúde e qualidade de vida para as crianças no presente e no futuro, como adultos.
Você pode decidir. Decida pela amamentação!
Amamentar exige dedicação, paciência e persistência, mas é sempre uma escolha, uma decisão da mãe. Ela, se tiver a certeza do apoio do companheiro, da família e da comunidade, pode decidir isso mais facilmente e de modo positivo, pois não é fácil uma mãe amamentar o bebê de modo exclusivo por seis meses se precisa voltar antes para o trabalho, se não tem quem a ajude nas tarefas da casa, no cuidado dos outros filhos, quando for o caso. Por isso, apoiar a mulher na amamentação faz toda a diferença.
Como a Pastoral da Criança Faz: Aleitamento materno e amor sem limite de idade
Meta superada
Uma pesquisa, recentemente divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mostra que apenas 38% das crianças (dados mundiais) são amamentadas exclusivamente com leite materno nos seis primeiros meses de vida. A meta apresentada pela OMS é elevar a taxa mundial de aleitamento materno exclusivo, nos primeiros seis meses de vida do bebê, em pelo menos 50% até 2015. As crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança já ultrapassaram esse índice. Dados do primeiro trimestre de 2014, demonstram que 70,1% das crianças acompanhadas mamam exclusivamente no peito até os seis meses.
A última pesquisa realizada no Brasil, pelo Ministério da Saúde, foi realizada em 2009 e apontou que 41% das crianças menores de seis meses recebem alimentação exclusiva por aleitamento. O levantamento ainda mostrou que durante a primeira hora de vida, 67,7% das crianças mamam (Fonte: Pastoral da Criança). O relatório anual da Pastoral da Criança mostra que em 2013, todas as regiões brasileiras já atingiram a meta da OMS.
Amamentar, além de ajudar a prevenir doenças, reforça os laços de afeto entre a mãe e o bebê. Para quem tem dúvidas ou está tendo dificuldades em amamentar, procure orientação nos postos de saúde ou com os líderes da Pastoral da Criança de sua região.
Regina Reinaldin - Enfermeira da Pastoral da Criança
"O leite materno é um alimento completo", explica Regina.
A amamentação é a maneira natural de alimentar o bebê nos primeiros meses de vida. Existem campanhas que ensinam como amamentar e muitas gestantes recebem também orientação no serviço de saúde e na maternidade. Nesta semana, a enfermeira da coordenação nacional da Pastoral da Criança, Regina Reinaldin, fala sobre a importância do aleitamento materno e os benefícios para a mãe e o bebê.
A Semana Mundial da Amamentação 2014 traz como slogan: "Amamentação um ganho para toda vida". Regina, por que podemos afirmar isso? E por que se diz que o leite materno é o alimento completo para o bebê?
O leite materno é um alimento completo: ajuda na imunidade, previne infecções respiratórias, ajuda na constituição da face e na respiração. Também ajuda a preparar o intestino e previne a obesidade. Além disso, o leite materno é de fácil digestão para o bebê. É responsável por promover um melhor crescimento e desenvolvimento, além de proteger contra as doenças. Mesmo em ambientes quentes ou secos, o leite materno supre todas as necessidades de líquido de um bebê. A água e outros líquidos não são necessários, até o sexto mês de vida.
Os dentistas costumam falar que os movimentos que a criança faz quando mama ajudam na constituição da face e fazem a criança respirar direito. Fale um pouco sobre isso.
Quando a criança é amamentada, ela não está sendo só alimentada, está também fazendo um exercício físico importante para desenvolver a sua musculatura bucal. Isso vai ajudar o bebê a mamar de uma forma correta, para que o bebê tenha uma boa "pega".
Sobre a parte psicológica do aleitamento, ele fortalece os laços afetivos entre a mãe e o filho?
É isso mesmo. O ato de amamentar aumenta esses laços afetivos. O envolvimento do pai e de familiares também favorece esses laços afetivos e o prolongamento da alimentação. Mas, para que isso aconteça, esta relação bonita entre a mãe e o bebê, é preciso ter um ambiente tranquilo. É preciso que a mãe esteja tranquila, que ela converse com o bebê, cante, reze, sorria. É necessário também ter tempo para a amamentação.
Veja também: Os perigos da amamentação cruzada
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
1191 - 28/07/2014 - Aleitamento materno
Leia entrevista na íntegra: 1191 - Entrevista com Regina Reinaldin - Aleitamento materno (.PDF)
Perguntas frequentes:
1) Como é possível manter a tranquilidade se sentir dor enquanto amamentam, porque o mamilo rachou, por exemplo?
A amamentação deve ser absolutamente indolor. Partindo do seu exemplo, o mamilo não racha se a criança for colocada na posição correta e pegar direito o peito. Por que ocorre a rachadura? Ocorre porque a criança não consegue pegar a aréola, a parte do seio que não dói. Apalpe as suas mamas para saber aonde é mais sensível. Se as respostas forem: o bico é a parte mais dolorida, fica claro então, que ali a criança não pode sugar porque vai doer. No entanto, se a criança sugar na região areolar onde ficam os bolsões de leite que devem ser espremidos para liberá-lo, não haverá desconforto nenhum. Se você sentir dor quando o filho mama, a dinâmica da sucção deve estar incorreta.
2) Quais as vantagens do leite materno em relação aos outros tipos de leite?
Ele contém todos os nutrientes necessários para garantir o crescimento saudável da criança. Além disso, olhos nos olhos, mãe e filho estabelecem a primeira linguagem efetiva de amor.
3) Quais são as doenças mais frequentes em crianças que não são amamentadas no peito?
A mais frequente é a diarreia. A criança amamentada no peito está mais protegida contra essa doença, porque no leite materno existe um anticorpo chamado IGA secretora que recobre a mucosa intestinal, protegendo-a contra infecções e recobre também a mucosa da árvore brônquica e dos ouvidos, prevenindo otites e pneumonias. A longo prazo, a prevalência de certas patologias como a aterosclerose, alguns tipos de câncer, obesidade e diabetes é menor nas crianças amamentadas no peito.
4) Quando estou gripadas posso amamentar o meu filho?
Pode e deve. Durante o processo gripal, a imunidade da mãe está sendo ativada. Como seu leite é constituído por células vivas, seus anticorpos são transmitidos diretamente para a criança durante as mamadas.
5) Não há o risco de o vírus ser transmitido também pelo leite?
Na verdade, a mãe transmite o vírus e o tratamento, porque seu leite carrega os anticorpos necessários para combater o agente agressor. Mesmo que suspenda a amamentação, ao cuidar do bebê, ela estará correndo o risco de transmitir a doença com agravante de não lhe transmitir as defesas que o leite transporta
6) Na hora da amamentação, qual deve ser a atitude da mulher?
A mãe tem que estar bem relaxada e com as costas apoiadas, de preferência com o pé todinho no chão, a mãe deve olhar para a criança. Esse carinho, o cheiro que a mãe exala, essa relação entre mãe e filho ao amamentar são fundamentais para o desenvolvimento harmônico da criança.
7) Quais as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação ao aleitamento materno?
A OMS aceitou uma proposta brasileira e recomenda o aleitamento materno por seis meses. A partir dessa idade até os 2 anos, outros alimentos serão introduzidos observando as etapas do desenvolvimento infantil. O branco do leite é substituído pelo colorido dos sucos de frutas, por exemplo; o líquido, pelo pastoso e depois pelo sólido. A recomendação é oferecer à criança o que a família come e não mais as sopinhas elaboradas de antigamente.
8) O bebê de mãe com Aids pode mamar no peito?
Não. A taxa de transmissão do HIV de mãe para filho durante a gravidez, sem qualquer tratamento, pode ser de 20%. Mas em situações em que a grávida segue todas as recomendações médicas, a possibilidade de infecção do bebê reduz para níveis menores que 1%. As recomendações médicas são: o uso de remédios antirretrovirais combinados na grávida e no recém-nascido, o parto cesáreo e a não amamentação.
9) Qual o procedimento adequado para uma gestante soropositiva?
Iniciar o pré-natal tão logo perceba que está grávida. Começar a terapia antirretroviral segundo as orientações do médico e do serviço de referência para pessoas que convivem com o HIV/aids. Fazer os exames para avaliação de sua imunidade (exame de CD4) e da quantidade de vírus (carga viral) em circulação em seu organismo. Submeter-se ao tipo de parto mais adequado segundo as recomendações do Ministério da Saúde. Receber o inibidor de lactação e a fórmula infantil para sua criança.
Amamentação de acordo com a idade do seu filho:
O nascimento do bebê - Aleitamento materno: colostro
O bebê na primeira semana de vida - Aleitamento materno
O bebê até um mês
O bebê de dois e três meses
O bebê de quatro e cinco meses
O bebê de seis a oito meses
O bebê de nove a onze meses
A criança de um ano - Alimentação e aleitamento materno
Fotos: Marcello Caldin