Elena Chue (Chiquitana), Padre Aloir e Tobias Tserenhinirami Xavante
Para enfrentar o desafio de salvar a vida dos pequenos indígenas e contribuir na criação de um ambiente favorável ao seu desenvolvimento, a Pastoral da Criança em Terra Indígena realizou encontro, nos dias 26 a 29 de agosto, com a temática: "Protagonismo Indígena Frente os Desafios Atuais".
O VI Encontro Estadual da Pastoral da Criança em Terra Indígena aconteceu em Cuiabá e reuniu 71 representantes indígenas de 16 etnias diferentes, coordenadores de setor da Pastoral da Criança das diversas regiões do Mato Grosso e de Rondônia (Diocese de Ji-Paraná) e parceiros, com o objetivo de conhecer os avanços e desafios da Pastoral da Criança nas comunidades indígenas dos dois estados e definir iniciativas para acompanhar as crianças indígenas nas ações básicas de saúde, nutrição e cidadania.
Participaram da abertura do encontro o Padre Antenor Petini e Dom Bonifácio. O gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur, que participou do encontro, aproveitou a oportunidade para ouvir com atenção as manifestações indígenas. “Com base nas realidades que os indígenas vivem, convidei as coordenações para programar a formação de novos líderes e ampliar a Pastoral da Criança em áreas indígenas nos estados de Mato Grosso e Rondônia”, ressalta Clóvis.
"Vimos que a autonomia e o protagonismo só tem sentido se for para o bem viver! A autonomia e o protagonismo indígena cria a Pastoral da Criança em Terra Indígena e anima o Movimento Indígena nos territórios concretos de cada etnia, ou melhor, gera um autogoverno pessoal e comunitário", relata o participante Aloir Pacini.
Em sua avaliação, Clóvis Boufleur destaca a importância de expandir as ações da Pastoral da Criança nas aldeias indígenas. “O encontro fortaleceu as lideranças indígenas com a troca de experiências e convivência pacífica entre as diversas etnias e revelou que é preciso ofertar mais formação sobre o Guia do Líder nas aldeias”.
Momentos de emoção
Um dos momentos mais emocionantes do encontro aconteceu quando Sislene Bakairi, da aldeia Santana em Nobres, olhou para Valdeci Xavante, da Aldeia de Campinápolis, e tomou coragem para perguntar de onde ele era. Desta forma descobriu que era seu irmão por parte de mãe num primeiro casamento, mas que estavam separados desde crianças, pois ele tinha ficado com o pai, conforme tradição dos Xavantes.
Tobias Tserenhinirami foi uma das presença mística que auxiliou nas rezas e “entregou” as crianças indígenas para que a Irmã Ada Gambaroto, colaboradora da Pastoral da Criança em terras indígenas há mais de duas décadas, para que todas sejam cuidadas através da Pastoral da Criança.
O filme Manoel Chiquitano Brasileiro deu o tom do protagonismo indígena que norteou todo o encontro. Na celebração da vida, no último dia, foram lembrados os grandes líderes que deram a vida pelos povos indígenas. Neste momento também foi entregue o milho fofo, trazido das aldeias Nambikwaras, e o cará, trazido pelos Chiquitanos e Xavantes, para serem plantados nas aldeias.