Desde a Conferência de Aparecida, em 2007, a Igreja do Brasil é desafiada a buscar a renovação de suas comunidades paroquiais. A 51ª Assembleia Geral do Bispos do Brasil, em 2013, colocou como tema central a problemática “Comunidades de comunidades: uma nova paróquia”. Para a Pastoral da Criança o tema é relevante, uma vez que é na comunidade paroquial que a sua missão é realizada: cuidar da vida das crianças e suas famílias, especialmente as mais pobres.

 

“A dimensão comunitária é fundamental na Igreja e a Igreja só pode existir de forma comunitária”, ressalta padre Décio José Walker, assessor da CNBB para a Animação Bíblico-Catequética, que conduziu a plenária do quarto dia do Congresso Nacional da Pastoral da Criança em Aparecida. “O processo histórico, passando pela experiência da cristandade, nos conduziu a modelos de paróquias que já não correspondem às características das primeiras comunidades. É urgente e necessário agora fazer um processo de conversão pastoral”.

Neste processo de revitalização e fortalecimento, a Pastoral da Criança já desenvolve atividades de adaptação a realidade atual, realizando ações de prevenção, de saúde e de políticas públicas. Projetos como o combate a obesidade e o uso de novas tecnologias, renovam a atuação dos líderes da Pastoral da Criança nas comunidades mais pobres.

Padre Décio lembra que a revitalização das comunidades, com a renovação paroquial, implica em estabelecer novas relações entre as pessoas, “a prática da visita às famílias, que a Pastoral da Criança faz constantemente, é um belo exemplo dessa experiência. Vejo que é a pastoral que momento atual, tem o maior potencial evangelizador, está chegando onde a maioria das outras pastorais não chega”.

Iranilda de Freitas Ferreira, coordenadora do setor de Marajá, no Pará, acompanhou a explanação e confirma trabalhar em sintonia com a proposta, reforçando a atuação da Pastoral da Criança nas comunidades. “Devemos amar uns aos outros, acolher e ir em busca daqueles que realmente precisam ser acolhidos, serem amados e principalmente orientados para terem uma vida com qualidade.”

Confira a entrevista do padre Décio José Walker para o site da Pastoral da Criança:

1- Como a Pastoral da Criança pode colaborar para o fortalecimento e renovação das comunidades?

A Pastoral da Criança vem, neste processo de 30 anos, fortalecendo um outro modelo de Igreja, uma Igreja mais “materna”, que vai ao encontro das pessoas, que entra nas casas, que vai sentir a vida do povo e também sentir as necessidades que ali existem e que precisam de ajuda. Acredito que inconscientemente a Pastoral da Criança vem há muito tempo fazendo isso e agora, de forma mais consciente, poderá participar desse processo para que todos entrem nessa dinâmica de ir mais ao encontro, de acolher e de buscar ser mais presente.

2- E como promover essa renovação na Pastoral da Criança?

Cada organização, instituição, pastoral, vai acarretando aos poucos, durante a sua história, alguns mecanismos que acabam desviando da sua missão original. Este momento dos 30 anos da Pastoral da Criança, é momento de estar atento, prestar atenção nas ações que podem ser diferentes frente à nova realidade, estando mais adaptadas às necessidades das comunidades.

3- Um dos desafios atuais é a atuação nas grandes cidades, nas periferias. Como a Pastoral da Criança pode agir?

Essas são de fato as áreas mais difíceis e onde a comunicação é mais fraca. Não na comunicação no sentido de meios, mas de interação entre as pessoas, a ligação de comunidade em comunidade é mais frágil. Nesses locais é necessário pessoas que façam essa ligação, umas com as outras, de comunidade em comunidade, uma presença realmente eficiente de evangelização. Acredito que ainda falta formação e a Pastoral da Criança ajuda neste ponto.

4- O padre tem um papel importante na promoção da Pastoral da Criança. Como contar mais com o seu apoio?

Gosto de lembrar que isso é uma questão de formação. Os padres mais antigos vêm de uma formação onde não se dava tanta ênfase e espaço para discutir as questões da realidade, eram discussões mais acadêmicas. Hoje está havendo uma preocupação e uma mudança nos cursos, para que os seminaristas possam conhecer o trabalho das pastorais. Enquanto essa mudança não se concretiza, podemos descobrir “segredinhos” para realizar essa aproximação com os padres, talvez tomar um cafezinho com eles e neste momento informar melhor o objetivo da Pastoral da Criança, que metas ela se propõe, qual é a metodologia utilizada e com isso o padre despertar para a beleza da ação da Pastoral da Criança.

Assessoria de Imprensa

Coordenação Nacional da Pastoral da Criança