Foto: Acervo da Pastoral da Criança
"É preciso cultivar um coração que se sensibiliza com as fragilidades do outro, que não põe limites em se doar para fazer o bem e que saiba perdoar sempre.”
Papa Francisco
Em tempos difíceis é preciso ter um olhar atento às mudanças repentinas de comportamento da criança. Cuidar da saúde emocional nos primeiros anos de vida é fundamental e nos permite observar como a criança está aprendendo e se desenvolvendo. Os pais e adultos responsáveis devem ficar atentos e reconhecer diferentes emoções e sentimentos que a criança está experimentando na suas etapas de desenvolvimento, por isso, ela precisa de auxílio e presença para aprender a lidar com todas as emoções diárias.
A longo prazo, os pais poderão perceber que a criança vai ter mais empatia pelas outras pessoas e vai conseguir gerenciar melhor os sentimentos de afeto e, ainda, superar as decepções, o medo e a raiva. Há muitos impactos na saúde emocional das crianças, pois é na primeira infância que a criança forma sua estrutura mental e constrói as sinapses, conexões entre neurônios, por onde circulam os impulsos nervosos, responsáveis por manter memórias e consolidar hábitos.
Se a criança convive num ambiente de briga, de pessoas impacientes, sem diálogo e sem amor, podem ocorrer situações adversas e acontecer a produção de cortisol, um hormônio que prejudica as conexões entre neurônios. Essa situação desfavorável prejudica a saúde emocional e causa desequilíbrio no desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos de vida e até altera o sistema neurológico. Por isso, os cuidados com a saúde emocional dos bebês e das crianças são tão importantes. O mais indicado para que possamos atender a saúde emocional das crianças são as oportunidades positivas de estímulos e atenção, que vem amparados pela diversidade das brincadeiras, pela participação nas atividades recreativas e esportivas, e pelos momentos de interação afetiva, escuta e conversa com a criança.
Atenção, conversar, escutar, sentar no chão e brincar com a criança é um excelente momento para exercitar a empatia e tentar entender as diferentes reações da criança. Vemos claramente que o estresse emocional que atinge as crianças pode estar associado às consequências do isolamento social, por conta do tempo de pandemia, o que ocasionou uma forte mudança nos hábitos e rotinas familiares, além dos medos e inseguranças que todos nós experimentamos neste tempo.
Neste sentido, percebemos o quanto é importante dar atenção às crianças. Elas precisam muito do apoio dos pais ou adultos responsáveis para cuidar, brincar e incentivar atitudes de partilha e solidariedade na promoção da vida e da alegria de viver.
Os impactos da saúde emocional passam pelo acolhimento desde o ventre materno. Cuidar de uma criança pressupõe uma rede coletiva, com apoio integral e com abordagens humanizadas pautadas pela atenção e pela escuta. Ou seja, para que essa geração possa se tornar adultos saudáveis, a responsabilidade deve ser partilhada entre família, comunidade e toda a sociedade.
A carta do Papa Francisco Fratelli Tutti lembra a cada um de nós que devemos “trabalhar juntos para superar divisões, promover a paz e a comunhão entre todos os povos." Essa visão de fraternidade favorece a saúde emocional para todas as crianças.
Ir. Veroni Teresinha de Medeiros
Área técnica de desenvolvimento Infantil.