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Os direitos da gestante são o tema desta semana da Pastoral da Criança. E uma dificuldade cada vez mais comum enfrentada pelos líderes voluntários é como orientar as gestantes com sinais de depressão. Os sintomas do transtorno depressivo atingem uma em cada quatro mulheres durante a gravidez. E estudos mostram que mulheres com sintomas depressivos tendem a ter filhos prematuros.

Vamos aprender agora a identificar esses sintomas, a orientar as famílias e também quais são os direitos das gestantes.

Prevenção

Alguns fatores colaboram para evitar a depressão não somente durante a gravidez, mas em qualquer situação. A psicóloga Heloísa Baggio, da equipe técnica da Pastoral da Criança, explica que o cuidado com a saúde mental e consigo mesmo deve ser uma prioridade. Heloísa listou alguns hábitos saudáveis que podem ajudar a evitar a depressão. Veja só:

  • Respeitar seus limites
  • Ter momentos de qualidade
  • Realizar atividades que trazem alegria
  • Ter bons hábitos com relação à saúde, alimentação e corpo
  • Ter uma rede de apoio com quem possa contar (não necessariamente a família, mas pessoas que a façam bem)
  • Não consumir álcool e drogas
  • Se possível, realizar psicoterapia para ter ferramentas para enfrentar as adversidades do processo.

Fatores que podem colaborar para a depressão durante a gestação:

Por outro lado, alguns fatores podem colaborar com o aparecimento dos sintomas depressivos na mulher durante a gravidez. São eles:

  • Histórico de depressão ou outros transtornos na família
  • Já ter apresentado depressão em outro estágio da vida
  • Baixo apoio familiar e social
  • Gravidez não planejada ou indesejada
  • Gravidez na adolescência
  • Gestação advinda de estupro
  • Violência doméstica
  • Questões socioeconômicas
  • Desemprego
  • Abortos espontâneos ou provocados anteriormente.

Sintomas de depressão

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtorno Mentais (DSM-V), os transtornos depressivos possuem algumas características, entre elas: 

  • Humor triste e irritável
  • Falta de energia
  • Sentimento de inutilidade
  • Alterações no sono e apetite
  • Falta de interesse nas atividades diárias
  • Alterações cognitivas (perda da capacidade de realizar atividades do cotidiano)
  • Alterações somáticas (sintomas físicos), que afetam consideravelmente a capacidade funcional.

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Como o líder da Pastoral da Criança e os familiares podem ajudar no tratamento

A psicóloga Heloisa Baggio, da equipe técnica da Pastoral da Criança, explica que, ao se deparar com uma gestante com sintomas depressivos, é importante escutá-la com atenção, para que essa mulher consiga encontrar conforto e compreensão. “A depressão é algo sério e precisa ser tratada com a seriedade que pede. As palavras têm o poder de curar, mas também de machucar ainda mais. Diante disso, após realizar esse primeiro acolhimento através da escuta, é importante encaminhar essa mulher para um profissional qualificado”, explica.

O tratamento da depressão é disponibilizado de forma gratuita e integral por meio do Sistema único de Saúde (SUS). Esse tratamento envolve o acompanhamento com um psiquiatra - o qual é capacitado para fazer um diagnóstico clínico - e, em alguns casos, uso de medicação. “O medicamento vai atuar fisiologicamente, ajudando a combater os sintomas apresentados. A psicoterapia vai auxiliar na compreensão e na assimilação. Dessa forma, um precisa andar junto com o outro”, comenta a psicóloga.

Segundo o ministério da Saúde, os profissionais do SUS podem solicitar suporte especializado do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), das demais equipes de saúde mental do município, ou ainda encaminhando a paciente aos serviços de referência em saúde mental do município ou região, como os Caps. Em quadros mais graves, o encaminhamento deve ser feito diretamente à internação.

Outro ponto destacado pela psicóloga é o envolvimento da família e redes de apoio. "Nesse momento, a rede de apoio deve dar toda a assistência necessária para que o tratamento tenha continuidade e atinja a eficácia esperada. "Assim, com o apoio dos profissionais de saúde, da família, dos amigos e da Pastoral da Criança, a luta contra a depressão poderá ser menos solitária, facilitando a recuperação da gestante e contribuindo para seu bem-estar como mãe".", conclui Heloísa. 

Saiba mais

Quais são os direitos da gestante