A anemia parece ser tão comum entre crianças e gestantes que as pessoas quase não se preocupam ou não dão a devida importância para ela. Isso é um grande equívoco. A anemia pode trazer sérios riscos para a saúde e é atualmente considerada um grave problema de saúde pública. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 25% da população mundial tem anemia, sendo maior a prevalência em gestantes (41,8%) e crianças menores de 60 meses (47,4%). Dada a importância da doença no mundo, diversos países conduzem intervenções para reduzir a anemia, particularmente nos grupos mais propensos, que incluem as mulheres grávidas e as crianças na primeira infância (OMS, 2001, 2008).
Como a Pastoral da Criança faz:
Multimistura não cura anemia
A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) de base populacional, realizada pelo Ministério da Saúde em 2009, encontrou 20,9% de prevalência de anemia em menores de 5 anos, sendo maior (24,1%) em crianças de 6 a 23 meses. Já outro estudo realizado no Brasil, em 2010, por Vieira e Ferreira, verificou uma prevalência maior, variando de 35 a 68,8% nesta faixa etária. A maior prevalência encontrada foi em crianças de até 24 meses de idade e isto pode ser explicado pela alta necessidade de ferro para suprir a demanda durante a fase de maior velocidade de crescimento; pelo baixo consumo de alimentos com fontes de ferro; e pelo alto consumo de alimentos que dificultam a absorção do ferro pelo organismo da criança, como, por exemplo, chás e leite de vaca .
O leite materno pode fornecer a quantidade adequada de ferro até os seis meses de vida da criança, porém a introdução de alimentos complementares , se não forem alimentos ricos em ferro, pode contribuir para o surgimento da anemia em bebês e crianças.
Causas
Os sinais e sintomas da carência de ferro são inespecíficos, necessitando-se de exames laboratoriais, de sangue, para que seja confirmado o diagnóstico de Anemia Ferropriva. Os principais sinais e sintomas são: fadiga generalizada, falta de apetite, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para atividades, dificuldade de aprendizagem nas crianças, apatia (crianças muito "paradas").
Mas por que aparece essa deficiência de ferro? As causas da anemia por falta de ferro no organismo podem ser diversas. As mais comuns são:
• ingestão insuficiente de alimentos ricos em ferro ou consumo de alimentos em quantidades insuficientes, levando a uma ingestão também insuficiente de ferro.
• Baixo consumo de alimentos de origem animal. O ferro originado de alimentos de origem animal (carnes e miúdos, por exemplo) é muito melhor aproveitado pelo nosso organismo do que aquele de origem vegetal. Por isso, é importante ter uma alimentação que contenha alimentos de origem animal e vegetal, principalmente para aqueles indivíduos que apresentam uma necessidade aumentada desse nutriente - crianças em fase de crescimento, adolescentes, gestantes, lactantes e indivíduos que exercem atividade física intensa.
• Falta de saneamento básico: o saneamento básico (água limpa e tratada, destino adequado para o esgoto e para o lixo) é uma das medidas mais importantes para evitar as parasitoses (doenças causadas por vermes). As parasitoses podem causar anemia ferropriva ou agravar a deficiência de ferro, especialmente nas crianças.
Infográfico: Bruna Corso
Ações
O ferro é um mineral essencial ao organismo, apresentando diversas funções importantes. Por isso, esforços em diferentes esferas, vêm sendo efetuados como tentativa de reduzir a prevalência de anemia. Dentre eles se pode citar: a fortificação de farinhas com ácido fólico e ferro e a suplementação profilática com sulfato ferroso para gestantes e crianças menores de 18 meses. Além disso, diversos programas de educação nutricional, que enfatizam uma alimentação adequada e saudável, estão sendo implantados em todo o país.
A Pastoral da Criança, através de seus líderes, orienta as famílias e gestantes sobre a importância de prevenir a anemia. Com ações simples, que vão desde o cultivo de hortas caseiras e comunitárias até a adoção de uma alimentação saudável, os líderes estão conseguindo mudar a realidade nutricional de muitas famílias e, com isso, prevenir eficazmente a anemia.
Saiba mais:
Anemia na gestante
Anemia por falta de ferro
Nas crianças, a anemia por falta de ferro ocorre pela baixa ingestão e porque as necessidades do organismo são grandes. A anemia ocorre mais frequentemente nos bebês em aleitamento artificial ou após os seis meses de idade, mesmo naqueles que recebem aleitamento materno.
Os bebês que nasceram prematuros ou com baixo peso precisam de maior atenção, pois têm menos reserva de ferro.
Bebês sadios, que só recebem leite de peito até o sexto mês de vida, não necessitam de qualquer forma de suplementação de ferro até a introdução de outros alimentos.
Quando o aleitamento da criança se faz com o leite de vaca natural, o risco da deficiência em ferro é maior, já que nesse tipo de leite a quantidade de ferro também é baixa e o aproveitamento pelo corpo é ruim.
Saiba mais: Orientações gerais para uma alimentação saudável
O Ministério da Saúde do Brasil recomenda que todos os bebês com mais de seis meses recebam suplementação de ferro, diariamente, até completar dois anos de idade. Também recomenda suplementação de Vitamina A para as crianças acima de seis meses do Nordeste e de alguns municípios do Sudeste. Esses suplementos são gratuitos e podem ser encontrados em todas as Unidades Básicas de Saúde.
"Pois eles também rogarão ao Senhor para que os dirija no diagnóstico certo e faça a cura.
Peca na presença daquele que o criou quem não se submete ao tratamento do médico".
Eclo 38, 14-15
Estas orientações foram retiradas do Guia do Líder (.PDF)
Veja também:
Mensagem da Dra. Zilda sobre a anemia:
Primeiros mil dias de vida
Biblioteca virtual em Saúde - Anemia
Mesmo no calor bebê que mama só no peito não precisa tomar água
SBP: Nutrologia e suporte nutricional
Foto: Studio Cl Art
Programa de rádio Viva a Vida
1169 - Anemia - 24/02/2014
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Sul
Norte
Entrevista com Caroline Dalabona
Você se alimenta bem? E na sua família e comunidade, há alimentos de boa qualidade nutricional e em quantidade suficiente para todos? Quando nossa alimentação é precária pode aparecer uma doença chamada anemia, que atinge crianças e gestantes.
A anemia é a desordem mais comum do sangue. Há vários tipos de anemia e é uma doença que pode ser prevenida. Para saber mais sobre a anemia e seus efeitos em nossa saúde, conversamos com Caroline Dalabona, nutricionista da coordenação nacional da Pastoral da Criança.
Caroline, quando podemos dizer que uma criança ou uma gestante está com anemia ferropriva?
A anemia ferropriva é a diminuição de ferro no sangue capaz de provocar alguns sinais e sintomas, como fraqueza, falta de vontade para realizar as atividades diárias, irritação, pele pálida, entre outros. Porém o diagnóstico correto só é possível com exame de sangue.
Caroline Dalabona, nutricionista da coordenação nacional da Pastoral da Criança
Por que há tantas gestantes e crianças com anemia?
A gestação e os primeiros anos de vida são períodos de maior necessidade de ferro pelo organismo. A gestante precisa de mais ferro para o desenvolvimento do bebê e para sua própria saúde, e a criança necessita de muito ferro para o seu pleno crescimento e desenvolvimento. Por isso há o risco de desenvolvimento da anemia ferropriva nestas populações.
Como podemos prevenir a anemia ferropriva?
Principalmente consumindo alimentos ricos em ferro. Os alimentos que são as melhores fontes de ferro são a carne vermelha e as vísceras (fígado, coração, baço, etc). O ferro presente nestes alimentos é facilmente aproveitado pelo nosso organismo. Outros alimentos que são boas fontes de ferro são os vegetais verdes escuros como: rúcula, brócolis, agrião e couve. As leguminosas como feijão e a lentilha também são alimentos ricos em ferro.
Porém para aproveitar melhor o ferro destes alimentos é preciso consumir junto algum alimento com vitamina C como: laranja, abacaxi, acerola e limão. A vitamina C ajuda o nosso organismo a absorver melhor este ferro.
Leia a entrevista completa: 1169 - Entrevista com Caroline Dalabona - Anemia (.PDF)