O escritório dedicado ao desenvolvimento técnico do projeto que reúne o governo brasileiro e o PNUD em prol da recuperação do sistema de saúde do Haiti receberá o nome Zilda Arns, em homenagem à médica e sanitarista brasileira que fundou a Pastoral da Criança e foi uma das mais de 200 mil vítimas do terremoto que atingiu o país caribenho em janeiro de 2010.
"É uma justíssima homenagem. O espaço alugado, de 200 metros quadrados e localizado no mesmo edifício da Embaixada do Brasil na capital Porto Príncipe, vai abrigar a equipe que vai trabalhar no projeto e o corpo técnico durante missão de trabalho no Haiti", afirma Carlos Felipe Almeida D'Oliveira, coordenador da iniciativa e consultor do Ministério da Saúde brasileiro.
"Zilda Arns já era parceira do Ministério da Saúde há anos e estava no ano passado no país caribenho para iniciar os trabalhos da pastoral", acrescenta o coordenador, que integrou, de 18 a 24 de fevereiro, uma nova missão de implementação do projeto no Haiti e de articulação entre os parceiros envolvidos na iniciativa.
Na ocasião, foi realizada, em conjunto com engenheiros da área da saúde, uma visita ao espaço em que será construído, na região de Carrefour, zona metropolitana de Porto Príncipe, um posto misto de atendimento, adaptação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) brasileiras. "O serviço vai atender uma área onde vivem 600 mil pessoas", afirma Carlos Felipe.
O projeto, que entrou em vigor em janeiro deste ano e possui duração até dezembro de 2012, prevê a construção de mais três postos mistos, que, no caso do Haiti, atuarão não apenas em urgências e emergências, mas também em procedimentos de média complexidade e cirurgias.
O cronograma estipula também o desenvolvimento do Instituto Haitiano de Reabilitação – para portadores de deficiência –, a aquisição de ambulâncias e a instalação de uma rede de frio, composta por equipamentos – freezers horizontais e freezers adaptados a veículos – utilizados em campanhas de vacinação.
Parcerias
A iniciativa, que integra uma série de acordos firmados no ano passado entre o Ministério da Saúde brasileiro e o PNUD para fortalecer a saúde pública e o sistema de vigilância epidemiológica no Haiti, deve movimentar US$ 53 milhões em investimentos brasileiros e conta ainda com parcerias com outras agências da ONU e Cuba, que designou médicos para capacitação da mão de obra.
"Esse grande projeto financiado pelo Brasil será, sem duvida, uma referência de como três países (Brasil, Cuba e Haiti) e, por outra parte, várias agências das Nações Unidas (PNUD, UNOPS, OPS-OMSe UNICEF), conseguirão se complementar para ter o melhor resultado possível em beneficio da saúde da população haitiana", define Arnaud Peral, representante-residente adjunto do PNUD no Brasil.
O oficial de projetos Sul-Sul do PNUD, Daniel Furst, que fez parte da missão de fevereiro no país caribenho, também destaca a integração entre todas as partes envolvidas na recuperação e aprimoramento do sistema de saúde do Haiti. Ele reforça ainda que um dos objetivos da iniciativa é fazer com que o conhecimento intercambiado possa ser bem aproveitado pelo país caribenho.
"Entre os fatores que merecem destaque na iniciativa está a forma como a parte haitiana a acolheu, para poder utilizá-la como política pública. Buscamos a inclusão de técnicos locais para promover o desenvolvimento sustentável dos programas", acrescenta.