Foto: Freepik
Cada vez mais crianças chegam ao serviço de saúde depois de um longo período de febre e mal-estar, no limite de tempo para iniciar um tratamento que possa salvar sua vida. Em muitos municípios, por não receberem uma orientação completa na Unidade Básica de Saúde, os responsáveis pela criança, quando recebem o medicamento, só oferecem a primeira dose quando chegam em casa. Em outras situações, precisam buscar os remédios em uma Unidade Central de Medicamentos, desperdiçando horas de tratamento, que podem significar uma internação hospitalar evitável e até mesmo levar à morte da criança.
Por isso, a Pastoral da Criança possui uma campanha, desde 2011, chamada: “Antibiótico: Primeira Dose Imediata”. Para saber mais sobre esses medicamentos, veja a entrevista com Regina Reinaldin, enfermeira que trabalha na Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Programa de rádio Viva a Vida
1392 - Antibiótico: primeira dose imediata - 04/06/2018
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Sul
Norte
Regina, como a “Campanha Antibiótico primeira dose imediata” pode ajudar a prevenir as mortes por infecções respiratórias?
Essa campanha alerta para que, no serviço de saúde, tenha o antibiótico disponível para poder administrar a primeira dose imediata do antibiótico para a criança logo após a consulta, quando indicado pelo médico. A Campanha faz com que o pessoal do serviço de saúde explique melhor para as mães sobre o preparo do antibiótico e sobre o modo correto do tratamento,. Também conscientiza a população de que a criança tem direito a receber a primeira dose do antibiótico ainda no posto de saúde, para impedir que a doença avance, para que fique boa logo.
Na campanha do antibiótico primeira dose imediata é muito importante que a unidade básica de saúde forneça a primeira dose do antibiótico no posto imediatamente em caso de suspeita de pneumonia. E a participação da família, Regina, é fundamental? O que a família deve fazer?
Prestar atenção aos sinais de alerta na criança, tais como febre, mal-estar, tosse, dor torácica, catarro, dor de ouvido, dor abdominal e ruídos ao respirar. Se tiver esses sintomas, deve levar ao médico o mais rápido possível, continuar amamentando, dar os medicamentos na dose, nos horários, e pelo tempo recomendado pelo médico, e voltar ao serviço de saúde no dia marcado, ou a qualquer momento se a criança não apresentar melhora, ou piorar.
Quais são os maiores erros que a família comete com o uso do antibiótico?
O primeiro erro é os pais ou responsáveis guardarem o resto de antibióticos e depois dar um remédio vencido para a criança, por isso sempre é aconselhável descartar o medicamento, caso sobre. Outro erro é dar para a criança um remédio que foi receitado para outra criança. Pode acontecer de, algumas vezes, a família não saber preparar o remédio e, por isso, retardar o tratamento. Outro erro é interromper o tratamento antes do tempo, principalmente se a criança apresenta melhora antes de acabar o remédio. Em todos os casos, o ideal é pedir orientação ao serviço de saúde.
Regina, como evitar o uso excessivo de antibióticos?
Regina Reinaldin - Enfermeira da Pastoral da Criança
Muitas famílias, em qualquer quadro respiratório, mesmo um leve espirro ou um nariz escorrendo, já querem que a criança tome antibiótico, mas nem todos os casos é indicado. Se a criança tomar antibiótico para qualquer coisa, quando precisar de fato, no caso de uma doença mais grave, o antibiótico pode não trazer o efeito esperado.
Cada um faz a sua parte!
Cada pessoa tem um papel essencial para fortalecer a campanha “Antibiótico: primeira dose imediata”.
Médicos
Médicos e profissionais de enfermagem devem garantir que a primeira dose de antibiótico seja dada ainda no posto de saúde. E instruir os pais a darem todas as doses corretamente em casa.
Para saber se os responsáveis entenderam o tratamento e como realizá-lo, o profissional de saúde pode pedir que seja repetido tudo o que foi dito anteriormente. Ao utilizar copinhos ou seringas dosadoras, ele pode solicitar que seja apontado até que ponto deve ser a dose indicada.
Líderes
A maior parte dos óbitos podem ser prevenidos por meio do acesso a informações sobre a gravidade da doença, ações preventivas, programas de imunização e conhecimento sobre direitos. Nesta campanha, os líderes da Pastoral da Criança podem ajudar conversando com as famílias e com o serviço de saúde, para que juntos salvem vidas.
Nas cidades que contam com articuladores de saúde da Pastoral da Criança, os líderes também podem procurá-los para conversar sobre a situação e descobrir a melhor maneira de dialogar com o serviço de saúde.
Articuladores de saúde
Com o objetivo de garantir que os direitos da população sejam cumpridos, os articuladores de saúde da Pastoral da Criança visitam as Unidades de Saúde e coletam dados sobre o atendimento oferecido. Entre eles: se tem medicamentos disponíveis e se a primeira dose do antibiótico é dada.
Quando há algum problema, esses voluntários ajudam no contato com as instâncias responsáveis, nos próprios postos, na Secretaria de Saúde e no Conselho de Saúde. Além disso, divulgam a campanha nestes espaços.
Famílias
Quando a criança não se sente bem ou apresenta sintomas de alguma doença, os responsáveis precisam buscar o serviço de saúde, dar os medicamentos na dose, nos horários e pelo tempo recomendado pelo médico e voltar ao serviço de saúde no dia marcando ou a qualquer momento, se a criança piorar ou não apresentar melhora.
Durante a Visita Domiciliar com o líder da Pastoral da Criança, a família pode se informar sobre as principais doenças, vacinas e quais são os seus direitos.
Vale lembrar que a criança não deve ir médico somente quando está doente (consultas de emergência). Pelo contrário, criar o hábito e uma rotina de consultas periódicas com o pediatra é uma ação preventiva, uma vez que o profissional da saúde acompanhará o desenvolvimento da criança e garante, que em casos de enfermidade, o diagnóstico seja precoce.
Este texto foi publicado na oitava edição da Revista Pastoral da Criança.
Leia a entrevista na íntegra: 1392 - Entrevista com Regina Reinaldin - Antibiótico: primeira dose imediata (.PDF)