1656 anemia ferropriva infantil entrevista

 Foto: Acervo da Pastoral da Criança

A anemia por falta de ferro é uma condição que traz sérios riscos para a saúde, especialmente em crianças. Os principais sinais e sintomas são: cansaço, falta de apetite, palidez de pele e mucosas (parte interna do olho, gengivas), menor disposição para atividades, dificuldade de aprendizagem nas crianças, apatia (crianças muito "paradas").

As crianças, principalmente nos primeiros anos de vida, são consideradas grupos de risco para o desenvolvimento de anemia ferropriva, pois a necessidade de ferro é maior neste período devido ao intenso crescimento e desenvolvimento.

De acordo com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), de 2019, a prevalência de anemia ferropriva em crianças de 6 a 24 foi quase 8% no Brasil, condição encarada como problema de saúde pública.

Entrevista com: Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.

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Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança

O que provoca a anemia nas crianças e gestantes?

As crianças e gestantes são consideradas grupo de risco para a anemia ferropriva justamente porque nesta fase há uma maior necessidade de ferro pelo organismo. Mas qualquer pessoa pode desenvolver anemia ferropriva. E quais são as principais causas? A principal delas é a carência nutricional, ou seja, o consumo insuficiente de alimentos ricos em ferro. As parasitoses intestinais também são causas de anemia ferropriva e durante esses períodos de maior necessidade como, por exemplo, a gravidez, a amamentação, o parto ou quando ocorre algum tipo de hemorragia, seja por alguma doença, seja, às vezes, até pela menstruação abundante.

Quais são as consequências da anemia nas crianças e nas gestantes?

Começando pelas gestantes, a anemia aumenta os riscos de parto prematuro, de baixo peso ao nascer e de infecções maternas no pós-parto. Já nas crianças, a anemia pode provocar perda de apetite e enfraquecer o sistema imunológico. Dessa forma, a criança vira alvo de infecções. Ela pode ter infecções recorrentes, perde o rendimento escolar porque compromete o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e pode ter complicações em todos os outros aspectos do seu desenvolvimento e crescimento.

Por que tem acontecido mudanças de orientação sobre a suplementação?

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida 1656 - 19/06/2023 - Anemia ferropriva infantil

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

As recomendações acontecem baseadas no cenário epidemiológico. Como é que está a situação da doença na maior parte do país em relação à população? Quais são os grupos de risco? Qual é a prevalência dessa doença? Quais as regiões que são mais afetadas? E diante desse estudo recente de 2019, o ENANI, foi visto que a prevalência em crianças diminuiu e por conta dessa diminuição houve a possibilidade de adequação dos programas de suplementação para essa nova realidade e é por isso que está tendo mudanças.

Quais são os programas de suplementação de nutrientes do Ministério da Saúde?

Hoje, o Ministério da Saúde conta com 3 programas de suplementação de micronutrientes. Para as gestantes existe o programa de suplementação de ferro e ácido fólico durante a gestação. É um suplemento gratuito e toda a gestante que está fazendo acompanhamento pré-natal deve receber esse suplemento; para as crianças tem o NutriSUS que é um programa novo, que é um sachê de micronutrientes destinado às crianças de 6 a 24 meses acompanhadas nas Unidades Básicas de Saúde e beneficiárias de Programas de Transferência de Renda como Bolsa Família, além de crianças indígenas dessa mesma faixa etária; as outras crianças que não estão dentro desse programa são assistidas pelo Programa Nacional de Suplementação de Ferro. A distribuição do suplemento de ferro, que já é um programa que existia, mas que teve algumas adequações, como por exemplo, a criança atualmente não recebe diariamente a suplementação de ferro, a criança de 6 a 24 meses, mas sim, ela recebe de forma intermitente, ou seja, ela vai receber durante um tempo, para durante um período, volta a receber. Mas nas Unidades Básicas de Saúde as famílias vão ter todas as informações. E, além desses programas, tem o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A para algumas regiões e também para um público específico. Para a região Norte e Nordeste e Centro Oeste para as crianças de 6 a 59 meses. Na região Sul e Sudeste para alguns municípios dessas regiões, crianças de 6 a 24 meses recebem e também para crianças indígenas de 6 a 59 meses.

 

Leia a entrevista na íntegra

1656 - 19/06/2023 - Anemia ferropriva infantil (.PDF)  

 

E SDG Icons NoText 033º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.

O 2º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovido pela ONU e que deverá ser atingido pelos países participantes até 2030, tem entre suas metas: acabar com a fome, garantir o acesso de todas as pessoas a alimentos nutritivos e suficientes durante todo o ano, acabar com todas as formas de desnutrição e garantir o sistema sustentável de produção de alimentos e práticas agrícolas que aumentem a produtividade, ajudem a manter os ecossistemas e melhorem a qualidade da terra e do solo. A ações dos líderes da Pastoral da Criança em acompanhar crianças e gestantes e transmitir orientações, sobretudo sobre aleitamento materno, contribuem para assegurar que mais crianças sejam beneficiadas pelo leite materno.

 

Dra. Zilda

“A Pastoral da Criança, desde o início, teve a preocupação não só de reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição, mas também de promover a paz nas famílias e comunidades, pelas atitudes de solidariedade e a partilha do saber a todas as famílias”

Papa Francisco

“Vamos prosseguir juntos com esperança. Imitemos os bons e belos atos daquelas mulheres rurais que não desistem de sua missão de alimentar os próprios filhos e os filhos das outras famílias. Valorizemos o compromisso de nos sentirmos parte da Casa Comum, onde deve haver espaço para todos, sem descartar ninguém. Vamos alimentar todos e de forma saudável para que todos tenham as mesmas oportunidades e possamos construir um mundo inclusivo e justo.”