parto e cesarea

Foto: Acervo Pastoral da Criança

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é campeão mundial de cesarianas. Enquanto o percentual recomendado é de 15%, a média nacional, de acordo com o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, é de 52,2%. Quanto a isso, as autoridades médicas orientam que a melhor maneira de ter o bebê é o parto natural. Por isso, se você está avaliando se submeter a uma cesárea, confira as informações que a Pastoral da Criança traz para, junto com seu médico, tomar a melhor decisão. A enfermeira da coordenação nacional, Regina Reinaldin, ajuda a esclarecer as dúvidas sobre parto normal e cesárea.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida
1234 - 25/05/2015 - Parto normal e cesárea


Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Sul

Norte

O que é o parto natural?

Entende-se por parto natural aquele realizado sem a intervenção ou um procedimento desnecessário durante o período do trabalho de parto, no parto ou pós-parto. E com o atendimento centralizado na mulher. No parto natural, a saída do bebê ocorre pelo canal da vagina, sem qualquer intervenção cirúrgica.

Existe diferença entre parto natural e parto normal?

Sim. O parto natural é aquele em que o médico ou a enfermeira obstetra simplesmente acompanha o parto. É o parto normal sem intervenções, como anestesias, episiotomia [corte cirúrgico feito no períneo] e indução. O tempo da mãe e do bebê são respeitados e a mulher tem liberdade para se movimentar e fazer aquilo que seu corpo lhe pede. A recuperação é rápida. Para realização do parto de forma normal ou tradicional, são utilizados de maneira rotineira alguns procedimentos como: corte vaginal, colocação do soro na veia, raspagem dos pelos, lavagem intestinal, suspensão da alimentação, repouso na cama hospitalar, proibição da presença de um acompanhante, entre outras ações.

Como a Pastoral da Criança faz:

O que é a cesariana?

A cesária é um tipo de intervenção em que o médico faz um corte no abdômen, seguido de um corte no útero para retirar o bebê. Considerando que o corte é uma intervenção cirúrgica, isso implica em riscos de anestesia, pontos de sutura, um doloroso processo de recuperação, uma possível infecção e uma potencial impossibilidade de ter um parto normal em uma próxima gravidez.

Quando é necessária uma cesária?

Existem algumas situações em que a cirurgia é necessária. Por exemplo: quando o bebê está deitado, em uma posição incorreta que impossibilite ou dificulte sua saída; ou quando o cordão umbilical é curto e está enrolado no bebê. Também pode ocorrer em uma gestação de gêmeos, quando há algum fator de risco que dificulte o parto natural. Outra situação de indicação de cesária é quando a placenta se solta antes do parto, ou também quando não há dilatação do cólo do útero. Se a gestante tem hipertensão, diabetes gestacional, problema cardíaco ou outras doenças crônicas ou gestacionais, isso pode colocar em risco a vida da mãe e do bebê na hora do nascimento. O médico provavelmente pedirá cesariana para diminuir os riscos no parto. Quando o bebê tem uma grave condição médica conhecida como hidrocefalia, a cabeça do bebê é muito grande, aí também será necessária a cesariana. Lembrando que sempre o médico tem que estar monitorando o trabalho de parto para ajudar a decidir.

Regina, que conselho você daria para a gestante sobre o tipo de parto mais indicado?

Se durante a gestação tudo vai bem, deve-se optar por um parto natural. Mas, se tiver complicações, é bom avaliar com um médico se vai ter a necessidade de uma cesária.

Quais são as vantagens do parto natural em relação à cesária?

No parto natural, a recuperação da mulher é mais rápida. O trabalho de parto pode durar até 12 horas, mas tem menos riscos de infecções, não há dor no pós-parto, não há necessidade de uma anestesia. Também ajuda a liberar os pulmões do bebê e, a cada novo parto, o processo será mais fácil. Já na cesária, a recuperação da mulher é mais lenta. A duração é mais rápida, mas tem mais complicações, mais riscos de infecções e dor depois. É preciso anestesia, o bebê poderá ter, mais tarde, dificuldades respiratórias e, a cada novo parto, será mais complicado do que o anterior.

Quais são os principais benefícios do parto natural para o recém-nascido?

O bebê pode nascer de uma maneira tranquila, saudável, com menos riscos e em um ambiente acolhedor. Também há menos riscos de doenças respiratórias, de broncoaspiração após o parto. Mais uma vantagem, é o início imediato e a maior duração da amamentação, favorecendo a criação do vínculo entre a mãe e o bebê. O leite materno após o parto natural tem uma descida mais rápida, pois não existem os efeitos colaterais da anestesia do pós-cirúrgico para a mãe.

Leia também:
Direitos e cuidados no pré-parto, parto e pós-parto
Parto normal: a melhor opção
O parto

Foto: © Rubberball/Rubberball/Corbis