Dra. Marina, em consulta com uma criança acompanhada, conta com a presença e ajuda dos líderes para saber sobre o desenvolvimento das crianças
As crianças pobres que moram na região do Vale do Jequitinhonha, durante muito tempo, tiveram que conviver com a realidade de conhecer um pediatra do serviço público apenas em caso de extrema necessidade. Isso acontecia porque apenas um profissional em Almenara (MG) tinha que atender as crianças dos municípios da região. No total, a Diocese de Almenara é composta por 17 municípios. Mas essa realidade vem mudando aos poucos, especialmente no último ano, com uma ação da Pastoral da Criança em parceria com outras entidades e voluntários. Desde maio de 2015, o projeto Maternidade ganhou uma participação especial: da médica pediatra Marina Moreira, o que tem feito muita diferença para as crianças da região.
Laços de Amor
A partir do segundo semestre, os líderes entregarão para as mães cartelas Laços de Amor com informações atualizadas. A novidade no material fica por conta do acréscimo de informações sobre os benefícios do aleitamento materno para a mãe e para o bebê. Os dados vêm dos novos estudos, em especial os feitos pelo médico epidemiologista Cesar Victora, parceiro da Pastoral da Criança. Entre as recentes descobertas, está a relação entre o aumento da inteligência e o tempo de aleitamento materno. Acesse aqui e veja as novidades da cartela dos 1000 dias.
O projeto Maternidade envolve as ações da Pastoral da Criança e atividades extras, promovidas com o apoio de entidades como Rotary, faculdades locais, SESC, unidades de saúde e hospitais, além de outros voluntários. Em maio de 2015, com o lançamento da campanha da Pastoral da Criança com a Rede Globo, “Toda gestação dura 1000 dias”, a equipe local viu que era uma chance de ampliar a ação. “Nós queríamos aumentar o número de gestantes acompanhadas pela Pastoral da Criança e o cuidado da criança após o nascimento”, explica o coordenador da entidade na diocese de Almenara, Dionísio Pereira Franco Filho.
A iniciativa deu certo. No período de um ano da ação, o número de crianças acompanhadas e de gestantes aumentou. Apenas em uma comunidade de Barreiras, houve um crescimento de quase 40% no número de crianças acompanhadas, que passaram de 77 (maio de 2015) para 108 (maio de 2016). No mesmo período, o número de gestantes acompanhada no município também aumentou, passando de 5 para 11. As gestantes participam de um ciclo de palestras e são cadastradas para serem acompanhadas pela Pastoral da Criança. O acompanhamento da saúde das crianças por um profissional especializado também foi um passo importante para efetivar o planejamento que a equipe havia feito. E o “sim” da pediatra foi essencial para isso.
A participação dos pais nas consultas tem chamado a atenção dos líderes
Atenção integral
Em um ano, oito municípios receberam as visitas da médica. Todos os meses, são selecionadas entre 16 e 20 crianças de cada município para realizar a consulta. A escolha tem a ver com a situação de cada criança. “Têm algumas que têm doença crônica, há quem tenha sarna, esteja com as vacinas atrasadas, desnutridas e também têm aquelas que nunca passaram por uma consulta com um pediatra”, relata o coordenador. O acompanhamento das demais crianças – aquelas que têm um desenvolvimento esperado – é realizado pelo serviço de saúde local.
Dra. Zilda
“Estava refletindo sobre o que seria uma comunidade feliz e cheguei à conclusão que seria aquela em que todos fossem saudáveis e bem educados desde pequenos, verdadeiros cidadãos, onde fosse natural para todos cumprir as obrigações e ter seus direitos garantidos”.
Papa Francisco
“Nunca resolveremos os problemas do mundo sem uma solução dos problemas dos pobres”.
Mas o trabalho da médica não acaba com a consulta, que chega a durar até 40 minutos. “Como a região é escassa do profissional pediatra, a médica examina toda a criança, olha o cartão de vacina, conversa sobre a alimentação e passa as orientações para os pais, passo a passo”, explica Dionísio. Um líder fica junto durante toda a consulta para saber as orientações dadas pela médica e depois poder acompanhar se as famílias estão colocando em prática. Os líderes também são responsáveis por passar as informações à Dra. Marina sobre a situação de cada criança nos meses seguintes.
Para o coordenador, além do trabalho dos voluntários em cada município, a divulgação da campanha “Toda gestação dura 1000 dias” nos meios de comunicação, como a propaganda na Rede Globo, foi importante para que as famílias passassem a perceber a importância deste período. Segundo ele, há uma diferença marcante em abordar e esclarecer para os pais a relevância desse cuidado e as doenças associadas ao não aleitamento materno, pré-natal, e como prevenir doenças através de uma alimentação adequada e do cuidado. “A campanha trouxe respostas para as mães que viam seus filhos com doenças que ninguém tinha na família”, relata Dionísio.
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
Entre os 17 objetivos que deverão ser atingidos pelos países membros da ONU nos próximos anos está aquele que busca saúde de qualidade para os povos, em especial para as gestantes e crianças. Uma das metas é “acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos”, além de “atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos”, entre outras ações.