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Sabemos que são inúmeros os benefícios proporcionados pela rotina escolar, que além de favorecer o aprendizado, contribui para o convívio social, por meio da troca de experiências que são essenciais para o desenvolvimento individual e coletivo.
Contudo, em época de volta às aulas, muitas crianças podem apresentar certa resistência, sejam as que estão iniciando e até mesmo as que já frequentam a creche ou escola.
Esse período de adaptação envolve o contato e familiarização da criança com contextos muito diferentes dos que ela já está habituada, já que pode ocorrer o ingresso ou mudança de escola, uma nova turma, professores e coleguinhas.
Com isso, as famílias têm muitas dúvidas sobre qual postura precisam ter para contribuir com a adaptação das crianças.
Entrevista com: Priscila do Rocio Costa, pedagoga e membro da equipe técnica da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
Por que a adaptação escolar é um processo compartilhado e colaborativo?
Porque ela depende da colaboração mútua da família e da comunidade escolar. As crianças precisam de apoio e de incentivo em todo seu período escolar e, quando o assunto é a adaptação, familiares compartilham e colaboram para construir as relações afetivas e socioemocionais entre si e estimular que ela aceite esse processo, entendendo que é algo importante, bom para ela e que não está sozinha. Assim facilita que os profissionais da instituição de ensino e o ambiente escolar atuem junto às crianças para que as dificuldades sejam superadas e se acostumem e gostem da nova rotina.
Como ajudar a criança na adaptação escolar?
Priscila do Rocio Costa, pedagoga e membro da equipe técnica da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
A adaptação pode ser um momento muito sensível na vida da criança, principalmente quando é a primeira vez dela na creche ou pré-escola. Os pais também ficam um pouco aflitos com esse momento, pois ficam preocupados de como será a adaptação, o que acontecerá depois que levar o filho e a filha nos primeiros dias.
Pode ser que a criança tenha uma mudança de comportamento, chore, fique brava por exemplo, por isso é preciso ter bastante paciência. Conversar antes para preparar a criança ajuda muito, contar que ela irá para a creche, ou para a escolinha, que o papai, a mamãe, os avós irão buscar depois, que lá irá aprender muitas coisas, vai conhecer novos amiguinhos, irá brincar com os amiguinhos e professores.
Qual é o papel da escola nessa adaptação?
A escola deve estar preparada para acolher as crianças e oferecer uma atenção especial logo nos primeiros dias, já que esse período é um desafio para os pequenos que estarão em um ambiente que não é sua casa. Claro que os profissionais buscam estratégias lúdicas e de acolhimento antes mesmo de iniciarem as aulas, mas eles também podem orientar os pais sobre as melhores estratégias para preparar a adaptação dos seus filhos. Por isso, conversem sempre com os professores, assim estarão contribuindo com a aprendizagem e bem estar de seus filhos.
Programa de rádio Viva a Vida 1637 - 06/02/2023 - Volta às aulas
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Como os pais e a família podem participar e ajudar no período de adaptação?
É importante conversar com a escola e verificar se, nas duas primeiras semanas, tem um tempo de adaptação em que possa buscar a criança mais cedo, isso é muito importante, pois ela permanece nos primeiros dias poucas horas e depois de forma gradativa vai ficando mais tempo, até completar o período todo, isso pode ajudar. Converse com seu filho, sua filha, na ida e na volta sobre como foi o dia, o nome dos coleguinhas, dos professores, o que fizeram que achou divertido, incentive ela a ajudar a preparar a mochila, os materiais, ajuste uma rotina, transmita segurança e ajude nas tarefas de casa. Na hora de dar tchau ao deixar a criança na escolinha, transmita confiança e fale que depois irá buscar ou avise quem irá buscar, por exemplo: depois a vovó te buscar. Com o apoio, aos poucos, a criança vai entendendo a rotina e se acostumando.
Como recuperar o impacto da aprendizagem decorrente do período da pandemia?
Vários estudos e especialistas nos têm alertado desde o início da pandemia sobre os impactos por ela causados na vida dos adultos e das crianças, incluindo a aprendizagem e o desenvolvimento delas. Entre eles, um levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com apoio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em escolas da rede pública e privada de duas cidades brasileiras, apontou impactos no desenvolvimento da expressão oral, corporal e na socialização das crianças durante o isolamento domiciliar. Portanto, é importante oferecermos às crianças a oportunidade de interagir com outras crianças, com adultos, brincar, ter tempo de qualidade, ou seja, mais tempo longe de telas e com mais experiências reais, para promovermos seu desenvolvimento saudável. Isso irá favorecer muito a aprendizagem no ambiente familiar, comunitário e escolar.
Leia a entrevista na íntegra: 1637 - 06/02/2023 - Volta às aulas (.PDF)
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.”
Os líderes da Pastoral da Criança orientam às famílias para que vacinem seus filhos, pois nesse retorno às aulas é preciso priorizar, também, o acolhimento das crianças e dos profissionais de educação.
Dra. Zilda
“As crianças são prioridade absoluta, como garante o Estatuto da Criança e do Adolescente, e merecem carinho, atenção e respeito”.
Papa Francisco
“A família precisa ser valorizada no novo pacto educativo, pois sua responsabilidade começa no ventre materno, no momento do nascimento. Porém, mães, pais, avós e a família como um todo, em seu papel educacional primário, precisam de ajuda para entender, no novo contexto global, a importância dessa etapa inicial da vida e estar preparados para agir em consequência”.