Foto: Eduardo Queiroga, para dossiê 'Parteiras Tradicionais do Brasil' (Iphan/UFPE)
Neste dia 20 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Parteira, data instituída para homenagear o trabalho dessas mulheres que atuam em regiões isoladas e em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. A atuação das parteiras é reconhecida pelo Ministério da Saúde como um importante reforço para o cuidado da mulher e da criança, fazendo parte da rede comunitária de atenção à saúde e contribuindo, inclusive, para a redução da mortalidade infantil.
O Governo Federal e secretarias estaduais de saúde promovem qualificação para as parteiras tradicionais a partir de cursos e formações. Além disso, o Ministério da Saúde lançou, em 2012, o “Livro da parteira tradicional", com informações sobre gestação, saúde da mulher e do bebê, além do alerta sobre em que momentos é necessário buscar o suporte médico hospitalar.
Recentemente, o Governo Federal reinstituiu a Rede Cegonha, estratégia voltada para garantir atendimento de qualidade, seguro e humanizado para as gestantes no SUS. Com a rede, os governos municipal, estadual e federal devem respeitar as necessidades de todas as mulheres, inclusive daquelas que são assistidas pelas parteiras.
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Parto humanizado
Um dos legados do trabalho das parteiras tradicionais para a medicina é o parto humanizado. Esse conceito não significa que o bebê necessariamente precisa nascer de forma natural. A definição de parto humanizado está ligada ao respeito à gestante e à criança em todo o processo.
Por isso, a ideia de parto humanizado é preconizada pelo Ministério da Saúde em todos os nascimentos, inclusive na rede hospitalar comum, e é defendida pela Pastoral da Criança e por outras instituições de defesa da mulher, da criança e da vida.
O parto humanizado se apoia na ideia que o bebê escolhe a hora de nascer, por isso a cirurgia cesariana não deve ser marcada, apenas usada como recurso em caso de necessidade, principalmente se houver risco à vida da criança ou da gestante.
Outro ponto fundamental é o respeito à gestante, que deve ser informada de todas as ações da equipe médica e ser ouvida ao tomar suas decisões, além de ter um ambiente emocionalmente confortável, seguro e sem violência.
O plano de parto é um documento que ajuda a garantir à gestante que seus direitos sejam respeitados na hora do nascimento de seu filho. Os líderes da Pastoral da Criança podem ajudar na confecção do plano de parto.
Leia mais sobre o assunto nos links a seguir e saiba como se proteger e combater a violência obstétrica.
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Maria Inês Monteiro de Freitas, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança.
(MENSAGEM) Maria Inês Monteiro de Freitas, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança.
A Pastoral da Criança defende o parto humanizado, no qual a mulher que vai ganhar bebê é respeitada em seus direitos de cidadã, de mulher e de mãe. Ela tem o direito ao acompanhante no momento do parto e direito a se sentir emocionalmente confortável, com um parto seguro e sem violência. Gestante, converse com os líderes. Converse com os profissionais da Unidade Básica de Saúde onde você faz o pré-natal e decida pela melhor opção que vai garantir mais segurança e saúde para você e o seu bebê.
Regina Dolores Carneiro, Suplente da Coordenação Estadual da Pastoral da Criança do estado de Minas Gerais.
(DEPOIMENTO) Regina Dolores Carneiro, Suplente da Coordenação Estadual da Pastoral da Criança do estado de Minas Gerais.
Regina, que orientações a Pastoral da Criança dá para as gestantes sobre o parto?
A Pastoral da criança sempre orienta a gestante a fazer um pré-natal de qualidade, porque o pré-natal é muito importante. Ela precisa também fazer um plano de parto, observar os sinais de perigo e ter sempre a certeza de que ela precisa ter um ambiente de qualidade para ganhar o seu bebê. Ela precisa de um acompanhamento adequado. E sempre pensando que o parto normal é o parto melhor para a criança. A cesariana deve ser feita só se for necessário.
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Karen Estevam Rangel, enfermeira obstetra que trabalha em Curitiba, Paraná.
ENTREVISTA COM: Karen Estevam Rangel, enfermeira obstetra que trabalha em Curitiba, Paraná.
Karen, qual é a diferença entre uma parteira tradicional, uma enfermeira obstetra, uma doula e um médico obstetra?
Com certeza, inúmeros avanços eu poderia relatar, mas temos aqueles que mais se destacam, como as formações contínuas, as parcerias conquistadas, as campanhas que trazem melhoria de vida para as crianças e gestantes, como por exemplo, dormir de barriga para cima, toda gestação dura mil dias, lavar as mãos, porém, sem dúvida, com um principal avanço vem o aplicativo, uma nova casa aberta espalhando conhecimento e ampliando um novo olhar para atuação da Pastoral da Criança, favorecendo assim informações com mais rapidez, facilidade aos voluntários para acompanhamento das famílias, conhecimento e aprendizado das lideranças e interação entre liderança e coordenação, levando nossa mensagem transformadora aos nossos crianças e gestantes.
A parteira tradicional geralmente tem como guia, como norte de seus estudos, a sua vivência do dia a dia. Elas aprendem esse ofício passado de mulher para outra mulher. Então, normalmente, são suas avós, mães, que já eram parteiras, e elas acompanhavam esse ofício na família.
A gente ainda tem a enfermeira obstetra, que é uma enfermeira especializada em obstetrícia. Ela está mais relacionada a partos em regiões urbanas e centros hospitalares.
A doula é uma profissional que não é da área da saúde, ainda não tem um ofício profissional, mas ela está ligada nesse momento do parto e do pós-parto, ligada no preparo da mulher para o trabalho de parto e auxilia nos momentos do parto, nas relações emocionais. Mas ela não faz a avaliação clínica da parturiente no trabalho de parto, ela não escuta o coração do bebê ou o toque vaginal. Então, ela não atende o parto, ela atende a gestante no momento do trabalho de parto e ela faz parte da equipe naquele momento.
Já o médico obstetra ou a médica obstetra tem a formação de medicina e se especializa em ginecologia e obstetrícia. Então, o médico obstetra atua principalmente no alto risco em gestantes com alguma alteração de saúde, pressão alta, diabetes, etc. Diferente da parteira e da própria enfermeira obstetra e da doula.
Karen, como o trabalho das parteiras tradicionais ajuda a reduzir a mortalidade materna e infantil?
Bem, no meu ponto de vista, o ofício da parteira tradicional é esse elo de ligação entre as mulheres que estão longe dos locais de saúde, de hospitais ou unidades básicas de saúde, e elas conseguem fazer esse papel de vínculo e união entre essas mulheres e os ambientes de saúde, bem como atendê-las sem necessidade de locomoção, porque muitas vezes essas gestantes e parturientes, elas estão a quatro horas de distância do centro hospitalar e esse transporte seria realizado de barco. Elas não conseguem ter consultas de pré-natal com frequência por conta dessa locomoção. E algumas questões importantes de saúde que poderiam ter sido visualizadas no pré-natal, se ela não tiver essa assistência, não é sinalizado. Então, as parteiras fazem esse elo de ligação, diminuindo as chances de mortalidade materna e infantil, porque elas estão na assistência, elas estão realizando pré-natal, elas estão realizando a assistência ao parto de maneira mais segura e deixando essas mulheres seguras também e sendo esse apoio para os sistemas de saúde.
Karen, o que é o parto humanizado e qual é a relação com o trabalho das parteiras tradicionais?
Então, o parto humanizado, hoje, a gente já sabe que é uma tríade entre informação, a própria mulher ser protagonista no parto dela e a assistência segura baseada em evidência científica. Então, hoje a gente sabe que o parto, a gente tenta retomar aquilo que era anos atrás, que era o que as próprias parteiras já faziam. Então, o próprio respeito ao corpo da mulher, às decisões da mulher, ouvir a mulher e informar sobre o que está acontecendo e o processo como ele se dá. Então, no parto humanizado, a gente tenta sempre resgatar aquilo que é fisiológico do próprio corpo da mulher, pois o corpo foi preparado para esse momento.
Programa de rádio Viva a Vida 1739 – 20/01/2025 – Dia Nacional da Parteira
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Leia a entrevista na íntegra
1739 – 20/01/2025 – Dia Nacional da Parteira
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades
3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000 nascidos vivos
3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos
Dra. Zilda
“Há muito o que se fazer, porque a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo feitos precisam ser valorizados para que gerem outros ainda maiores”.
Papa Francisco
“Peçamos ao Senhor que o nosso trabalho de hoje nos faça a todos mais humildes, mais mansos, mais pacientes, mais confiantes em Deus, para que, assim, a Igreja possa dar um belo testemunho às pessoas que vendo o Povo de Deus, vendo a Igreja, sintam vontade de vir conosco!”.