Pediatra brasileira, Zilda Arns Neumann, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança e Pastoral do Idoso, morreu durante um terremoto que atingiu o Haiti em 2010.

Dia 12 de janeiro de 2010, Porto Príncipe-Haiti. Em uma ajuda humanitária, quando conversava com um grupo de voluntários e padres sobre a Pastoral da Criança, dra. Zilda foi vítima do violento abalo sísmico que assolou aquele país.

Foi uma terrível tragédia, uma perda inestimável. Não obstante, sua morte não poderia ser diferente daquilo que foi sua vida: amor e serviço aos mais pobres. Ela amou até o fim, fez da sua vida uma oferta, buscando retirar da cruz os crucificados pela exclusão social.

Dra. Zilda aprendeu de Jesus que é preciso lavar os pés uns dos outros, que o Maior é o servidor de todos, quem quer, perde a vida para ganhá-la. Assim, pautou sua existência e, por isso, deixou um rastro luminoso na história da humanidade.

Com formação em Medicina e especialização em saúde pública, dra. Zilda buscou salvar as crianças pobres da mortalidade infantil. A pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), criou a Pastoral da Criança que é referência mundial no combate à desnutrição.

Esse não é meramente um trabalho assistencial da Igreja Católica, mas sim um projeto de solidariedade, conhecimento, educação, cidadania, espiritualidade e de formação integral do ser humano.

O que é mais triste em tudo isso, é que mesmo depois de um ano do terremoto, pouca coisa mudou no Haiti: Cólera, fome, lixo a céu aberto, ausência de remédios e falta de saneamento básico fazem com que milhares de pessoas vivam na indigência e na extrema miséria, sobrevivendo com as migalhas da ajuda humanitária internacional.

Ao celebramos um ano de seu falecimento, queremos que o seu exemplo e sua vida seja húmus para ajudar a fecundar e fazer germinar novas iniciativas em prol daqueles que mais precisam. Dizia ela em seu discurso: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo significa trabalhar pela inclusão social, fruto da justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam”.

Obrigado dra. Zilda Arns! Sua vida é um farol a apontar o caminho da partilha, da solidariedade e da gratuidade. Seu testamento será sempre o amor e a defesa pela vida.

 

Pe. Raphael Colvara Pinto

Pároco da Catedral de São Pedro