Foto: Marcello Caldin
Humanizar é promover o bem comum por meio da compreensão e do respeito aos sentimentos humanos. No campo da saúde, não é diferente. A humanização dos serviços busca melhorar o atendimento aos usuários, a qualidade nos serviços prestados e no tratamento, as condições de trabalho e a participação da comunidade nas decisões.
Infelizmente, vivenciamos e ouvimos histórias que mostram que ainda precisamos lutar muito para tornar a humanização uma realidade em todo o país. “Eu estava acompanhando uma gestante e em uma das visitas, percebi que ela estava muito nervosa e alterada. Perguntei o que estava acontecendo e ela me disse que estava sentindo os nervos à flor da pele e vários sintomas, que me fizeram pensar de imediato que ela poderia estar tendo uma pré-eclâmpsia, como aprendemos no Guia do Líder. Orientei ela a ir até o posto de saúde e consultar com o médico que estava acompanhando ela no pré-natal. Foi quando ela me disse que já tinha ido no postinho e que o doutor tinha dito que não era nada, que ela podia voltar pra casa”, contou a coordenadora da Diocese de Quixadá (CE), Lidiana Maria de Oliveira França.
“Eu sentia que tinha algo errado, alguma coisa estava acontecendo. Achei que ela não tava conseguindo contar o que estava sentindo, não estava se fazendo entender. Falei para ir de novo, explicar tudo o que tinha sentido e ela foi. Lá, o médico entendeu que ela estava com um problema e de imediato ela teve de ser encaminhada para uma cidade vizinha nossa, que tem mais assistência. Então, ela foi encaminhada para lá, ficou internada e pouco depois teve uma convulsão que fez com que os médicos interpretassem que ela estava com meningite. Só que não era, ela estava tendo uma pré-eclâmpsia mesmo. Toda essa confusão foi muito traumática pra ela, já que teve de ficar isolada e acabou ficando com uma pessoa que realmente estava com meningite. Ela ficou muito assustada, o medo dela era ter pego a doença no hospital. Só depois que eles foram fazer o exame ver se ela tinha a doença, internaram ela primeiro. Foi uma coisa pavorosa, um grande erro médico”, afirmou a coordenadora.
Dra. Zilda
“Os serviços de saúde devem favorecer o acesso, ter boa qualidade e atender de forma humanizada, com carinho, respeito e dignidade”.
Papa Francisco
“Temos de reconhecer que nenhum dos graves problemas da humanidade pode ser resolvido sem a interação dos Estados e dos povos a nível internacional”.
“Hoje, ela e o bebezinho estão bem, todos saudáveis, mas foi um susto. Depois de tudo, ela ficou sendo acompanhada por uma enfermeira, que até veio pedir desculpas pra ela pelo erro, a má interpretação que fizeram”, falou Lidiana.
“Depois, conversando com a enfermeira, ela me explicou que muitas vezes a pessoa não conhece o próprio corpo, não consegue dizer o que está sentindo ou dá outras características do problema, o que acaba resultando nesses casos. Eu, quando visitei ela, senti que podia ser uma pré-eclâmpsia e se tratando de uma gestante, a gente não pode chegar assim, afirmando qual é a doença, temos de informar que ela existe, que é um risco para a saúde da mãe e do bebê, sem assustar, dando uma informação direta que não temos certeza. O médico precisa ter esse cuidado, conversar com a pessoa, conhecer toda a história, entender aquela mulher que tá ali sofrendo e necessitando de ajuda, para então buscar a solução, fazer o atendimento de acordo com o problema”, comentou.
“Quando a gente pensa em humanização, não precisa ser uma história assim como a dessa mãe que acompanhei. A humanização começa nos postos de saúde, nos pronto-atendimentos, em que as pessoas chegam horas antes na fila para pegar uma senha, aguardar o atendimento, ficam esperando fora do posto. Teve gente que já foi até assaltada. Às vezes, é alguém que tem até um problema menor, uma dor leve, mas que tem de ir pra UPA, porque não tem nem condição de ir pro hospital. Humanizar o atendimento, o espaço, a realidade, é uma prioridade e a comunidade toda tem de buscar isso, se unindo, participando dos conselhos, conversando com os articuladores, ajudando a decidir mesmo”, lembrou Lidiana.
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
Buscar a humanização nos serviços de saúde, como forma de respeitar a vida e os sentimentos humanos, é essencial para promover o bem-estar de todos na comunidades, conforme o 3º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável, proposto pela ONU.