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O sobrepeso e a obesidade infantil estão entre as maiores preocupações das autoridades de saúde de todo o planeta. De acordo com o relatório anual da Pastoral da Criança, em 2024, 4,2% das crianças acompanhadas eram obesas (dados preliminares). Dez anos antes, em 2014, eram 3,6%.
A Pastoral da Criança trabalha na prevenção da obesidade infantil a partir de ações como o Acompanhamento Nutricional e a orientação às famílias acompanhadas.
Na entrevista a seguir, a nutricionista da Pastoral da Criança Juliana Cantanhede mostra como as famílias podem agir para prevenir a obesidade através do cultivo de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, evitar alimentos ultraprocessados e restaurantes fast foods, estabelecer rotinas alimentares, praticar exercícios físicos e ter sono de qualidade.
No conteúdo disponível em “saiba mais”, disponibilizamos importantes informações complementares a esse assunto, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, a classificação de nutrientes de alimentos conforme suas cores e o passo a passo para fazer uma horta em casa.
Saiba mais
Obesidade infantil | Quais são os fatores de risco
Orientações gerais para uma alimentação saudável
Guia Alimentar para a População Brasileira
Alimentos: seus nutrientes e cores
Passo a passo para fazer uma horta em casa
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Juliana Pinheiro Cantanhede, Nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
ENTREVISTA COM: Juliana Pinheiro Cantanhede, Nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Juliana, quando começa a prevenção da obesidade infantil?
JULIANA:
Começa no período pré-gestacional, pois a obesidade pré-gestacional e o ganho de peso excessivo durante a gravidez estão associados com um risco aumentado da criança se tornar obesa. Por isso, é importante que a mãe tenha uma alimentação equilibrada e saudável antes e durante gravidez, evitando o ganho excessivo de peso e controlando condições como diabetes gestacional. É muito importante também reforçar a prática dos cuidados durante os 1000 dias, que vão desde a gestação (primeiros 9 meses) até os primeiros 2 anos de vida da criança. Os cuidados nesse período são a dieta equilibrada da mãe na gravidez, o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê e, a partir daí, a introdução de alimentos saudáveis, priorizando frutas, vegetais, proteínas, que são as carnes de um modo geral e outros alimentos nutritivos.
Juliana, como os pais podem ajudar suas crianças a adotarem hábitos alimentares saudáveis desde cedo?
JULIANA:
Os pais desempenham um papel crucial para ajudar as crianças a controlarem o peso. E elas aprendem pelo exemplo. Por isso, é importante que toda a família adote uma alimentação saudável. Se os pais consomem frutas, legumes e alimentos nutritivos, é mais provável que as crianças façam o mesmo. Por isso, fazer refeições em família, onde todos consomem os mesmos alimentos, reforça esses hábitos. E os pais sempre têm que ressaltar o lado positivo de uma alimentação saudável e não ceder à vontade das crianças, de trocar a refeição por um lanche, por exemplo. Além disso, é bem importante reforçar que os pais devem envolver sempre as crianças nas práticas alimentares, como na escolha dos alimentos no supermercado, em casa, preparar os alimentos junto com elas, é bem importante. É importante falar sobre as hortas alimentares, fazer esse estímulo também para que as crianças aprendam quais são os alimentos mais saudáveis. E isso cria um estímulo para elas.
Juliana, qual a importância de monitorar o estado nutricional da criança?
JULIANA:
O monitoramento adequado do estado nutricional tem como objetivo verificar se a criança está se desenvolvendo de forma saudável para sua faixa etária, permitindo a adoção de medidas preventivas para evitar complicações futuras. Vale ressaltar que essa prática é uma das ações da Pastoral da Criança, por meio do acompanhamento nutricional, que capacita equipes de paróquias ou comunidades para atuar na prevenção e combate à obesidade e à desnutrição infantil, em parceria com as famílias atendidas. Esse acompanhamento é realizado por meio da pesagem e medição da altura, o que permite avaliar as crianças através do cálculo do IMC.
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Maria Helena Barsanelli Sela, Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança do estado de São Paulo.
(TESTEMUNHO) Maria Helena Barsanelli Sela, Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança do estado de São Paulo.
Maria Helena, como vocês orientam as famílias sobre a importância de criar hábitos saudáveis na prevenção da obesidade infantil?
MARIA HELENA:
Tentar experimentar alimentos saudáveis, evitar abrir pacotinhos e procurar descascar mais alimentos. Pegar esses alimentos. Tem criança que não sabe o que é um chuchu, o que é uma abobrinha, o que é uma fruta, porque não vê, só vê saquinhos e coisas prontas, industrializadas. Então, o conselho é que os pais criem esse hábito de mostrar esses alimentos saudáveis para as crianças e fazê-las experimentar. E eles também consumirem, fazer uma hortinha caseira, mesmo que seja em um vasinho, mostrar para a criança aquela plantinha, aquela sementinha crescendo. Elas vão pegar o gosto de comer. A gente fala de alimentos de Deus, é aqueles que ele criou, são os naturais. Ele não criou a bolacha, Ele não criou o sorvete, Ele criou a batata, a cebola, todos esses alimentos. Então, é a família mesmo que tem que orientar e mostrar isso. Ela tem que se conscientizar.
Programa de rádio Viva a Vida 1744 – 24/02/2025 – Hábitos saudáveis para a prevenção da obesidade
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Leia a entrevista na íntegra
1744 – 24/02/2025 – Hábitos saudáveis para a prevenção da obesidade
2º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Fome zero e agricultura sustentável”
Erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável.
2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano
Dra. Zilda
“Os primeiros anos de vida são os principais para que a criança adquira valores culturais e se transforme em semente de paz”.
Papa Francisco
“Como Jesus ensinava, não são os alimentos em si que fazem mal, mas a relação que temos com eles”.