Hoje está muito mais fácil identificar os alimentos ultraprocessados, ou pelo menos boa parte deles. A regra exige que as embalagens dos produtos venham com uma lupa na parte da frente alertando para a presença de alta quantidade de gordura saturada, açúcar adicionado ou sódio. A norma da Anvisa começou a valer em 2023 e o prazo para as empresas se adaptarem terminou em abril de 2024. Então agora não tem mais desculpa. Veja na imagem a seguir como são esses rótulos:

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 Mas afinal, o que são ultraprocessados?

São alimentos com alto teor de sódio, açúcar adicionado ou gordura saturada. Também são ultraprocessados os alimentos com excesso de ingredientes artificiais, como aromatizantes e corantes.

Alguns exemplos de ultraprocessados são:

  • Suco de caixinha
  • Refrigerante
  • Macarrão instantâneo
  • Lasanha congelada
  • Salsicha
  • Salgadinho de pacote
  • Bolacha recheada
  • Cereais matinais
  • Achocolatados
  • Energéticos
  • Isotônicos

E qual é o problema?

Um dos principais problemas é começar a substituir a alimentação natural – a “comida de verdade”, por alimentos ultraprocessados. Estudos comprovam que os ultraprocessados causam excesso de peso, obesidade, hipertensão, doenças do coração e até depressão.

Para quem tem criança em casa, é importante lembrar ainda que elas estão em fase de aprender a se alimentar, de criar hábitos. E, nesse momento, os adultos são os primeiros exemplos.

Consumo entre os mais pobres

Estudos mostram que o consumo de ultraprocessados aumentou nos últimos anos entre a população mais pobre. Em uma pesquisa do Unicef feita com beneficiários do Bolsa Família, 80% dos entrevistados relataram que as crianças comeram ao menos um ultraprocessado no dia anterior à enquete. Os principais alimentos consumidos foram bolachas recheadas (59%), bebidas açucaradas (41%) e doces e guloseimas (21%). O estudo foi feito em 2021.

Já a taxa de pessoas que comem frutas e verduras pelo menos cinco vezes por semana vem caindo. E entre os desempregados a queda é ainda maior: de 44,2% para 27,6%, segundo reportagem do jornal Estadão.

Os dados acima deixam claro que o consumo de ultraprocessados pela população mais vulnerável se deve em grande parte pelo preço.

Hoje, a reforma tributária que está em discussão no congresso debate a possibilidade de aumentar os impostos sobre esses produtos. A ideia é torná-los mais caros para desestimular o consumo. A ideia faz sentido. No entanto, é necessária a contrapartida: redução de tributos e incentivo ao consumo de alimentos saudáveis.

 

agosto dourado

Laís Amaral, Coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do IDEC – Instituto de Defesa de Consumidores.

ENTREVISTA COM: Laís Amaral, Coordenadora do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do IDEC – Instituto de Defesa de Consumidores.

Por que devemos evitar consumir alimentos ultraprocessados?

A composição dos produtos alimentícios ultraprocessados tem excesso de nutrientes críticos, como sódio, açúcar e gorduras, além dos aditivos. Então, são nutrientes prejudiciais à saúde. Já está comprovada a relação entre o consumo desse tipo de produto e o desenvolvimento de doenças crônicas como excesso de peso, obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer e depressão.

Então, a recomendação é evitar o consumo de ultraprocessados. Isso inclusive está no próprio Guia Alimentar para a População Brasileira. É uma recomendação do próprio Ministério da Saúde e de organizações internacionais.

Como podemos identificar os alimentos ultraprocessados?

O segredo para a gente identificar esse tipo de produto é ler a lista de ingredientes, um aspecto obrigatório no rótulo do alimento. Essa lista vem em ordem decrescente de quantidade, ou seja, o primeiro ingrediente que aparece está em maior quantidade e, por último, aparecem os aditivos alimentares, que normalmente são aqueles nomes esquisitos terminados em “anti”, “corante”, “aromatizante”, etc. Essa é uma dica para a gente conseguir identificar esse tipo de aditivo. Se tem aditivo alimentar, esse produto vai ser um ultraprocessado.

Outra dica é a lupa frontal. Essa rotulagem frontal foi aprovada pela Anvisa há poucos anos e indica altas quantidades de sódio, açúcar adicionado e gordura saturada. Isso nem sempre vai dizer se o alimento é ultraprocessado ou não, mas ajuda a escolher produtos de maneira mais saudável.

1718 entrevista lais amaral alimentos ultraprocessados como identificar 

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida 1718 - 26/08/2024 - Alimentos ultraprocessados: como identificar?

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Qual é a importância de evitar os alimentos ultraprocessados com as crianças, especialmente na fase da introdução de novos alimentos para os bebês e na primeira infância?

Além das doenças que já falamos anteriormente, no caso das crianças e bebês, temos ainda a questão da formação do paladar, da educação. Então, a criança está formando o paladar, está aprendendo a comer, aprendendo os sabores, as texturas e tudo mais. É super importante que essa criança não tenha contato com esse tipo de produto e se alimente de uma forma variada, de uma forma saudável a partir de alimentos naturais ou minimamente processados.

Lembrando que, pelos mesmos motivos, deve-se evitar o açúcar até os dois anos de idade, tanto por conta da saúde, quanto pela formação do paladar, dos hábitos alimentares.

Pode ser interessante aproveitar esse momento que se tem uma criança em casa para rever e melhorar a alimentação de toda a família.

 

Leia a entrevista na íntegra

1718 - 26/08/2024 - Alimentos ultraprocessados: como identificar?

Saiba mais

Guia Alimentar para a População Brasileira

Alimentação na infância: por que é tão importante?

Alimentação saudável: é preciso ter comida de verdade em casa

Pastoral da Criança - Planejamento alimentar

Pastoral da Criança - Dia Nacional de Prevenção da Obesidade

 

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“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”

Dra. Zilda

"É sempre a arte e a técnica de multiplicar o saber e a solidariedade com muito carinho, porque é isso que todos precisam".

Papa Francisco

“A alimentação é fundamental para a vida humana, de fato, participa da sua sacralidade e não pode ser tratada como qualquer mercadoria. Os alimentos são sinais concretos da bondade do Criador e frutos da terra."