1742 entrevista cancer infantilFoto: Inca/MS/Divulgação

Embora seja mais comum na idade adulta, o câncer também pode ser diagnosticado em crianças e adolescentes. Os tumores infanto-juvenis mais comuns são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).

O Brasil segue a tendência dos países desenvolvidos e o câncer já representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes.

Nas últimas cinco décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência tem sido muito significativo. Com diagnóstico precoce e tratamento correto, estima-se que até 80% dos casos de câncer em crianças e adolescentes podem ser curados.

Por isso, é essencial o trabalho do líder da Pastoral da Criança de orientar e acompanhar as famílias na busca pelo atendimento especializado, nos órgãos públicos, o quanto antes. Outra função da Pastoral é a do suporte mental: garantir que a criança e os familiares recebam alento e carinho.

Na entrevista e nos depoimentos a seguir, leia mais sobre os sintomas do câncer infantil e as orientações para lidar com a doença.

 

Saiba mais

Câncer infantil: apoio às famílias

Como lidar com um caso de câncer na família

 

1742 entrevistado cancer infantil

Dr. Hugo Martins de Oliveira, Médico Oncologista Pediátrico, que trabalha no Onco Center do Hospital Dona Helena, em Joinville, Santa Catarina.

ENTREVISTA COM: Dr. Hugo Martins de Oliveira, Médico Oncologista Pediátrico, que trabalha no Onco Center do Hospital Dona Helena, em Joinville, Santa Catarina.

Dr. Hugo, quais são os principais sintomas de um câncer infantil?

Os sinais ou sintomas do câncer infanto-juvenil são sutis, porque é justamente o pai e a mãe que acaba convivendo com o filho, com a filha, que conhece no seu dia a dia, o perfil, o comportamento, o seu jeitinho, conseguem observar nos detalhes, que é uma dor de cabeça que se inicia pela manhã, acaba despertando a criança, que às vezes tem vômito junto, ou então é um sangramento no nariz, na gengiva, que não está associado com manipulação, com cutucar. Aquela criança que também tem manchas roxas pelo corpo, que é realmente um hematoma sem causa aparente. O xixi em cor de Coca-Cola, então com sangramento na urina, a barriga que está distendida, aumentada que mudou o intestino, que está agora precisando fazer bastante força para poder fazer cocô ou então antes fazia uma, duas vezes por dia de forma tranquila, agora está passando a fazer uma vez por semana e com bastante esforço; a intolerância alimentar, que aquela criança que comia legal e agora não consegue descer nada, fica vomitando depois que tenta se alimentar; e também aquelas questões que são dores pontuais, que é em um lugar da perna ou do corpo, no ombro, no joelho, que são confundidas frequentemente com a dor do crescimento; além também daquelas crianças que têm febre persistente, a febre que dura mais do que uma semana precisa ser investigada, além das causas comuns, que são dor de garganta, infecção de ouvido e as coisas que são viroses, como geralmente se diz.

Dr. Hugo, como a família deve encarar um diagnóstico de câncer infantil?

Para a família encarar o diagnóstico do câncer, nós temos que encontrar um sentido do por que vale a pena a gente lutar, batalhar e fazer com que a criança passe por um processo de quimioterapia, cirurgia, radioterapia, até mesmo transplante. Porque quando nós ficamos com o diagnóstico, é natural uma tristeza tomar conta da gente e, muitas vezes, nós entramos em desespero, pensamos principalmente na morte, em perder o filho e o nosso chão se abre, perdemos realmente o sentido da razão de viver, mas o grande apoio é, nós temos que delegar, entregar o cuidado da doença para uma equipe capacitada, qualificada profissionalmente, e nos voltar sempre ao nosso papel que é insubstituível, que é o papel de pai, papel de mãe, de irmão, de filho. Então, dentro desse papel é nós entregarmos o nosso ombro amigo, familiar, parceiro, sem ficar julgando ou então vivendo o medo. Porque a grande esperança é conviver, criar boas histórias e boas memórias percorrendo esse caminho, independentemente do desfecho final, que faça valer à pena com as porções e doses de amor desse convívio e que o amor prevaleça muito acima do diagnóstico de uma doença.

Dr. Hugo, qual é a importância das redes de apoio?

É fundamental a rede de apoio e, hoje, nós fortalecemos cada vez mais isso pelo fato de que nenhuma criança quer somente a cura de uma doença. Todos nós queremos nos sentir amados, pertencentes e participantes de uma família. Então, o grande suporte é muito além de uma quimioterapia, um remédio, uma radioterapia, uma cirurgia ou até mesmo um transplante.
É olhar para a integridade, para que a vida aconteça independentemente das circunstâncias, e que faça sentido enfrentar essa batalha por ter amor envolvido e uma família como um grande esforço de suporte.

Dr. Hugo, depois do tratamento do câncer, como é possível a criança viver com qualidade de vida?

E a vida continua acontecendo. Ela segue um protocolo, uma disciplina de cuidado necessário para o seu próprio corpo, mas ele continua sendo um ser humano por inteiro. Então, é saber que durante uma crise, com quem nós podemos contar? Trazer o olhar muito forte de dentro para fora, para que o grande sentido seja uma família fortalecida, uma superação construída e um exemplo de achar que realmente o mundo pode ser melhor, porque como é bom a gente se sentir amado, porque não importa a pergunta, o amor é a resposta.

 

1742 testemunho cancer infantil

Milton Dantas, Secretário do Conselho Diretor da Pastoral da Criança.

(TESTEMUNHO) Milton Dantas, Secretário do Conselho Diretor da Pastoral da Criança.

Milton, como os líderes da Pastoral da Criança apoiam as famílias que têm uma criança em tratamento de câncer?

A primeira postura é: vamos ser apoio dessa família, indicando onde procurar, porque a gente sabe que os órgãos públicos em cada município têm como fazer, e o câncer tem cura. Depois, precisamos ir para os indicadores de oportunidades e conquistas. Essa criança está tendo oportunidade de receber alento, carinho? Acho que a gente, da Pastoral da Criança, vai muito mais por esse lado do apoio mental, para que ela tenha força de procurar o apoio físico nas unidades básicas de saúde, que ainda temos a esperança de que tudo funcione bem, então a nossa inserção na vida dessa família é apoio moral, apoio psicológico para que ela tenha força para se livrar do grande mal e saber que os órgãos públicos podem favorecer isso.

 

Programa de rádio Viva a Vida 1742 – 10/02/2025 – Câncer infantil

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Leia a entrevista na íntegra

1742 – 10/02/2025 – Câncer infantil

 

3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

"Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades".

3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis via prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar

Dra. Zilda

“Que Deus abençoe a cada um que se dedica a garantir a qualidade de vida para todos”.

Papa Francisco

“Não devemos nunca assustar-nos com as dificuldades, somos capazes de as superar todas: só é preciso tempo para a compreender, inteligência para procurar o caminho e coragem para avançar, mas nunca assustar-se".