A mortalidade materna ainda é uma grande preocupação no Brasil. Segundo o Painel de monitoramento da mortalidade materna, do governo federal, dados preliminares de 2021 apontam mais de 92.600 mortes maternas, número 28% maior em relação a 2020 (71.879 mortes).
A pandemia da Covid-19 teve grande impacto neste aumento, apontando gestantes como grupo bastante vulnerável a essa doença. Em 2019, ano anterior à pandemia, o painel aponta que houve 62.683 mortes maternas naquele ano.
A maioria destas mortes maternas poderiam ter sido evitadas e, portanto, estratégias que garantam, principalmente, o acesso e o atendimento de qualidade durante a gestação, parto e pós-parto devem ser prioridade para a redução deste grande problema de saúde pública do país.
Saiba mais sobre este tema na entrevista com Caroline Dalabona, nutricionista da equipe técnica da Pastoral da Criança.
ENTREVISTA COM: Caroline Dalabona, nutricionista da equipe técnica da Pastoral da Criança
O que é considerado morte materna?
A morte materna é aquela que ocorre durante o período da gestação, o parto e até quarenta e dois dias depois do parto, que é o período do puerpério.
Quais são as principais causas da morte materna?
Segundo a Organização Panamericana de Saúde, vinculada à Organização Mundial da Saúde, as principais complicações que representam cerca de 75% de todas as mortes maternas no mundo são: hipertensão, isso inclui a questão da eclampsia e pré-eclâmpsia, que é uma condição bastante grave que pode levar a gestante à morte realmente; hemorragias graves, especialmente após o parto, quando não tem um parto muito bem assistido; infecções, normalmente depois do parto; complicações durante o parto e abortos inseguros.
Programa de rádio Viva a Vida 1600 - 23/05/2022 - Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Quais são as maiores dificuldades para a redução da mortalidade materna?
A falta do pré-natal quando a gestante não consegue fazer um pré-natal adequadamente, ou faz um pré-natal incompleto; a dificuldade no acesso ao serviço de saúde; a questão de ter acesso a exames, a questão de ter acesso a suplementos. Muitas vezes, a demora da gestante em buscar ajuda, às vezes, por dificuldades, por estar longe do local. Então, tudo isso vai dificultando a redução e proporcionando mais mortes.
Quais são os efeitos diretos e indiretos da Covid-19 no aumento da mortalidade materna?
Até onde eu sei, a gente não tem estatísticas ainda que confirmem isso, mas a possibilidade de ter aumentado é muito grande no último ano, porque o que a gente sabe é que o atendimento pré-natal ele foi bastante dificultado pela situação da pandemia. Em muitos postos de saúde, em muitos municípios, tanto aqui no Brasil como no mundo, os profissionais de saúde foram realocados para cuidar apenas de pacientes com Covid-19. E isso fez com que muitas gestantes, e não só gestantes e outras pessoas, não conseguissem atendimento de qualidade. Não conseguissem nem atendimento, na verdade. E indiretamente, o que a gente percebe é que, além da gestante ter medo de ir ao serviço de saúde devido à doença, muitas deixaram de fazer o acompanhamento por medo de estarem expostas. Tem toda uma questão do desemprego, da falta de alimento, da situação social da gestante. Então, isso tudo, com certeza, piorou ainda mais uma situação que já era bastante grave.
Leia a entrevista na íntegra: 1600 - 23/05/2022 - Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.”
Meta 3.1 - Brasil
Até 2030, reduzir a razão de mortalidade materna para no máximo 30 mortes por 100.000 nascidos vivos.
Dra. Zilda
“Uma sociedade sem mães seria uma sociedade inumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a entrega, a força moral”
Papa Francisco
“Não podemos esquecer também das políticas públicas, de lutar pela melhoria da qualidade de vida de nossas famílias, melhor assistência pré-natal, ao parto e melhores escolas“.