Foto: Studio Cl Art
Existem algumas doenças sobre as quais as pessoas não gostam muito de falar. Mesmo assim, é preciso falar, porque são doenças que podem trazer sérias consequências, principalmente em gestantes. São as doenças sexualmente transmissíveis, também chamadas de DSTs. A sífilis é uma dessas doenças, que pode trazer consequências graves para o bebê. Por isso, é preciso muita informação e orientação do Serviço de Saúde para podermos prevenir, descobrir e, se for preciso, tratar a doença.
Para saber mais sobre a sífilis, leia a entrevista da enfermeira Regina Reinaldin, da coordenação nacional da Pastoral da Criança.
O que é a sífilis?
Programa de rádio Viva a Vida
Programa de Rádio 1270 - 01/02/2016 - Sífilis
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
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A sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada por uma bactéria, chamada Treponema Pallidum. Após a infecção inicial, a bactéria pode permanecer no corpo por muito tempo.
Quais são os sintomas da sífilis? Como a pessoa descobre que tem sífilis?
A sífilis não se manifesta imediatamente. Pode demorar até dois anos ou mais para aparecerem os sintomas. Ela tem várias etapas. Estágios que são: primário, secundário, latente, terciário. E ainda, a sífilis pode ser congênita. Nela, a mãe infectada transmite a doença para o bebê, seja durante a gravidez (por meio da placenta), seja na hora do parto. Os sintomas da sífilis costumam ser muito parecidos com os sintomas de outras doenças. Então, o médico deve realizar o exame de sangue que chamamos de VDRL.
E quais são os perigos da sífilis para a gestante?
Mulheres com sífilis podem passar a doença para o seu bebê durante a gravidez ou durante o parto. A sífilis na gravidez pode ocasionar aborto, parto de natimorto ou morte do bebê logo após o nascimento. Todas as mulheres, na gravidez, devem fazer o teste para sífilis. Mulheres grávidas, com sífilis, são tratadas imediatamente. Um bebê infectado por sífilis pode nascer sem sinais da doença. Porém, sem o tratamento imediato, o bebê poderá ter comprometimentos dentro de poucas semanas. Bebês nascidos com sífilis podem desenvolver feridas na pele, febre, icterícia, anemia ou inchaço do fígado ou do baço. E, ainda, bebês com sífilis, não tratados, podem ter convulsões ou até morrer.
Regina Reinaldin - Enfermeira da Pastoral da Criança
Quais são suas dicas para prevenção da sífilis?
A sífilis é uma doença que passa através da relação sexual e é fácil de ser tratada. Mas, quando não é tratada, pode afetar gravemente a mãe e o bebê. No acompanhamento do pré-natal, a gestante é orientada sobre o tratamento. O principal fator é o diagnóstico precoce.
Leia a entrevista na íntegra: 1270 - Entrevista com Regina Reinaldin - Sífilis (.PDF)
Leia mais: A nova cara da sífilis (Revista Super Interessante)
Foto: Dan Mirica
Aumento de casos de sífilis exige atenção da população
Nos últimos anos, o crescimento dos casos de sífilis tem sido uma das questões mais preocupantes da saúde pública no Brasil. Esses números maiores também têm a ver com o fato de que, hoje em dia, há mais pessoas atendidas pelas unidades de saúde e gestantes fazendo o pré-natal de maneira completa, com todos os exames - o que indica que muitos casos antigos nunca chegaram a ser registrados, seja por uma falha no arquivamento do histórico ou mesmo pelo medo das pessoas em procurarem o médico.
Saiba mais: Nota Informativa nº 43 - SVS
Estatísticas
Uma das dificuldades em avaliar a abrangência nacional da doença é que nem todos os estados possuem históricos de dados detalhados para fazer um comparativo ou começaram a fazer os registros recentemente, desde que passou a ser obrigatória esta notificação.
A capital paranaense, por exemplo, registrou um aumento de aproximadamente 567% dos casos de sífilis em gestantes, de 2009 para 2015, segundo a Prefeitura de Curitiba. Considerando os dados do estado do Paraná, houve um crescimento de 63%, só de 2013 para 2014.
Neste mesmo período de um ano (de 2013 a 2014), Acre (96,1%), Pernambuco (94,4%), Tocantins (60%), Bahia (47%), Santa Catarina (34,1%), Distrito Federal (22%), Mato Grosso do Sul (6%), Mato Grosso (4,1%) e Sergipe (3,8%) apresentaram aumento. O estado do Amazonas foi o único que registrou queda do número de casos (20,2%). No estado de São Paulo, o levantamento das infecções de 2007 a 2013 revela um aumento de 603%.
Sífilis congênita
De 2005 a 2013, de acordo com o Ministério da Saúde, os casos de grávidas com sífilis tiveram um aumento de mais de 1000%, passando de 1.863 para 21.382. Já as ocorrências de sífilis congênita (que passa de mãe para filho), no mesmo período, foram de 5.832 para 13.705, um crescimento de quase 135%.
Esse é um dado preocupante, pois essa transmissão pode gerar risco de aborto, malformações no feto (como cegueira, surdez e deficiência mental), entre outras complicações. De 2011 a 2013, por exemplo, 419 bebês com menos de um ano morreram em decorrência da sífilis transmitida pela mãe, segundo o Ministério da Saúde.
O Brasil tem um pacto com a Organização Mundial de Saúde de erradicação da sífilis congênita. Apesar do tratamento ser simples, essa mudança de cenário ficou mais difícil em 2015 com a falta de penicilina, o medicamento usado para o tratamento, devido a uma escassez mundial da matéria-prima usada em sua produção.
Saiba mais: Ministério da Saúde faz distrubuição emergencial de penicilina para combate da sífilis congênita (2016)
Exame e prevenção
De qualquer forma, todas as pessoas sexualmente ativas devem fazer o teste para diagnosticar a sífilis. No caso das mulheres grávidas, esse é um dos exames que a gestante deve fazer na primeira consulta do pré-natal, no 3º trimestre de gravidez e no momento do parto (mesmo que já tenha feito anteriormente).
Saiba mais: Exames do período do pré-natal