A poluição ambiental e os efeitos das mudanças climáticas representam uma ameaça cada vez mais preocupante para a saúde das crianças e gestantes, especialmente nas comunidades mais vulneráveis. Segundo o Padre Luiz Albertus Sleutjes, assessor da Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 1, a poluição do ar tem uma conexão direta com doenças respiratórias, como asma e outras infecções pulmonares.
Dados recentes do InfoAmazonia (2025) revelam que, durante as queimadas de 2024, comunidades amazônicas enfrentaram níveis extremos de poluição, muito superiores aos limites máximos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No distrito de Demarcação (RO), por exemplo, a concentração média de material particulado fino (PM2,5) chegou a 55,4 µg/m³, um índice 269% maior do que o limite diário considerado seguro pela OMS, que é de 15 µg/m³. Esse material é especialmente perigoso por penetrar nos pulmões e na corrente sanguínea, provocando impactos cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, conforme alertam os especialistas.
Esses problemas foram sentidos diretamente pelas comunidades do Amazonas. Rosângela, líder da comunidade São Paulo do Coraci, relatou dificuldades extremas causadas pela seca e pelo excesso de fumaça:
"Estamos sem água e os poços estão cheios de peixes apodrecendo. As pessoas procuram poços mais profundos do rio seco para lavar roupa e panelas. Nos demais locais, só podridão e cheiro de peixe podre. Estamos aparando água da chuva para beber, pois dos lagos e rios é impossível de beber", contou Rosângela à Pastoral da Criança, em outubro de 2024.
De acordo com a OMS, 99% da população mundial respira ar que excede os limites máximos de qualidade estabelecidos, com os maiores níveis de exposição registrados em países de baixa e média renda. Estima-se que cerca de 7 milhões de mortes por ano estejam associadas à poluição do ar. Os efeitos do material particulado e do dióxido de nitrogênio (NO2) incluem o aumento de casos de asma, internações por dificuldades respiratórias, infartos e acidentes vasculares cerebrais. A exposição contínua a esses poluentes prejudica inclusive o desenvolvimento infantil desde a gestação.
Para enfrentar esses desafios, o Padre Sleutjes reforça a importância da atuação comunitária:
"Precisamos incentivar o consumo responsável, a agricultura familiar e a educação ambiental nas escolas, igrejas e grupos comunitários. É fundamental criar redes de solidariedade ecológica e mobilizar politicamente para exigir políticas públicas que garantam práticas sustentáveis por parte de governos e empresas", defende o assessor da Pastoral da Ecologia Integral.
Nesta semana, em que lembramos o Dia Mundial da Terra, convidamos você a acessar nosso conteúdo especial sobre o tema. Leia ou ouça a entrevista completa com o Padre Sleutjes, confira os depoimentos da coordenadora nacional e do presidente da Pastoral da Criança, e conheça também testemunhos significativos de líderes comunitários sobre ações que fazem a diferença na proteção do nosso planeta.