Captura de Tela 0028 12 09 as 11.43.42Novos dados divulgados pela pesquisa Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento, foram divulgados nesta na quinta-feira (01), na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revelam que a taxa de prematuridade brasileira (11,5%) é o dobro do valor observado nos países europeus.

 O estudo realizado em 191 municípios, com 23.894 mulheres, apontou que 74% dos casos são tardios, isto é, ocorrem entre a 34ª e a 36ª semana gestacional, por conta de uma prematuridade iatrogênica, ou seja, sem indicação médica, em decorrência de cesarianas agendadas ou avaliação incorreta da idade gestacional. 

Quanto às formas de ocorrência, a prematuridade espontânea (com ou sem ruptura de membranas) correspondeu a 59%. Já a prematuridade terapêutica, provocada por intervenção médica por indução do parto ou cesariana anteparto, foi de 41%. Desse percentual, 90% dos casos ocorreu por cesariana sem trabalho de parto. Nos países desenvolvidos, essa taxa é de apenas 30%. 

A pesquisadora Maria do Carmo Leal, coordenadora do estudo, alertou para as possíveis consequências: “A prematuridade se constitui no maior fator de risco para o recém-nascido adoecer e morrer não apenas imediatamente após o nascimento, mas também durante a infância e na vida adulta. Os prejuízos extrapolam o campo da saúde física e atinge as dimensões cognitivas e comportamentais, tornando esse problema um dos maiores desafios para a Saúde Pública contemporânea”, relatou. 

“A taxa de prematuridade no Brasil foi elevada, predominou entre os prematuros tardios, ocorreu na maioria das vezes de forma espontânea, mas apresenta alta frequência de início por intervenção médica, predominantemente por cesariana anteparto, com menos de 10% de indução do trabalho de parto. A prematuridade terapêutica esteve associada à assistência privada ao parto e à gravidez em idade mais avançada, condições características de populações que apresentam melhor nível de emprego formal, escolaridade e renda. Foi maior na Região Sudeste e mais frequente nas capitais, cidades que têm maior número de hospitais de referência para atendimento a mulheres e recém-nascidos de risco”, completou Maria do Carmo Leal. 

O inquérito trouxe também, dados sobre gravidez não planejada e assistência ao parto, que podem ser acessado pelo site do estudo: Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento