Duzentos mil brasileiros doam seu tempo em prol do desenvolvimento pleno das crianças em todo o Brasil
Mais de 30 mil pessoas vieram a Curitiba para participar da Celebração Dra. Zilda. Eles saíram de todas as regiões do país, incluindo estados distantes como o Maranhão e o Tocantins, para homenagear a fundadora da Pastoral da Crianças e apoiar a sua beatificação. A Irmã Carol Adamiec, missionária da Diocese de Viana, no Maranhão, e seu grupo foram um dos primeiras a chegar. Ela organizou uma caravana de 50 voluntários do estado para vir à Celebração. “Foram três dias de viagem, trouxemos a animação do nordeste e fomos muito bem acolhidos. Todos ficaram muito emocionados e satisfeitos. É um grande sonho que estamos realizando”, afirmou a religiosa.
A carioca, Maria Tereza dos Santos, líder da Pastoral da Criança há 15 anos, integra a maior carava. Ela atua como voluntária no bairro de Santa Cruz, setor oeste da cidade do Rio de Janeiro. Seu neto, hoje com 19 anos, foi acompanhado pela Pastoral da Criança, e depois da recuperação do garoto ela decidiu se tornar uma voluntária. “Eu conheci a Dra. Zilda, tive em vários eventos com ela e agora vamos celebrar o seu trabalho como missionária”, contou Maria Tereza.
A paranaense Vitória de Carlos Garcia, coordenadora da Pastoral na Paróquia Santa Rosa de Lima, em Maringá, é voluntária há 24 anos. “Conheci a Dra. Zilda em Maringá (PR), ela dava palestras para a gente, era muito bom. Hoje eu já me emocionei no Museu da Vida, imagina como vai ser aqui”, falou Vitória antes de entrar na Arena.
Quem são os voluntários da Pastoral da Criança
Desde sua fundação, em 1983, a Pastoral da Criança é constituída pela ação de voluntários, a maior parte mulheres (88%), com idades entre 30 e 59 anos, que vivem nas comunidades pobres em que atuam. Atualmente, a organização conta com a colaboração de mais de 200 mil pessoas, que acompanham mensalmente mais de 1,2 milhão de crianças de zero a seis anos. A ação está presente em 35 mil comunidades de todos os estados do Brasil e em 20 países da América Latina, África e Ásia.
Todos os voluntários passam por uma capacitação, na qual aprendem sobre as fases de desenvolvimento das crianças, desde a gestação até os seis anos de idade. Capacitados, eles começam a desenvolver as atividades de acompanhamento mensal das famílias da sua comunidade. Cada grupo é liderado por um coordenador comunitário (vinculado a uma paróquia) e esses, por sua vez, estão vinculados a coordenações regionais (diocesanas), estaduais e à coordenação nacional, que tem sede em Curitiba.
O voluntário da Pastoral da Criança, conhecido como líder comunitário, realiza três atividades a cada mês: a Visita Domiciliar, o Dia da Celebração da Vida e a Reunião de Reflexão e Avaliação (RRA). O líder comunitário visita mensalmente as famílias acompanhadas, orientando-as sobre o valor nutritivo dos alimentos, ajudando a identificar a desnutrição, a fortalecer o aleitamento materno, controle de doenças respiratórias e diarreia, uso do soro caseiro, prevenção de acidentes domésticos, entre outras ações simples, baratas e facilmente replicáveis. Após a visita, as famílias levam suas crianças para participar do Dia da Celebração da Vida, dia do mês em que as crianças são pesadas na comunidade. Para finalizar o processo, os voluntários realizam uma reunião para avaliar e planejar.
A mortalidade infantil, entre as crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança, é de 9,5 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos (dados 2013), sendo que a média geral nacional é de 15,6 por mil, segundo o IBGE (2010). Um aspecto significativo é que a Pastoral da Criança atua exclusivamente em comunidades muito pobres, nas quais a média de mortalidade infantil costuma ser até o dobro da taxa nacional. Em 2013, a desnutrição atingiu, em média, 1,4% das crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança.