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A líder Letícia acompanhou a gestação de Tamires, mãe de Tayla.

Ter uma data definida para o nascimento; avisar amigos e familiares; dispensar as dores do parto. Estas são algumas das razões de mães e médicos para a realização de cesárias desnecessárias. Enquanto o índice indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 15%, os números, segundo o Ministério da Saúde são de 84% de cesarianas na rede privada, e chega a 40% no Sistema Único de Saúde (SUS). A indicação é que o parto normal seja a primeira opção para o nascimento do bebê – salvo os casos indicados pelo médico.

A cesariana, sem necessidade, pode causar riscos desnecessários à saúde da mulher e do bebê. Ela aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê e triplica o risco de morte da mãe. O Ministério da Saúde afirma ainda que cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade. Estes são alguns dos motivos pelo qual a Pastoral da Criança indica para as mães o parto normal, e este trabalho é feito desde o início do acompanhamento da gestante, através da cartela Laços de Amor. “É nossa ferramenta básica”, explica a líder Graça Ribeiro, da Paróquia São Geraldo Magella, em Santo André.

Os cuidados com o bebê devem começar desde o momento em que a mãe descobre a gravidez. A Pastoral da Criança indica cuidado especial nos primeiros mil dias de vida (nove meses de gestação+os dois primeiros anos de vida) que podem influenciar a saúde do indivíduo para sempre.

Acompanhamento

Em 2014 foram seis gestantes orientadas na comunidade onde Graça atua. Todas tiveram parto normal. “As gestantes são atendidas no Hospital da Mulher – um hospital público municipal, e desde o pré-natal, na Unidade de Saúde da Família, elas são orientadas para o parto normal. No trabalho pastoral, também mostramos para as gestantes (especialmente as adolescentes de primeira gravidez) que o parto é um processo natural, usamos a cartela Laços de Amor como referência, e ainda reforçamos o direito que elas têm de serem acompanhadas pela família”, afirma a líder.

Tamires Ferreira dos Santos, 27 anos, é mãe de cinco filhos. Tayla, a mais nova, nasceu em fevereiro deste ano e teve sua gravidez acompanhada pela Pastoral da Criança. Após algumas horas em trabalho de parto, os médicos chegaram a cogitar uma cesária, “mas eles se reuniram e optaram por normal”, afirma. A mãe também preferia essa opção. “Acho melhor o parto e a recuperação também é melhor”, conta ela que é mãe de cinco filhos e teve, em seu primeiro parto, a experiência de uma cesariana.

Penha Martins Barbosa, ex-coordenadora da Pastoral da Criança na Diocese de Jaboticabal, conta que as histórias são muitas. “Me lembro de uma gestante que tinha muito medo de parto normal. Depois de alguns meses de acompanhamento, felizmente, ela entendeu que era o melhor para sua saúde e de seu bebê. Chegado o dia do parto, no mesmo quarto que ela, havia uma mamãe que tinha feito cesariana. Ela acompanhou as dificuldades daquela mãe, principalmente para amamentar o bebê. Foi muito gratificante ver a alegria dela em forma de agradecimento”, lembra.

A cesariana deve ser sempre uma decisão médica, tomada se existe risco para a mãe ou para a criança. Eunice Koga, que atua como líder na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Taubaté, conta que das três gestantes acompanhadas ao longo deste ano, apenas um dos partos foi por cesária. “Ela estava preparada para o parto normal, mas no último instante, os médicos optaram por uma cesária devido à demora na dilatação e saída do bebê”, recorda.

Dra. Zilda

“Estava refletindo sobre o que seria uma comunidade feliz e cheguei à conclusão que seria aquela em que todos fossem saudáveis e bem educados desde pequenos, verdadeiros cidadãos, onde fosse natural para todos cumprir as obrigações e ter seus direitos garantidos”.

Papa Francisco

“É Deus que dá a vida. Respeitemos e amemos a vida humana, especialmente a vida indefesa no ventre de sua mãe”.

Laços de Amor

O material educativo Laços de Amor dá ainda outras orientações às gestantes além da importância do parto normal. É através da cartilha e das orientações das líderes que as gestantes conhecem os direitos que as mulheres possuem durante toda a gravidez e no momento do parto. Apesar da discussão sobre parto humanizado estar cada vez mais sendo difundida pelo Brasil, a realidade nem sempre é essa.

“Devo admitir que não é assim tão simples, o hospital nem sempre tem doulas [mulheres que acompanham a gravidez e o parto, oferecendo suporte emocional, afetivo e físico às gestantes] e as parturientes passam por momentos difíceis... Algumas mulheres se queixam até de assédio moral”, conta Graça que atua com a colaboração na comunidade de mais duas líderes para acompanhar e orientar as gestantes.

Atuação internacional

E a atuação da Pastoral da Criança no cuidado com gestantes e com as crianças vai bem além das comunidades brasileiras. Apesar de ser normal o nascimento de trigêmeos na cidade de Gabu, em Guiné-Bissau, a notícia de uma mãe de 32 anos que teve quadrigêmeos surpreendeu a missionária Dulcineia Marcondes. No continente africano desde setembro com o projeto de Acompanhamento Nutricional, a missionária relata que nasceram de parto normal três meninos, de 1kg cada, e uma menina, de 900 gramas. “A mãe iniciou o trabalho de parto por volta das 3 da madrugada e terminou às 5 horas da manhã. Mãe e filhos passam bem”, relata.

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