A líder Sandralina (de branco), com Thamiles Bezerra e o pequeno Enzo Gabriel
Quando se fala no alto números de cesarianas, a preocupação acontece não somente com a possibilidade do bebê nascer antes do tempo correto e o que isso acarreta em sua vida, mas também com os riscos que a mãe enfrenta ao passar pela cirurgia. Hemorragia, morte em decorrência da anestesia e infecção são alguns dos problemas que as mulheres são expostas quando recorrem a uma cesariana.
Sandralina Santos Miranda, líder da Pastoral da Criança em Feira de Santana, Bahia, está vendo essa situação bem de perto com uma das mães que acompanha, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Segundo ela, 20 dias após o nascimento (que foi uma cesariana devido a complicações na hora do parto), Thamiles Bezerra, a mãe, ainda sente incômodos. “Ela falou que o pós-parto é horrível, que sente muitas dores e dificuldade até na hora de amamentar”, conta. A amamentação é uma das situações de maior dificuldade para as mulheres após o nascimento de seus filhos, especialmente para as mães de primeira viagem.
Para Rosa de Fátima Drigo, líder no município paulista de Bauru, São Paulo, a amamentação foi o maior desafio. “Tinha somente informações da sogra e mãe”, diz. Para ela, as informações que a Pastoral da Criança oferece às mães acompanhadas podem ajudar a sanar grande parte das dificuldades. “Quando vou ao posto de saúde e vejo grávidas, pergunto se estão tendo algum acompanhamento, principalmente quando é o primeiro filho. Percebo como há falta de informação [sobre] se cuidar e cuidar do bebê recém-nascido”, afirma.
Dra. Zilda
“Não podemos esquecer também das políticas públicas, de lutar pela melhoria da qualidade de vida de nossas famílias, melhor assistência pré-natal, ao parto e melhores escolas“.
Papa Francisco
“Se nos entregarmos ao Senhor, podemos vencer todos os obstáculos que encontramos no caminho”.
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Riscos e complicações da cesárea
Ao contrário de Rosa, Zultênia Cadetti e Souza, da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, de Governador Valadares, Minas Gerais, teve o apoio da sogra e da mãe: “Nas duas primeiras cesáreas, minha sogra me ajudou e minhas filhas mamaram sem problemas”. Entretanto, mesmo com as experiências anteriores e falando sobre isso constantemente na Pastoral da Criança, a situação não foi fácil na terceira gravidez. “Minha filha não fazia a boa pega. Eu ensinava e ela não fazia. Meu peito ficou muito duro e dolorido”. Foi graças à ajuda da coordenadora diocesana da época, Jacqueline Junqueira, que ela conseguiu mamar. “[Ela] foi na minha casa, fez a massagem no meu peito e aliviou minha dor. Eu pensei que não passaria por essa dificuldade porque eu já tinha ajudado várias mães na mesma situação. A Pastoral da Criança é mesmo uma bênção”, afirma.
Luciana Herrero amamentando sua filha
Complicações que podem surgir
A voluntária Luciana Herrero, de Ribeirão Preto (SP), afirma que a situação pode gerar angústias e decepções se não houver amparo real da família e rede de apoio. “A amamentação não é simples como mostram na TV”, lembra. E continua: “Meu primeiro pós-parto foi muito duro. Também pela angústia de viver com o vazio que a cesariana eletiva me trouxe. Mas especialmente por ter um pequeno novo ser demandando 24 horas por dia”. Para ela, “pós-parto é um dos momentos mais difíceis da vida de uma mulher”.
As complicações pós-parto, como a dificuldade de amamentar, aumentada pela demora no leite em descer, não acabam aí. Endometriose, má cicatrização e quelóide são algumas das dificuldades que podem surgir após o parto. Para Silvia Maria Campos, coordenadora da Pastoral da Criança na Paróquia Divino Espirito Santo, no Rio de Janeiro, há situações provocadas por cesariana que não se limitam às dores. Ela fala por experiência própria. Com dois partos, um normal e outro por cesariana, Silvia conhece bem as diferenças enfrentadas após cada um. “Observei que no parto normal é como se apenas passássemos por uma consulta, parece tudo normal. Já na cesárea é dor e incômodo que, às vezes, nos impede até de cuidar do bebê”.
Portanto, para uma rápida recuperação, o ideal é o parto normal, com mínimas intervenções. Cesariana, só em real necessidade. Nesse caso, os riscos são todos minimizados, já que se fala em salvar vidas e ter seu bebê em seus braços.