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Foto: Acervo da Pastoral da Criança

Diferenças no funcionamento do organismo é como chamamos na Pastoral da Criança algum tipo de diferença ou limitação de funções físicas, sensoriais ou intelectuais; sendo classificadas em dois tipos, as que já nascem com o bebê e as que são adquiridas com o tempo. Há algum tempo atrás crianças e adultos com diferenças no funcionamento de seu organismo eram mantidas isoladas da sociedade. Felizmente, e graças às leis e ao processo de inclusão, isso tem mudado. A criança que apresenta diferenças no funcionamento de seu organismo, geralmente, precisa de atendimento especializado para que possa aprender e a desenvolver as potencialidades. No seu acompanhamento às famílias, você, líder, pode encontrar também crianças com diferenças no funcionamento de seu organismo. É importante não esquecer que elas são crianças com as mesmas necessidades que toda criança tem: amor, comunicar-se, brincar, aprender. Por isso, as pessoas que cuidam delas precisam encontrar maneiras diferentes de responder às necessidades dessas crianças. Juntos podemos ajudar a encontrar na comunidade pessoas que possam orientar as famílias e, se for preciso, até mesmo prestar atendimento especializado. Quanto mais cedo isso for feito, melhor será para essa criança. Mas o melhor atendimento não substitui o amor e o acolhimento da família. Para nos falar mais sobre este assunto, convidamos Elizabeth Tunes, doutora em Psicologia, professora e pesquisadora do Centro Universitário da Universidade de Brasília, Distrito Federal.

O que significa lutar continuamente, sem tréguas, para que crianças com funcionamento atípico, diferente, tenham vida em abundância?

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida 1567 - 04/10/2021 - Criança com diferença no funcionamento de seu organismo

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Antes de tudo, é importante dizer que não devemos enxergar a deficiência na criança, vê-la como deficiente ou anormal. Ela é apenas e somente diferente do tipo de criança mais comum. Por exemplo, tratar uma criança como deficiente visual significa reduzi-la a uma única característica, isto é, ela torna-se diminuída diante das demais crianças, porque é tratada como destituída de uma característica, isto é, a visão. Nós não fazemos isto com as pessoas que enxergam. Na verdade, quando reduzimos uma pessoa a uma característica e, no caso, a uma característica que está ausente, estamos ferindo princípios éticos por não considerá-la em sua integralidade.
Os seres humanos são todos diferentes uns dos outros, tanto biologicamente quanto psicologicamente. As diferenças que existem entre cada um de nós não são características negativas, não são deficiências, são apenas diferenças e nada mais do que isso. Se uma criança não desenvolve a capacidade de ler ou de se locomover por não enxergar, isso não quer dizer que ela seja deficiente ou anormal. Na verdade, a deficiência é muito mais nossa, educadores videntes, que ainda não conseguimos desenvolver os recursos que permitem a ela realizar o que todos realizamos. Diferença não é deficiência e é por isso que a Pastoral da Criança adotou a expressão “criança com diferença no funcionamento de seu organismo”.

Existem pessoas que dizem que “a inclusão é um privilégio de conviver com as diferenças”. O que a senhora acha disso?

Peço licença para dizer que tenho uma ideia diferente a esse respeito. Primeiramente, entendo que nós não convivemos com as diferenças, convivemos com pessoas que são diferentes entre si. Além disso, não entendo que a inclusão social de pessoas seja um privilégio. Na verdade, ela é um dever. Cada um de nós pode decidir por incluir cada pessoa que nos cerca em nossas relações de convivência. Ou seja, temos o poder de incluir, ou melhor, de não excluir.

caroline dalabona

Elizabeth Tunes

O que é incluir?

Incluir as crianças é responsabilizar-se por elas, amando-as para que todas tenham vida e a tenham em abundância como proclamou Jesus.

Quais são as principais barreiras que, hoje em dia, dificultam a inclusão das crianças com diferença no funcionamento de seu organismo?

A principal barreira para a inclusão, especialmente para as crianças com funcionamento atípico, é a falta de amor e de responsabilidade para com elas, pelo nosso descaso com sua educação, pelo seu abandono, pela nossa despreocupação e desresponsabilização em relação ao ambiente que a cerca, pela nossa negligência em relação a locomoção daquelas crianças que apresentam diferenças em sua estrutura física e sensorial, pela nossa desatenção com as suas condições de transporte, de comunicação.
Enfim, pelas condições gerais e específicas que lhes permitem desenvolver- se em abundância. Todos que verdadeiramente amam essas crianças e se responsabilizam por elas sabem que é preciso lutar continuamente, sem trégua, para que elas tenham vida em abundância. É assim que cumprimos com o nosso dever. É assim que cumprimos com que prescreve o mandamento divino.

 Quando uma família tem uma criança com diferença no funcionamento de seu organismo, o que deve fazer? E que orientações os líderes da Pastoral da Criança podem dar para essa família?

 Os líderes da Pastoral da Criança devem ser mensageiros da Boa Nova para as famílias que têm crianças com diferença no funcionamento de seu organismo. Elas são apenas diferentes, mas não são deficientes. Os líderes devem incentivar as famílias a buscarem ajuda e apoio para descobrirem junto com sua criança as formas alternativas que ela pode desenvolver para realizar as principais atividades que todos nós realizamos, ainda que de um modo diferente, de um modo novo, de um modo criativo.
Essa é a grande missão dos líderes da Pastoral da Criança e essa é a grande missão das famílias que têm essas crianças em casa. A missão é a mesma. Os líderes dão força à família. A família dá força a sua criança. A missão é transmitir a força para que todas as crianças tenham vida em abundância e desenvolvam-se em abundância.

 

Leia a entrevista na íntegra: 1567 - Crianças com diferença no funcionamento de seu organismo (.PDF) 

 

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“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”

A Pastoral da Criança tem como missão levar vida em abundância para todas as crianças, inclusive crianças com diferenças no funcionamento de seu organismo. Para prevenir essas diferenças, nossos líderes são treinados para levar informações de uma gestação saudável para mulheres e também informações sobre como desenvolver a criança que nasceu com alguma dessas diferenças em seu organismo.

Dra. Zilda

“As crianças são prioridade absoluta, como garante o Estatuto da Criança e do Adolescente, e merecem carinho, atenção e respeito”

Papa Francisco

"As crianças são amadas antes de ter feito algo para o merecer, antes de saber falar ou pensar, até antes de vir ao mundo