cpf 1 natal

Foto: Josne, tio e padrinho de Coralie, Ir. Janielle Nascimento da Silva (que atua na comunidade junto com a Ir. Adriana) e Yvena.

Enquanto milhares de pessoas se preocupam com o presente que o velhinho de barba branca e roupa vermelha traz, outras centenas aguardam pelo nascimento do verdadeiro dono da festa. Refugiados aguardam por um Natal em paz, em um lugar que possam chamar de lar; pessoas que estão no meio de áreas de conflitos esperam viver um Natal sem o medo de bombas e tiros; crianças esperam por um Natal sem fome. O verdadeiro Natal acontece quando a paz reina, a empatia cria seu espaço e a solidariedade acontece.

Foi assim dois mil anos atrás, quando um casal sem ter onde ficar, foi abrigado em uma estrebaria e lá teve seu filho. Também, em meio a dificuldades, a família recebeu a visita de Reis Magos que traziam presentes ao pequeno. Foi a mesma fé que os moveu com o bebê Jesus pelo deserto.

A fé de uma nova vida também trouxe, há três anos, o haitiano Gabriel ao Brasil, mais especificamente à Anápolis, Goiás. Um ano depois, a esposa Yvena chegou à mesma cidade. Um país novo, uma língua nova, a exploração do trabalho estrangeiro. Tudo isso foi enfrentado por Gabriel com fé de que a vida iria melhorar. E foi com essa mesma fé que o levou a buscar a ajuda do bispo local, ao saber que a esposa estava grávida. Gabriel sem emprego, Yvena sem poder trabalhar por conta de seu visto, com um português ainda frágil, e grávida. Os problemas não eram poucos. A religiosidade, trazida do Haiti, o fez ir até Dom João Wilk para saber como o casal poderia encarar essa nova surpresa dada pela vida.

Imediatamente, o bispo o encaminhou até a sala da Pastoral da Criança da Diocese de Anápolis. E foi ali que ele recebeu informações, as primeiras cartelas Laços de Amor e a promessa de que a gravidez seria acompanhada de perto. As primeiras orientações foram dadas pela Irmã Marinalva de Oliveira Carvalho, coordenadora da entidade na diocese. O acompanhamento da gravidez ficou por conta da Irmã Adriana Nunes Batista Costa, coordenadora e líder da Pastoral da Criança na Paróquia São Sebastião.

Dra. Zilda

“É Jesus que vem no Natal e não o Papai Noel. É importante ensinar isso às crianças para que elas cresçam sabendo o verdadeiro sentido do Natal”.

Papa Francisco

“A graça que se manifestou no mundo é Jesus, nascido da Virgem Maria, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Entrou na nossa história, partilhou o nosso caminho. Veio para nos libertar das trevas e nos dar a luz”.

O carinho – e o reconhecimento de que eles precisavam de ajuda – fez com que a solidariedade da comunidade falasse alto: todos se envolveram para tentar solucionar o que afligia aquela família. Gabriel conseguiu – com a ajuda dos paroquianos – um emprego em um supermercado local, para que pudesse dar melhores condições de vida para sua esposa e filha que estava para chegar; e Yvena passou a ser acompanhada mais de perto pela líder, para uma melhor gestação. “Visitava ela três vezes na semana, até o sétimo mês”, conta Irmã Adriana.

Quando a menina nasceu, em fevereiro de 2015, recebeu o nome de Coralie, que significa “amiga de todos”. O pequeno bebê, logo ao nascer, fortaleceu ainda mais o laço de amizade dos pais com as religiosas. Irmã Adriana conta que, ao visitar a pequena, foi surpreendida com o convite para ser madrinha do bebê. “Eu perguntei: por que eu? E eles responderam que foi porque eu ajudei nos momentos que eles mais precisavam”, recorda.

Para ela, além de ganhar uma nova afilhada, poder contribuir com seu trabalho na Pastoral da Criança, para dar vida plena a tantas crianças, é uma grande alegria. “Conseguimos despertar essa confiança em outras pessoas. Estamos com quatro haitianas sendo acompanhadas. Com a Pastoral da Criança, elas conseguem ter novos horizontes”, afirma.