Foto: Ilona Jędrusiak child
Nós somos responsáveis por proteger o meio ambiente em que vivemos. Mas, infelizmente, isso não está acontecendo em todo lugar. Nós mesmos poluímos o planeta. Ou então deixamos que isso aconteça ao nosso redor, quando não prestamos atenção ou não nos importamos com as escolhas de nossos familiares, amigos e instituições para descartar resíduos, economizar água, reaproveitar materiais, entre outras atitudes.
Ainda é tempo de mudar. E é preciso mudar, principalmente se pensamos no presente e no futuro das crianças. Na entrevista a seguir, a assistente técnica da coordenação nacional da Pastoral da Criança, Erica Hobold, traz sugestões de como envolver os pequenos neste cuidado com o meio ambiente, com respeito e consciência desde cedo.
Erica Hobold - Assistente técnica da Pastoral da Criança
Como ensinar as crianças a cuidar do meio ambiente?
Com a criançada não tem jeito, tem que ser bem na prática. Levar as crianças para a rua, porque elas são muito criativas, então vão acabar mexendo na terra, subindo em árvore, cavando coisas, ensaiando para plantar algo… Elas observam muitas coisas e podem começar a separar o lixo, por exemplo. Então, realmente para a criança cuidar do meio ambiente, não adianta você teorizar, tem que fazer as coisas na prática e também ser exemplo.
Atualmente, por falta de tempo para brincar e falta de contato com a natureza, algumas crianças ficam estressadas. Alguns educadores e profissionais de saúde orientam as brincadeiras ao ar livre para as crianças, não é?
Isso é uma coisa bastante séria. O natural da criança é brincar, porque assim ela fica mais conectada com o mundo, com a natureza. E, hoje em dia, as crianças estão mais conectadas com um mundo que não é muito real. Então, nós precisamos estimular as crianças a manterem contato com a terra, com a água, com o ar puro, porque assim a gente vai conseguir contribuir com a manutenção do meio ambiente.
Quais são os benefícios das crianças estarem em contato com a natureza?
Como a Pastoral da Criança faz
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Esse contato estimula muitos sentidos, porque são diversos cheiros… Se a gente deixar a criança livre, veremos que ela observa as flores, as cores, os perfumes, as texturas. Ela também desenvolve uma coisa que é muito necessária: as habilidades motoras. Mexe, abaixa, levanta, pula, salta, cava… Essas são habilidades que a criança precisa desenvolver, faz parte do desenvolvimento infantil. E essa movimentação toda, a gente não pode esquecer, também previne a obesidade. Um outro benefício que o contato com a natureza traz é fortalecer o sistema imunológico.
Dizem que as crianças podem aprender lições valiosas quando brincam na natureza. Como podemos explicar isso?
A natureza vai dando os limites. A criança aprende até onde ela pode ir, o que machuca, o que escorrega, onde ela pode tropeçar. É convivendo e vivenciando essas experiências que ela também vai amadurecer. Não só com aquelas brincadeiras de pegar, de correr, de esconde-esconde, mas também brincadeiras de observação.
Hoje, nós sabemos que a solução para lidar com o meio ambiente deve ser comunitária. Como a comunidade pode proporcionar espaços seguros para as crianças brincarem em contato com o meio ambiente?
"Nós precisamos estimular as crianças a manterem contato com a terra, com a água, com o ar puro, porque assim a gente vai conseguir contribuir com a manutenção do meio ambiente."
Às vezes, tem um terreno ou um pedaço de um terreno livre. Conversar sobre isso fortalece a relação com os vizinhos. E, então, articular na comunidade mais espaços para hortas, por exemplo, que beneficiem todas as crianças, e também um espaço para brincar. Uma coisa bastante difícil, que eu percebo, é introduzir frutas e legumes na alimentação da criança. Então, uma dica é começar a fazer uma horta em casa, com as crianças. Procurar fazer com alimentos que cresçam mais rápido, para que a criança perceba que está acompanhando aquele legume ou aquela fruta crescendo. Ou mesmo apontar pra ela: “Olha, aquela árvore lá é de maçã”, “A melancia nasce no chão, olha aqui como é”. Se a gente tiver a oportunidade, mostrar e também plantar com ela, porque a criança que se envolve com isso, ela não vê a hora de comer o que plantou.
Se alguém se empolgou e pretende fazer uma horta ou um pequeno jardim junto com as crianças, que cuidados deve tomar?
A gente tem que ter alguns cuidados no sentido de que a criança não tenha acesso a plantas ou flores venenosas, ou com espinhos, que não possa colocar na boca, porque tem muita coisa que é cheirosa, que é bonita, e a criança vai querer experimentar. Ou coisas pontiagudas que precisam ser usadas, como uma picareta, facas, coisas perigosas.
E as Ruas do Brincar? Como podem ser realizadas?
As cidades têm parques e algumas proporcionam formas de acessá-los. É importante que as famílias aproveitem esses parques que já existem na cidade. Não tendo chance disso, seria bom a gente conseguir um espaço na nossa comunidade, que não tenha que ter tanto deslocamento, nem de ônibus, nem outro transporte. Às vezes, por perto, tem um espaço bastante seguro, mas que ninguém se articulou para separar e organizar. Por exemplo, todo sábado de manhã está liberado aquele espaço para brincar. Então, se a gente conseguir se articular, é possível. Às vezes, na paróquia tem um jardim, ou mesmo um terreno baldio em que dá para falar com o dono, dar uma carpida (limpeza) e as crianças brincarem. Se a gente conseguir articular um espaço na nossa comunidade para que as crianças possam brincar, interagir umas com as outras, seria bastante interessante. De repente, fechar uma rua em um dia da semana, uma tarde ou uma manhã. A própria Pastoral da Criança já tem essa atividade, chamada de Ruas do Brincar.
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
1235 - 01/06/2015 - Meio ambiente
Foto2 : Érica Hobold
Meio Ambiente
Os cuidados com as plantas e árvores ajudam a manter o ar puro e a proteger as nascentes de água. Evitar o desperdício de água e as queimadas são cuidados com o meio ambiente que dependem tanto das pessoas quanto do poder público.
Cada um pode contribuir no cuidado com o meio ambiente. Os pequenos cuidados do dia a dia fazem do mundo um lugar melhor para todos.
Os medicamentos vencidos, ou aqueles que não serão mais usados, não devem ser jogados no lixo comum, na pia e no vaso sanitário, pois contaminam o meio ambiente. As famílias precisam separar e levar esses medicamentos em farmácias que tenham o programa de descarte, no posto de saúde ou hospital mais próximo.
Estas orientações foram retiradas do Guia do Líder (.PDF)
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