menos fumuca menos saude

Foto: Studio Cl Art

Quem tem mais de 30 anos possivelmente lembra das propagandas de cigarro que passavam na televisão com jovens fortes e esportistas esbanjando saúde e com um cigarro na mão. Devem lembrar também que, muitas vezes, eram as crianças que iam à mercearia do bairro para comprar cigarro para os pais. Hoje, a realidade é bem diferente: a venda de cigarros é proibida para quem tem menos de 18 anos, a publicidade de cigarros se resume a letreiros no local de venda, e as pessoas aprenderam que é proibido fumar em local fechado.

Quem fuma, além de adoecer duas vezes mais que os não fumantes, coloca em risco a vida das crianças da família. Estima-se que as mortes súbitas – aquelas que a campanha “Dormir de barriga para cima é mais seguro” busca prevenir – acontecem três vezes mais em famílias com fumantes. Além disso, a inalação da fumaça dos derivados do tabaco é a maior responsável pela poluição em ambientes fechados, e a terceira maior causa de morte evitável no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). E as crianças podem sofrer com doenças respiratórias como asma, bronquite e rinites, entre outras.

A Pastoral da Sobriedade é a ação concreta da Igreja na prevenção e na recuperação da dependência química. Também realiza um importante trabalho no que se refere à conscientização sobre os males do tabaco e apoio para quem quer parar de fumar. Líderes da Pastoral da Criança, vocês também podem procurar a Pastoral da Sobriedade em sua paróquia e unir esforços nesta causa.

Exemplo dentro de casa

A líder Dulcineia Cristina Gomes da Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Queimados, estado do Rio de Janeiro, viu de perto o quanto o cigarro pode ser prejudicial para as crianças. A situação aconteceu com a própria filha, há quase 20 anos. Quando a bebê Daniela, estava com um mês, a líder recebeu a visita de um casal de amigos. O frio de São Paulo, cidade onde morava na época, fez com que a casa ficasse toda fechada. O marido e os amigos não se atentaram ao mal que poderiam estar fazendo ao fumar próximo à menina, que passou a tarde tossindo algumas vezes.

Horas depois, a pequena passou a ter uma crise, com tosse contínua. “Ela ficou roxa e babando muito. Levamos urgente para o hospital e o pediatra falou que foi a fumaça do cigarro provocou a crise”, conta Dulcineia. Foi o que bastou para que o marido, consumidor de pelo menos duas carteiras de cigarro por dia, nunca mais fumasse. “Não tinha discussão, campanha como tem hoje. Era chique fumar, não tínhamos noção do do perigo que causava”, lembra.

Com a história, Dulcineia orienta com propriedade as mães que acompanha. “É raro uma gestante que fuma, mas quando acho, falo que o cigarro mata aos poucos e que é prejudicial também para a criança que está ao lado”, diz. A orientação dada às mães já foi levada também a rodas de conversa e palestras realizadas com as famílias. “Teve uma mãe que contou que 'escondeu' o cigarro em cima do guarda-roupa e depois ficou desesperada porque não conseguia pegar. Mas eu sempre falo pra ir parando, deixar o cigarro de lado por algumas horas, ir adiando”, ensina.

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que ocorreram mais de seis mil óbitos por doenças cardiovasculares e câncer entre não fumantes, atribuíveis ao tabagismo passivo, no ano de 2008. Esse dado revela que, a cada dia, 16 não fumantes morreram por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco. No Brasil, 200 mil mortes são causadas pelo tabagismo por ano.

Dra. Zilda

“Sei que posso contar com a sua colaboração para isso, pois tenho certeza que o amor, que tudo pode, e que você traz dentro de seu coração, por obra e graça de Deus, vai ajudar você a colaborar na transformação da vida de tanta gente”.

Papa Francisco

“Não só devemos olhar para trás. Devemos, antes, olhar para o futuro, fortalecidos com a certeza de que Deus sempre multiplicará os nossos esforços”.

Mudanças

Como disse a líder, o tabaco já teve sua época de prestígio. Mas não é de hoje que as organizações se atentam aos danos do tabagismo, comumente consumido através do cigarro. As transformações vêm sendo pensadas desde a década de 1980, quando a Organização Mundial de Saúde passou a trabalhar para diminuir os efeitos do tabagismo em todo o mundo. Mas foi somente em 2014 que o Brasil adotou a lei nº 12.546, a Lei Antifumo.

Aos poucos, a iniciativa federal aliada a campanhas que mostram os prejuízos de quem consome – ativa e passivamente – o tabaco, e outras iniciativas, como o aumento do preço do produto, começam a dar efeito. Prova disso, é que o número de fumantes ativos diminuiu mais de 30% entre 2006 e 2014, segundo o Ministério da Saúde. Antes, 15,6% dos brasileiros declaravam consumir o produto, e este número caiu para 10,8% em 2014. Infelizmente, os danos não se resumem apenas a esse número de pessoas e outras milhares sofrem com os efeitos.

Segundo a OMS, cerca de 40% das crianças são expostas a fumaça do tabaco em casa. E 31% das mortes atribuídas ao fumo passivo ocorrem em crianças. Este foi um dos motivos para que a Dra. Zilda, em 2009, se empenhasse pessoalmente na campanha para que a Lei Antifumo fosse aprovada no Paraná. Na época, ela conversou com diversos deputados e participou de debates levando as informações sobre os malefícios do cigarro para as crianças. O resultado? No mesmo ano o Paraná integrou o grupo de estados que adotou a Lei Antifumo, antes mesmo da lei federal. Na época, as crianças do Paraná puderam respirar aliviadas. Agora, são as crianças do país inteiro.

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“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”

A Pastoral da Criança tem como objetivo levar vida em abundância para todas as crianças. Esse trabalho começa já na gestação pelo cuidado da saúde da gestante que afeta diretamente a saúde do bebê. Um bom acompanhamento com pré-natal, cuidados nutricionais, psicológicos e familiares garantem oportunidades de desenvolvimento para a criança que está por vir.