1681 entrevista luana carla de albuquerque amorim mauricio disturbios do processamento auditivo central

 Acervo da Pastoral da Criança

Você já ouviu falar em DPAC? Sabe aquela criança desatenta, que você chama, chama e ela não olha, ou demora para olhar? Pode ser Distúrbio do Processamento Auditivo Central, um transtorno que afeta a capacidade do cérebro de processar e interpretar as informações sonoras. A pessoa com DPAC é capaz de ouvir sons normalmente, mas tem dificuldade em compreender o que está sendo dito.

A audição implica no desenvolvimento de cinco habilidades principais: a detectação do som, localização, discriminação, o reconhecimento e a compreensão do som. No entanto, a evolução da aquisição dessas habilidades está diretamente relacionada ao desenvolvimento neuropsicomotor da criança desde o nascimento, no qual a partir de estímulos, a criança adquire determinados aprendizados como engatinhar, ficar em pé, andar, falar, interagir, entre outros.

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Luana Carla de Albuquerque Amorim Mauricio, fonoaudióloga de Arapiraca/Alagoas.

ENTREVISTA COM: Luana Carla de Albuquerque Amorim Mauricio, fonoaudióloga de Arapiraca/Alagoas.

O que é o Distúrbio do Processamento Auditivo Central - DPAC?

A criança quando nasce, ainda na maternidade, ela realiza o exame de triagem auditiva neonatal, que é chamado popularmente de teste da orelhinha. Esse exame, que são as emissões otoacústicas ele avalia a audição do bebê apenas em nível periférico, ou seja, avalia se a criança consegue detectar o som, porém, não avalia as habilidades subsequentes citadas anteriormente como aquelas de localização sonora, discriminação, reconhecimento e compreensão do som. Nesse sentido, existem crianças que passam nessa triagem quando são recém-nascidas, mas não conseguem adquirir a fala no tempo esperado. Muitas vezes, porque apesar de conseguir perceber o som, mesmo que de fraca intensidade, que é aquele som bem baixinho, elas não conseguem interpretar esse som. Ou seja, elas escutam, mas não percebem as características do som. E isso se dá quando há uma falha no processamento do som. Essa falha acontece em nível de sistema nervoso central. E quando acontece isso, nós chamamos de distúrbio do processamento auditivo central ou transtorno do processamento auditivo central.

Quais são as manifestações no comportamento de uma criança com distúrbio do processamento auditivo central? A que os pais precisam ficar atentos? Quais são os sintomas desse transtorno, as características?

Crianças com DPAC, que é a sigla para Distúrbio do Processamento Auditivo Central, elas apresentam características comportamentais, como: elas percebem o som por mais baixinho que seja, mas não respondem adequadamente a uma solicitação simples como: “Dá tchau!”, “Vem cá!”, “Aponte pro papai!”, “Vá buscar meu sapato!”. Então, são solicitações simples, que a criança não consegue compreender aquela solicitação e atender ao comando. Elas são mais desatentas e elas respondem de forma atípica aos estímulos sonoros. Ou seja, às vezes, a criança sorri para sons de forte intensidade e apresenta choro e incômodo para sons de fraca intensidade do cotidiano como, por exemplo, o espirro. Então, são respostas aos sons que diferem do que a gente normalmente espera que as crianças normalmente se comportem diante daquele estímulo. Elas, geralmente, apresentam atraso na aquisição de linguagem e de fala e na idade escolar elas apresentam troca de letras, que são os fonemas na fala e os grafemas na escrita. E elas são desatentas, como já falado anteriormente, têm dificuldades escolares diversas. Muitas vezes recebem estigmas de que são crianças mal comportadas, de que são preguiçosas e elas apresentam melhor desempenho escolar quando estão em ambientes mais silenciosos, sem ruído competitivo de fundo.

Como é feito o diagnóstico do distúrbio do processamento auditivo central? Existe cura para o distúrbio? Qual é o tratamento?

O diagnóstico desse transtorno é realizado com exames audiológicos específicos que avaliam as diferentes habilidades auditivas com testes específicos, realizados por um fonoaudiólogo, em crianças de 7 anos ou mais. Esse tipo de distúrbio não tem cura, porém tem tratamentos, com resultados muito bons, inclusive. E esses resultados são decorrentes da neuroplasticidade, que é a capacidade de áreas do cérebro íntegras assumirem a função de áreas adjacentes que se encontram lesadas, fazendo com que a criança consiga um desempenho melhor nas atividades escolares e na vida social. Principalmente, quando esta intervenção é realizada o mais cedo possível e com uma equipe multidisciplinar sendo composta por fonoaudiólogo, psicopedagogo, neuropsicólogo e que essas ações sejam em conjunto com a equipe com os estímulos adequados também dos professores e das famílias das crianças.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida 1681 - 11/12/2023 - Distúrbio do processamento auditivo central

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Como a família e a escola podem colaborar para reduzir as dificuldades de quem apresenta o distúrbio do processamento auditivo central?

De uma forma geral, os pais e educadores podem utilizar-se de algumas estratégias para minimizar as dificuldades apresentadas por essas crianças que apresentam o distúrbio do processamento auditivo central. São elas: falar perto e manter o contato visual com a criança certificando-se que ela está detendo a atenção no falante; utilizar frases curtas e objetivas com palavras-chaves; no ambiente de casa, diminuir o ruído competitivo de fundo como desligar a televisão, o rádio ou outros equipamentos de fonte sonora; no ambiente da sala de aula, sentar longe da porta e da janela, assim como, longe de ventiladores; utilizar postas e estímulos visuais auxiliares aos comandos verbais; dar um tempo um pouco maior para as respostas diante de questionamentos orais; falar em uma velocidade um pouco mais lenta e articulando bem as palavras, entre outras estratégias.

 

Leia a entrevista na íntegra

1681 - 11/12/2023 - Distúrbio do processamento auditivo central (.PDF)  

 

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“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.

A Pastoral da Criança orienta e conscientiza as famílias para que fiquem atentos com suas crianças e observem se elas apresentam esse distúrbio. Por isso, não deixe de conversar com os líderes da Pastoral da Criança e saiba mais sobre DPAC e como ajudar a prevenir esse distúrbio.

 

Dra. Zilda

“Que Deus abençoe a cada um que se dedica a garantir a qualidade de vida para todos”.

Papa Francisco

“As crianças são um sinal. Sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de 'diagnóstico' para compreender o estado de saúde de uma família, de uma sociedade, do mundo inteiro.”