A alimentação dos bebês sempre foi motivo de preocupação para as famílias. Saber quais alimentos podem ser dados, evitados, qual a consistência adequada ou a melhor forma de preparo, são dúvidas que angustiam os pais no momento da introdução dos alimentos.
Sabe-se que até os seis meses de vida o bebê só precisa receber leite materno e nada mais, mas após este período é necessário iniciar a introdução de alimentos, que irão complementar o leite materno. Este deve ser dado até os dois anos de idade ou mais.
Para ajudar os pais e familiares neste momento, o Ministério da Saúde disponibiliza o “Guia alimentar para crianças menores de dois anos”, o qual traz as recomendações necessárias para este momento.
Saiba mais sobre a introdução dos alimentos e este guia na entrevista com Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
ENTREVISTA COM: Caroline Dalabona, nutricionista da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
O que é importante considerar e observar nesse momento, em que o bebê começa a receber outros alimentos além do leite materno?
Então, é importante que todas as pessoas que estejam envolvidas na alimentação da criança, por exemplo, saibam reconhecer e diferenciar os sinais de necessidade de alimentação da criança. A criança vai ser alimentada naquele momento em que ela precisa. E outro ponto que é importante é o da família reconhecer quais são os sinais de fome e saciedade. É importante reforçar que a criança não precisa raspar o prato. A criança tem o sistema de fome e saciedade muito bem desenvolvido. Então, ela sabe, ela consegue reconhecer que o corpo dela precisa de alimentação, ao mesmo tampo que ela consegue saber o momento de parar.
Como deve ser a evolução da alimentação complementar?
Programa de rádio Viva a Vida 1603 - 13/06/2022 - Introdução alimentar
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Então, no início a criança vai receber as frutas amassadas, as frutas raspadas, nunca liquidificadas, isso é importante reforçar. Vai receber a papa salgada, a refeição do almoço. Posteriormente, vai receber a refeição do jantar. Mas o que é importante? A criança pode e deve, desde o início, ser alimentada com a comida da família, que deve ser preparada com óleo vegetal em pequena quantidade, com temperos naturais. Então, pode se usar cebola, alho, salsa, coentro e demais ervas, os temperos verdes e uma quantidade mínima de sal. Mas é importante que a criança, desde esse início, tome parte na refeição da família, que consiga consumir a própria alimentação da família, lógico, com cuidados especialmente na textura. Então, nesse momento, não precisa misturar os alimentos, só amassar com o garfo e oferecer para a criança. Assim, ela vai aprendendo e aceitando os sabores dos alimentos individualmente. E isso tudo, vai fazendo ela aceitar esses alimentos e assim fazer com que esses alimentos façam parte do gosto e do hábito alimentar dessa criança.
Quais são os maiores problemas que acontecem na alimentação das crianças menores de 2 anos?
O maior problema, o maior perigo, na verdade, é oferecer para a criança alimentos que podem prejudicar a sua saúde. E nesse caso, a gente fala especificamente dos alimentos ultraprocessados: sucos artificiais, refrigerantes, qualquer bebida açucarada, iogurtes, biscoito recheado, biscoito simples, salgadinho de pacote, macarrão instantâneo, sorvete, doces. Então, alimentos industrializados que, normalmente, vêm embalados e quando a gente olha a lista de ingredientes, a gente observa a grande quantidade de açúcar, ou sal, ou gordura, ou todos. E ao mesmo tempo, ingredientes que a gente não conhece, que são componentes químicos. Então, a alimentação da criança deve ser baseada em alimentos in natura e minimamente processados, que são as frutas, verduras, legumes, o arroz, o feijão, a carne e o leite. E esses sim são alimentos de verdade.
Sabemos que esse momento de introdução alimentar complementar pode gerar dúvidas e preocupações nas famílias. Caroline, existe algum material para ajudar orientar as famílias nesse momento?
Sim, existe. Nós, aqui no Brasil, temos o privilégio de ter o Guia alimentar para crianças menores de 2 anos, que foi publicado pelo Ministério da Saúde, em 2019. Esse Guia traz as principais recomendações e orientações, tanto do aleitamento materno, como desse momento da introdução da alimentação complementar. Ele é um Guia bastante atualizado, rico em informações científicas e orientações fáceis de serem implementadas. Ele é, inclusive, voltado para famílias, para profissionais de saúde, inclusive, para elaboração de políticas públicas voltadas para esse período da vida da criança. Então, todo mundo pode ter acesso a esse material, basta colocar na Internet que vocês vão ter acesso a esse material simples e bastante rico que pode ajudar todas as famílias do Brasil.
Leia a entrevista na íntegra: 1603 - 13/06/2022 - Introdução alimentar (.PDF)
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.”
A saúde compreende o completo bem-estar físico, mental e social. Ou seja, promover a saúde depende de cada um, do coletivo e das políticas públicas. A Pastoral da Criança conscientiza e trabalha em ações preventivas de saúde e nutrição para melhorar a saúde infantil no Brasil.
Dra. Zilda
"Como você já sabe, quando as crianças têm a feliz oportunidade de serem amamentadas só no peito até os seis meses e depois continuar até os dois anos ou mais, complementando suas necessidades com outros alimentos nutritivos, elas têm mais saúde e capacidade de amar, de perdoar e sentir-se felizes fazendo o bem."
Papa Francisco
“As crianças são o futuro da família humana: cabe a todos nós promover o seu crescimento, saúde e serenidade”.