Agosto Dourado 2024 - reduzindo as desigualdades no apoio à amamentação

Foto: Acervo

“Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”. Esse é o tema de 2024 da SMAM, a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Entre os objetivos da campanha está a ação para a redução das desigualdades da amamentação, com foco nos grupos vulneráveis.

O tema não poderia ser mais pertinente. Segundo a Organização Pan-americana de Saúde, a duração do aleitamento materno está positivamente associada à renda. Ou seja, em média, quanto mais renda a família tem, por mais tempo o bebê mama no peito. Quanto mais pobre é a família, por menos tempo o bebê recebe o leite materno.

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Essa desigualdade é explicada por diversos fatores. Enquanto algumas empresas maiores estendem a licença maternidade para seis meses, milhares de mães estão na informalidade e sequer têm acesso aos 4 meses previstos na Constituição.

Se por um lado a falta de conhecimento ainda atrapalha, por outro, o excesso de desinformação confunde, compromete e engana. A Organização Mundial da Saúde divulgou um relatório revelando que fabricantes de fórmulas infantis compram ou coletam informações pessoais de novas gestantes e mães para enviar-lhes promoções personalizadas de seus produtos, seja por redes sociais, influenciadores, aplicativos, etc. Tudo para vender fórmulas desnecessárias, causando a substituição do leite materno e, por consequência, prejudicando a saúde das crianças e o vínculo entre mãe e filho.

No Brasil, a Semana Mundial de Amamentação foi estendida para todo o mês de agosto, que ficou conhecido como Agosto Dourado. Há mais de 40 anos, voluntários incansáveis da Pastoral da Criança constroem janeiros, fevereiros, dezembros… todos dourados. A amamentação é um ponto crucial do trabalho da Pastoral, que informa, orienta, acompanha, levanta uma verdadeira rede de apoio ao redor de mães, em localidades onde muitas vezes o poder público não chega. Que a sociedade abrace essa causa na Semana de Amamentação, no Agosto Dourado e no ano todo.

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Jéssica Luiz Dinardi, Técnica da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e a Responsável Técnica do Aleitamento Materno.

ENTREVISTA COM: Jéssica Luiz Dinardi, Técnica da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná e a Responsável Técnica do Aleitamento Materno.

Neste ano, a Semana Mundial de Amamentação tem como tema: “Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”. Jéssica, o que isso significa? Que conteúdo essa Campanha pretende difundir?

Em 2024, a campanha trabalha na eliminação das desigualdades que existem no apoio à amamentação. Será dada uma atenção aos cenários de vulneráveis, como, por exemplo, ali na primeira semana de vida, às populações desfavorecidas e à amamentação em tempos de emergência e crises.

Os objetivos são:
- Informar as pessoas sobre as desigualdades existentes no apoio e prevalência da amamentação
- Engajar indivíduos e organizações para aumentar a colaboração e o apoio ao aleitamento materno
- Fomentar a promoção do aleitamento materno como instrumento de redução das lacunas e desigualdades sociais
- Agir objetivamente para reduzir as desigualdades no apoio à amamentação, com foco em grupos vulneráveis.

Semana Mundial de Amamentação vai de 1 a 7 de agosto.

Jéssica, qual é a importância da amamentação, especialmente para as populações mais vulneráveis?

Os benefícios do aleitamento materno para o bebê já são amplamente conhecidos, como a prevenção de doenças, a promoção da saúde, a promoção do adequado crescimento e desenvolvimento da criança.
Temos também benefícios para a mãe, como a proteção em relação a alguns tipos de câncer, como o de mama, e também o aumento do vínculo entre a mãe e o bebê.
Há benefícios para o planeta, por ser uma forma sustentável de alimentação, e para a sociedade, pela diminuição do absenteísmo dessa mulher no retorno ao trabalho, por conta da criança ficar menos vezes doente.
E a amamentação também pode ser um fator de igualdade da nossa sociedade. E os esforços devem ser feitos para garantir que todas tenham o apoio e tenham a oportunidade de amamentar. É fundamental que ninguém fique para trás, principalmente as mães vulneráveis, porque elas podem precisar de um apoio adicional para a prática da amamentação.

Jéssica, qual é a importância das Redes de Apoio e como as mulheres podem participar delas?

Entre os fatores que podem atrapalhar a amamentação, nós temos a fragilidade da rede de apoio e o aumento do estresse dessa mulher. Então, a rede de apoio é fundamental para o sucesso da amamentação.
E quando a gente fala rede de apoio, a gente está falando tanto da rede mais próxima, que é a família, quanto dos profissionais de saúde, da sociedade, dos empregadores.
Então, nós precisamos fazer uma rede, como se fosse uma teia de aranha, onde todos estão unidos em prol da amamentação, para que essa mulher consiga ter sucesso no aleitamento materno.
As mulheres podem participar dessas redes, como citado anteriormente, procurando a atenção primária à saúde, o banco de leite, as sociedades, como a Pastoral da Criança.

Leia a entrevista na íntegra

1714- 29/07/2024- Agosto Dourado

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