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Foto: Passos que salvam

Prof. Dr. Luiz Fernando Lopes
Diretor Médico do Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos

Para 2016, havia a expectativa de que mais de 200 mil crianças seriam diagnosticadas com câncer no mundo, em um único ano. Destas, 80% vivem em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, o que pode comprometer as chances de cura. Nem sempre há acesso ao tratamento e nem todos os médicos que receberam as crianças pela primeira vez com sinais e sintomas (que, às vezes, chegam disfarçados) sabem reconhecer que estão diante de um caso de câncer.

No Brasil, esperávamos mais de 12 mil casos entre o 1º dia de vida e os 18 anos de idade, em 2016. Conforme nossos registros, cerca de 50% das crianças chegam a Barretos com estágios avançados da doença, dado maior que o apresentado pelos países desenvolvidos. Este atraso impacta nas chances de cura e muitas destas crianças poderiam se recuperar plenamente se chegassem mais cedo.

Vários são os motivos responsáveis por esses atrasos: falta de conhecimento médico sobre o assunto, dificuldade de chegada a centro especializado, mas também falta de conhecimento dos pais, professores ou leigos que estão em contato com a criança. Essas pessoas poderiam ter reconhecido em alguns sinais ou sintomas, a possibilidade de estarem diante da criança com câncer.

Uma de nossas estratégias em Barretos foi organizar a caminhada “Passos que salvam”, para marcar a data do 27 de novembro (Dia Nacional de Combate ao Câncer). Distribuímos folhetos informativos para as pessoas durante a caminhada e assim vamos orientando sobre o assunto. Na primeira, tivemos 20 cidades que participaram todas no mesmo horário e no mesmo dia. As pessoas que compraram o kit para caminhar contribuíram também com os recursos arrecadados para apoiar o tratamento das crianças tratadas no Hospital do Câncer Infantojuvenil de Barretos.

A segunda caminhada envolveu 80 cidades, com mais de 40 mil participantes. Oferecemos para os médicos destes municípios um programa de capacitação e orientação sobre o câncer infantil. No ano seguinte, foram 200 cidades. E em 2015, cerca de 400. Recebemos médicos destes lugares para a capacitação e, no ano passado, além deles, fizemos também um treinamento para enfermeiros e agentes comunitários.

No dia 27 novembro de 2016, teremos a quarta caminhada, mobilizando aproximadamente 500 municípios. O resultado que temos percebido a partir dessa iniciativa é a chegada das crianças mais cedo ao serviço de saúde. E esperamos, em alguns anos mais, poder provar que o índice de cura aumentou com este programa.

*Este texto está publicado na sexta edição da Revista Pastoral da Criança.