Acervo da Pastoral da Criança
Segundo o Ministério da Saúde, o desmame natural é menos estressante para a mãe e a criança, além de fortalecer a relação entre mãe e filho. Por outro lado, o desmame abrupto deve ser evitado. Se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode causar ingurgitamento mamário (leite empedrado), estase do leite (acúmulo de leite) e mastite, tristeza, depressão, além de precipitar o luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais.
Confira a entrevista com a Liziane Mery Laufer Rodrigues, pedagoga e nutricionista especializada em nutrição materno-infantil, com formação em consultoria em amamentação e desmame gradual gentil.
ENTREVISTA COM: Liziane Mery Laufer Rodrigues, pedagoga e nutricionista especializada em nutrição materno-infantil, com formação em consultoria em amamentação e desmame gradual gentil. Mora e trabalha em Curitiba, estado do Paraná.
Liziane, o que é o desmame?
Desmame é o momento em que se encerra a amamentação. É quando se percebe que o bebê já está crescendo e se tornando uma criança apta a se alimentar com maior independência. Isso costuma ser marcado pela presença de autonomia para a alimentação com refeições sólidas e para o consumo eficiente de água. Espera-se que o desmame aconteça a partir de 12 meses de vida, quando deve ocorrer uma transição da alimentação predominantemente líquida para uma alimentação majoritariamente sólida.
Liziane Mery Laufer Rodrigues, pedagoga e nutricionista especializada em nutrição materno-infantil, com formação em consultoria em amamentação e desmame gradual gentil. Mora e trabalha em Curitiba, estado do Paraná.
Quando e como começa o processo do desmame, Liziane?
A partir de 6 meses de idade, quando a introdução alimentar entra na rotina da família, a criança vai desenvolvendo habilidades para mastigar, engolir, demonstrar sinais de fome e saciedade, escolher a variedade de alimentos que deseja consumir e compartilhar momentos de refeição à mesa com sua família, por exemplo, e assim começa o processo de desmame.
Quando a introdução alimentar é realizada de uma forma respeitosa, entre os 6 e 18 meses de vida, a criança desenvolve autonomia para se alimentar e obtém a maior parte de suas necessidades nutricionais com refeições sólidas, interessando-se menos pela amamentação como fonte alimentar. No entanto, sabemos que o “mamá” para mãe e bebê não significa apenas nutrição, trata-se de uma forma de relacionamento! Sendo assim, a amamentação pode durar quanto tempo desejarem!
Em muitos desses casos, é comum chegar a um momento em que a mulher que amamenta sente a necessidade de retomar um pouquinho a sua liberdade e previsibilidade relacionadas aos horários de amamentar, ao passo que seu bebê também já adquiriu experiência e habilidades para se alimentar de outras formas. É neste momento, geralmente por volta dos 18-24 meses do bebê, que a família pode iniciar um processo consciente de desmame parcial gradual e gentil, baseado na organização da livre demanda na amamentação. E tudo isso pode acontecer sem traumas, sem rupturas abruptas, sem mentiras, mas com muita comunicação!
Existe uma maneira certa de fazer o desmame, Liziane?
Digo sempre que desMAME não é desAME! Mas em resposta a essa pergunta eu diria também que não há receita de bolo. As mães costumam receber muitos julgamentos da sociedade e ter tantas demandas e frustrações que tornam impossível alguém que não faz parte do processo sugerir uma maneira certa para o desmame.
Devem ser evitadas ideias como colocar batom ou catchup sobre as mamas e dizer que está machucada, ou passar chá de boldo ou outra substância de sabor amargo nas mamas para causar repulsa à criança. Também não é aconselhável viajar para forçar um distanciamento entre a criança e o peito, se a criança ainda não estiver preparada. Todas essas fórmulas, por mais que tenham funcionado em algum caso, são tipos de desmame abrupto, que gera rejeição e insegurança na criança.
Existem possibilidades para realizar o desmame de forma mais gentil. Na minha opinião, cada dupla mãe e criança tem o seu jeito e sabe que está no caminho certo quando está em paz e respondendo bem ao processo.
Programa de rádio Viva a Vida 1712 - 15/07/2024 - Desmame
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
De que maneira o pai ou parceiro e os outros familiares podem colaborar no processo do desmame?
De diversas formas, especialmente oferecendo amor e não julgamento! Respeitando a decisão da dupla e auxiliando o máximo possível na oferta de leite materno fora do seio, na higienização dos utensílios utilizados para a extração do leite da mãe, no armazenamento adequado do leite, na oferta de refeições sólidas e água para os bebês maiores de 6 meses. O pai também pode oferecer mimos para a mamãe, como por exemplo fazendo-lhe uma massagem, um escalda pés ou servindo-lhe um copo de água enquanto amamenta ou preparando seu prato favorito. Também deve participar da contação de histórias, das brincadeiras e ter atitudes que, de maneira direta ou indireta, contribuam para comunicar à criança que ela está crescendo em família e está se tornando apta para se relacionar e se comunicar muito além do peito!
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O leite materno fornece todos os nutrientes necessários para o bebê se desenvolver até o sexto mês, e contribui para a erradicação da fome e a segurança alimentar, uma vez que é produzido pelo organismo da mãe. A criança que mama até os dois anos de idade, será mais saudável e imune a diversas doenças. Fator que contribui para o 3º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, proposto pela ONU.
Dra. Zilda
“Cada criança é uma benção de Deus para o mundo”
Papa Francisco
“Cada pessoa humana deve a vida a uma mãe e quase sempre deve a ela muito da própria existência sucessiva, da formação humana e espiritual."