Não é incomum ouvirmos de pessoas mais velhas que na época delas as mulheres ficavam 40 dias de “resguardo”. E isso não incluía apenas evitar fazer grandes esforços – o que ainda é altamente recomendado pelos profissionais de saúde – mas tratava-se também de privar-se de outras atividades. E entre estas, estava não lavar a cabeça durante todo este tempo, não sair “no vento”, e alguns chegavam até a pregar que as parturientes deveriam ficar por períodos sem banho. “Tratamos destes mitos com calma, conversamos com as líderes para que elas esclareçam para as mães que isso não faz mal”, conta Lúcia Schuster, coordenadora estadual da Pastoral da Criança no Mato Grosso.
Segundo a coordenadora, o mais comum é o mito de lavar a cabeça, mas em alguma medida, os demais também são ouvidos pelas líderes, especialmente entre as mães que não têm experiência. E quem costuma “ensinar” estes mitos, são pessoas da própria família, “especialmente as mulheres mais velhas”, afirma. A indicação feita pelos líderes da Pastoral da Criança em todo o estado é a mesma: “Falamos que depois que o bebê nasceu pode fazer todas as atividades normais, só não pode ultrapassar os limites”, relata Lúcia.
Dra. Zilda
"Estamos vencendo na medida em que perseveramos no amor”.
Papa Francisco
“Deus chama-nos a reconhecer os perigos que ameaçam as nossas próprias famílias e a protegê-las do mal”.
As afirmações escutadas pelas líderes estão relacionadas à crença de que contrariar essas regras antigas, como lavar os cabelos, pode não fazer bem para a mulher, e gerar problemas posteriormente. “As líderes explicam para as mães que é importante que elas estejam bem limpas, porque o que vai fazer mal é o não lavar a cabeça, a falta de higiene”, ressalta a coordenadora.
Mudança de pensamento
Mas as coisas têm se modificado. Vera Maria Gabardo, coordenadora da Paróquia São João Batista, em Irati (PR), conta que muita gente conhece estes mitos, mas poucos ainda acreditam. “Antigamente tinha mais, hoje não encontra muito, não”, relata. Mesmo assim, como acontece no Mato Grosso, as líderes sempre orientam as mães da importância da higiene no período, conforme orienta a cartilha Laços de Amor e o Guia do Líder.
A preocupação maior do pós-parto, segundo ela, é em relação ao bebê. “Elas [as mães] sempre perguntam do ‘mal de sete dias’. Explicamos que não existe isso, que vai depender dela cuidar se sair no vento, por exemplo, mas que é algo que pode acontecer no primeiro dia ou aos 30”, afirma. Para ela, “as pessoas estão mais abertas a ouvir” e isso influencia em um pós-parto mais tranquilo, especialmente entre as famílias atendidas pela Pastoral da Criança.
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