Niterói – Rio de Janeiro
ECOS DA MENSAGEIRA

Com esse tema bíblico, doutora Zilda Arns, que morreu nesse mês de  janeiro de 2010 no dia 12, dentro de uma igreja, juntamente com o arcebispo de Porto Princípe dom Serge Miot, no Haiti, após ter proferido uma palestra a pedido da Conferência dos Religiosos, no terremoto que abalou o país.  Ela estava acompanhada de sua assessora irmã Rosângela Altoé que felizmente sobreviveu a tragédia.  Fundou a Pastoral da Criança em 1983, com o incentivo do então bispo de Londrina dom Geraldo Majella, paróquia São João Batista, arquidiocese de Londrina.  Município escolhido por ter o pior índice de mortalidade infantil no país na época.

Ela era viúva desde 1978, médica sanitarista, mãe de cinco filhos, tendo um morrido a pouco tempo, quatro netos.  Recebeu vários prêmios internacionais: Heroína da Saúde Pública das Américas, entregue pela OPAS em 2002, a medalha Simon Bolivar da Câmara Internacional de Pesquisa Integrada Social, em 2000, entre outros.  No Brasil destacamos entre outros diplomas e medalhas, a pacificador da ONU, concedido pelo Parlamento Mundial de Segurança e Paz, o troféu do Destaque Nacional Social, principal prêmio do evento “as mulheres mais influentes do Brasil”, a medalha da inconfidência, etc.  É importante ressaltar que a Pastoral da Criança é um organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).  Ela é constituída por cerca de 260 mil voluntários, acompanhando o desenvolvimento de 1,8 milhões de crianças.  Junto ás crianças se atende 94 mil gestantes em 42 mil comunidades pobres espalhadas em 4006 municípios em todos os estados brasileiros.

Em 2008 ela fundou a Pastoral da Pessoa Idosa.  Com uma visão e ação que se opõe à mortalidade do capitalismo que esquece e exclui a pessoa quando ela não pode mais trabalhar.  Se resgata e valoriza o potencial da pessoa idosa através de uma metodologia de convivência e ação visando a auto-estima e a união da mesma.

As duas ações procuram orientar e conscientizar as pessoas sobre seus direitos e deveres.  O desenvolvimento infantil e a valorização do idoso.  Gostaríamos de destacar um serviço que deveria  ser exercido pelas demais pastorais e movimentos que é a atuação junto aos Conselhos Nacionais, Estaduais e  Municipais de Saúde, Direitos da Criança e do Adolescente e Segurança Alimentar, garantidos pelas Leis de nosso país.  É importante lembrar das ações complementares, como alfabetização de adultos, ações de geração de renda e escolarização de adultos.

Esse serviço com dedicação, renúncia e muito amor é realizado por pessoas de outras igrejas e para qualquer pessoa, mesmo sem crer.  Ele é feito de modo personalizado a 15 famílias mensalmente em que o líder orienta e anota os passos do desenvolvimento da criança e do estado da gestante.

É bom que fique claro que a Pastoral não faz um trabalho de assistencialismo, doações de bolsas, dinheiro, remédios, etc.  A conscientização dos deveres e direitos, a participação e acompanhamento e fiscalização de tudo que é público, concretiza essa ação social.  O importante e necessário é dar condições e meios para que a pessoa caminhe com os seus “próprios pés”: que tenha dignidade e possa ser livre economicamente, politicamente e culturalmente.  Disse Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida em abundância”, por que apenas poucos tem nas mãos os recursos, os benefícios e os bens da nação, de que adiante ter um estado, um município, em que a maioria vive “mendigando” favores e “preso” a uma estrutura que não dá “independência” e os seus cidadãos não podem ter meios de sobrevivência administrada por ele?

Concluo dizendo que o Brasil pode ser dividido antes ee após a Pastoral da Criança.  As crianças e gestantes que viveram antes de depois, principalmente os mais pobres.

Sem dúvida viver a fé na direção social é uma marca que a Pastoral da Criança deixa para toda a Igreja do Brasil e fora dele.

Essa mulher, mãe, avó e viúva, filha da Igreja orgulha mulheres e homens, filhos da Igreja Católica.  Sem dúvida, nosso país, nossa Igreja, teve uma “santa” no início desse século, modelo para o mundo, tão carente de respeito pela vida e sua dignidade.

Obrigada Deus pela vida da doutora Zilda Arns, obrigada pelo sim de seus filhos e filhas voluntários.  Como posso ter olhos para ver, a presença de Deus na história, no meio de nós.

Invoco a benção de Deus para que a morte dele impulsione mais e mais esse trabalho divino da coordenação nacional, estadual e municipal.

Viva a Pastoral da Criança!

Colaboração: Padre José Alves Filho (padre Zito) – pároco