Se considerarmos sua história e a geografia, a cidade de Aquidauana (MS) já tem uma forte ligação com a terra: é conhecida como Portal do Pantanal (um dos mais belos e completos ecossistemas do mundo) e ainda abriga diversas aldeias indígenas, que vivem da produção agrícola. É deste lugar que vem um exemplo que envolve a relação entre o ser humano e os frutos que a terra dá, quando há respeito, preservação e boas iniciativas.

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Atividades com alimentos plantados pela comunidade, em Aquidauana (MS)

A Campanha da Fraternidade de 2012, que tinha como tema “Fraternidade e saúde pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”, foi a inspiração de Eliene Santos da Silva de Albuquerque – que atua como líder e capacitadora/multiplicadora da ação de Alimentação e Hortas Caseiras da Pastoral da Criança na comunidade Santo Antônio (Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição – Diocese de Jardim). “Eu me animei. Achei linda essa campanha da fraternidade. Vi que tinha tudo a ver eu passar para a frente aquela capacitação que eu fiz”, conta a líder, se referindo ao preparo que havia recebido no ano anterior, para desenvolver a ação complementar das hortas caseiras.

Inspiração e organização para conquistar apoio

Eliene, Suely Linche (coordenadora diocesana) e Evanir Cunha (coordenadora paroquial) se reuniram com os demais líderes da Pastoral da Criança e fizeram um projeto. Marcaram, então, uma reunião com o prefeito de Aquidauana, para apresentá-lo e solicitar o que era necessário para plantar (sementes, por exemplo).

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“Que Deus abençoe a cada um que se dedica a garantir a qualidade de vida para todos”.

Papa Francisco

“Sobre vós, vossas famílias e quantos participam nas obras corporais e espirituais das vossas paróquias, das associações e dos movimentos, invoco alegria e paz no Senhor Jesus Cristo e na carinhosa proteção de Maria, nossa Mãe”.

Com esse material, foi construída uma grande horta nos fundos da paróquia, que logo cresceu e envolveu mais gente em seu cultivo. “Temos a 'hortinha-mãe', onde a gente semeia e produz mudas. Quando estão germinadas, são distribuídas durante a Celebração da Vida. É uma experiência que deu certo, para despertar o interesse! Porque quando a gente distribui só a semente, corre o risco de não ser plantada, como acontecia. E quando já vai a bandeja com a muda, a pessoa vê o comecinho do resultado e fica mais animada para colocar na terra. Então, quando a gente volta lá, por menor que seja, já está plantada” – explica a líder, sobre a estratégia usada para sensibilizar as famílias.

Para Eliene, outro ponto importante é dar o exemplo: “Nós, líderes, temos que começar em nossas casas, para então incentivar as mães. Temos que ter nossos canteirinhos. Quando se aprende a plantar, se pega gosto. É só a gente cultivar com amor”.

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Adubar a terra, nutrir ideias e envolver a comunidade

Nos dias de Celebração da Vida, também são realizadas reuniões socioeducativas, destacando a importância da alimentação saudável, das vitaminas e demais nutrientes para a saúde. “A gente trabalha com eles esse jeito de fazer a diferença, aproveitar tudo aquilo que nós temos, como as frutas do quintal. E cultivando mais hortaliças verdes, como couve, rúcula, salsinha e cebolinha. Além de ser bom, vai ficar mais barato, não vai precisar comprar no mercado. E é natural, não tem agrotóxico. As mães estão gostando e continuando, envolvendo as crianças também, no molhar, no cultivar, colocar a mão na massa. É um compromisso da casa, da família. As crianças têm que ajudar a cuidar da plantinha”, relata Eliene.

Mesmo os municípios que ainda não tiveram contato com a ação complementar de Alimentação e Hortas Caseiras da Pastoral da Criança podem começar a promover transformações, identificando potenciais e incentivando o plantio de verduras, legumes e frutas (seja em um quintal ou em pequenos espaços, como um vaso ou garrafa pet). E, também, demonstrando às famílias os benefícios de escolher alimentos saudáveis para suas refeições.

Que a empolgação de Eliene possa inspirar o plantio de mais hortas caseiras, em outras regiões. Esse é um exemplo de iniciativa que mobilizou a comunidade de maneira mais ampla, promovendo mudanças reais no jeito de cuidar da alimentação e dos espaços produtivos em casa.