ilustracao alergia alimentar

O ditado popular já diz: "se é natural, não faz mal" e essa ideia é reforçada pelo conceito universal de que comer só pode fazer bem, claro respeitando os limites da quantidade e qualidade dos alimentos, especialmente no que se refere à prevenção da obesidade. O que pouca gente sabia antigamente, e felizmente hoje a conscientização vem crescendo a cada dia, é que para algumas pessoas certos alimentos podem fazer mal, às vezes até muito mal, por conta da alergia alimentar.

A difícil identificação

A criança tem diarreia, cólicas, ou aparece cheia de "pintinhas" vermelhas, ou com o rosto e lábios inchados... o que pode ser? Em caso de diarreia e dor de barriga, a mãe já pensa logo: comeu alguma coisa que não fez bem. Às vezes ela é medicada e a família pensa até que "isso é coisa de criança", mas não é bem assim.

Disfarçada de muitos nomes e diagnósticos errôneos por décadas, a alergia alimentar foi, então, pesquisada e relatada em diversos estudos científicos. Sempre houve casos de alergia, mas agora investiga-se mais. Atualmente, considera-se alergia alimentar como uma resposta exagerada e indesejável do organismo a determinada substância presente nos alimentos. Estima-se que as reações alimentares de causas alérgicas acometam 6 a 8% das crianças com menos de 3 anos de idade e 2 a 3% dos adultos. Estudos indicam que de 50 a 70% dos pacientes com alergia alimentar possuem história familiar de alergia. Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%. 

Os riscos que os alimentos escondem

Qualquer alimento pode desencadear reação alérgica. No entanto, os mais comuns são: leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixe e crustáceos (camarão, caranguejo, lagosta).

Os principais sinais e sintomas de alergia alimentar envolvem a pele (urticária, inchaço, coceira, eczema), o aparelho gastrintestinal (diarreia, dor abdominal, vômitos) e o sistema respiratório, como tosse, rouquidão e chiado no peito. Manifestações mais intensas, acometendo vários órgãos simultaneamente (reação anafilática), também podem ocorrer. Nas crianças pequenas, pode ocorrer perda de sangue nas fezes, o que vai ocasionar anemia e retardo no crescimento.

Diferença entre intoxicação, intolerância e alergia

Outra preocupação, é que como agora é cada vez mais comum a compra de alimentos prontos em supermercados, a aquisição de congelados e o consumo em lanchonetes e restaurantes, o controle fica mais difícil. Há também a alimentação da criança em creches e escolas. Por isso, é fundamental que a família, profissionais de saúde e membros da comunidade escolar se unam para observar os sintomas e reações das crianças quando desconfiam que algum alimento não está fazendo bem. A questão aqui não é privar a criança do consumo de alimentos, mas com criatividade e dedicação, substituir nas receitas o ingrediente que faz mal por outro tolerado pela criança.

Como a Pastoral da Criança faz:
Aleitamento materno ajuda a prevenir alergias alimentares

O que nos diz a legislação

No caso do glúten, alguns avanços já foram feitos. Em âmbito federal, compõem o arcabouço legal de amparo à pessoa celíaca, a Lei n. 8.543/92 e a Lei n. 10.674/03. Também de alcance nacional, foram objeto deste estudo as Resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) n. 40/02 e n. 137/03, além da Portaria do Ministério da Saúde n. 307/09, que instituiu o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença Celíaca, e da n. 2.194/09, que definiu verbas específicas para realização de exames para o diagnóstico da enfermidade via Sistema Único de Saúde (SUS).

A última informação sobre o assunto vem da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que colocou em discussão a questão do rótulo das embalagens e a descrição nele dos alimentos que podem causar alergia

Quais são normalmente os sintomas de uma alergia?

foto catarinastocco

Catarina Stocco - Especialista em Nutrição Clínica Funcional e Fitoterápica e especialista em Nutrição Esportiva.

Posso ter um sintoma de uma dor de cabeça, cansaço, diarreia, um problema intestinal, de estômago ou uma reação de pele. Então, é como se o meu sistema imunológico estivesse me avisando que algo não foi bem-vindo, é uma resposta que ele dá, provocando os sintomas.

E como é que se identifica uma alergia alimentar?

Por sinais e sintomas. Aquela pessoa que está tendo dores de cabeça constantes, ou diarreia sempre, problema gástrico, ou, às vezes, aquela pessoa que tem um cansaço que não sabe de onde, já investigou várias coisas e não passa. Ou, por exemplo, alguma reação de pele que é muito comum aparecer. Vamos geralmente por sinais e sintomas, observando o que aquela pessoa está comendo, vamos retirar aquele alimento por trinta dias e observar como que o organismo se comporta.

E o que a família deve fazer quando tem uma criança com alergia alimentar?

Os pais precisam começar a observar a alimentação. Hoje existem várias receitas deliciosas para substituir aquele alimento. Vai ser muito importante a ajuda da mãe e do pai e que ela veja que é normal, que ela não precisa daquele alimento, que pode substituir perfeitamente por um outro até muito mais saudável e muito mais gostoso.

Leia a entrevista na íntegra 1183 - Entrevista com Catarina Stocco - Alergia Alimentar (.PDF)

 

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Programa de Rádio 1183 - 26/06/2014 - Alergia Alimentar

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