Tema: Família Acolhedora
Foto: Acervo da Pastoral da Criança
Segundo o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, de Campinas (SP), “as vezes, tudo que uma criança precisa para atravessar uma turbulência em sua vida familiar é ser acolhida provisoriamente por outra família”. No site do Serviço, explica-se que as famílias acolhedoras: “acolhem, em suas residências, crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por medida de proteção, em função de abandono ou pelo fato de a família se encontrar temporariamente impossibilitada de cumprir suas funções de cuidado e proteção”. Por um período em geral curto (dias a poucos meses), são realizados esforços para que as crianças e adolescentes possam voltar ao convívio com sua família de origem. As famílias acolhedoras são muito importantes na rede de proteção à criança. Esse modelo de acolhimento já foi implantado com sucesso em diversos países. Apesar de ser uma iniciativa ainda pouco conhecida no Brasil, alguns estados e cidades já avançaram nessa discussão e possuem boas experiências. A proposta é que, ao invés de crianças em medida protetiva ficarem em abrigos durante o período em que são afastadas de seus pais ou cuidadores, elas sejam cuidadas por uma família acolhedora. A família acolhedora pode ser voluntária ou receber recursos financeiros para cuidar dessas crianças. Uma equipe de profissionais especializados acompanha essas famílias acolhedoras. Dessa forma, a criança é protegida em um ambiente afetuoso, com possibilidades de ter seu desenvolvimento integral e o retorno à família biológica. Vale lembrar que, no dia a dia, a Pastoral da Criança procura medidas de fortalecimento da própria família, exercendo também um papel de prevenção da violência e de outras questões que possam levar ao afastamento da criança. Esgotadas as possibilidades, aí sim parte-se para instâncias fora do contexto familiar. Saiba mais na entrevista com Maristela Cizeski, Articuladora de direitos da Pastoral da Criança, membro da Rede Nacional da Primeira Infância e do Movimento Nacional Pró-convivência Familiar e Comunitária.
Sabemos que o lugar da criança é junto com a família. Por que a criança precisa crescer na família?
Programa de rádio Viva a Vida
1524 - A criança e a Família - 07/12/2020
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
É na família que a criança está segura, é amada e protegida e usufrui do sentimento de pertencimento. É na família que a criança aprende valores, partilha, amor, solidariedade, limites e responsabilidades e forma relações duradouras por toda a vida.
A Constituição Federal, no seu Artigo 227, garante que a criança tem direito de ser criada no seio de sua família. O Estatuto da Criança e do Adolescente reafirma que a criança deve ser criada e protegida no seio de sua família natural, ou seja, os seus pais. E se isso não for possível, na família extensa ou na família socioafetiva e, na impossibilidade disso, numa família acolhedora.
Só em casos extremos e excepcionais os pais perdem temporariamente o direito de ficar com os filhos. Em quais são os casos?
Efetivamente, uma criança só pode ser afastada do convívio familiar mediante graves violações de direitos e onde os pais não exercem seu dever protetivo. Por vezes, a família passa por dificuldades e não consegue proteger a criança, colocando em situação de risco o seu desenvolvimento pleno, afetando diretamente sua qualidade de vida e bem-estar, privando dos seus direitos fundamentais à saúde, à educação, à alimentação e expondo-a à violência e não consegue cuidar, proteger e educar a criança.
Maristela Cizeski
Quando os pais não conseguem cuidar de suas crianças, qual é a melhor saída?
Essa criança precisa de proteção e, nesses casos, a melhor saída é a comunidade se reorganizar e procurar o Conselho Tutelar para que o Conselho Tutelar possa acionar o Estado, acionar mais fortemente a comunidade e a família, para tirar a criança da situação de risco, aplicando as medidas de proteção à criança e à família, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nos casos de graves violações, quando a criança não pode permanecer na sua família natural, os seus pais, primeiro, deve-se procurar a família extensa, que pode e deve dar proteção a essa criança, assim substituindo e ajudando os pais, ficando com a criança de forma legal.
E, no caso de impossibilidade da família extensa estar comprometida com a criança, é salutar e legal que o município tenha família acolhedora. E, juntos, a comunidade, a família natural, a família acolhedora ou a família extensa, preparam esta criança para o seu retorno à sua família natural, ou seja, aos seus pais, na sua comunidade.
Como a Pastoral da Criança ajuda a reforçar os vínculos familiares para que a criança possa crescer na família?
A Pastoral da Criança, primeiramente, deve ajudar a formar comunidades protetivas e solidárias. As comunidades sendo protetivas e solidárias, elas devem desenvolver atividades que contribuam com o processo de desenvolvimento saudável e harmonioso, promovendo o desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades. Isso implica no fortalecimento dos vínculos e convívio familiar e comunitário e na prevenção de situações de risco social. E isso faz toda a diferença no desenvolvimento da criança e colabora também numa ação de proteção da família e da comunidade.
Leia a entrevista na íntegra: 1524 - A criança e a Família (.PDF)
16º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
"Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar oacesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis"
A Pastoral da Criança procura levar todas as informações necessárias às famílias acompanhadas, através dos nossos líderes, para que todas as crianças tenham um desenvolvimento pleno. Algumas medidas, como parcerias com os Agentes de Saúde, são tomadas para garantir que o apoio a essa criança e às famílias seja completo e de qualidade.
Dra. Zilda
"O melhor resultado para a paz nas famílias é cuidar bem das crianças, para que elas tenham oportunidade de se desenvolver, tenham saúde, alegria de viver e fé em Deus”.
Papa Francisco
“A família é a comunidade de amor em que cada pessoa aprende a se relacionar com os outros e com o mundo”.