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As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) podem ser causadas por bactérias, fungos ou vírus, o que exige um tratamento específico para cada tipo. Como muitas sequer apresentam sintomas, é necessário realizar os exames de rotina e se prevenir da contaminação.
Entre as gestantes, o não tratamento dessas doenças pode causar abortos espontâneos, natimortos, baixo peso ao nascer, infecção congênita e perinatal (transmitidas da mãe para o filho durante a gravidez). Nas mulheres, aumenta de 6 a 10 vezes as chances de desenvolver gravidez ectópica (fora do útero). Já o HPV está relacionado ao câncer de colo de útero, vagina, vulva e ânus. Vale lembrar que é importante envolver o parceiro no tratamento, mesmo que ele não apresente os sintomas e que a terapia não termina quando os sintomas desaparecerem, é fundamental seguir as recomendações médicas e manter o tratamento até o final, para não gerar complicações em seu quadro de saúde.
“A região em que moro é uma região de fronteira, divisa com o Paraguai e com grande presença de população indígena. Podemos ver que o hábito da prevenção não é muito forte e a questão da pobreza e da falta de informação ainda é muito presente. O que faz com que os casos de doenças sexualmente transmissíveis sejam muito altos”, relata a coordenadora da Diocese de Naviraí (MT), Marisângela Aparecida Menossi.
“Também percebemos que é identificado na grande maioria das gestantes, durante os exames de pré-natal, a presença da sífilis. Nesses casos, fazemos um acompanhamento em nosso trabalho na Pastoral da Criança, para que ela tenha esse cuidado, faça todo o tratamento adequado, entenda a gravidade de uma DST e passe a se prevenir, para evitar que a criança nasça com algum comprometimento em virtude da doença ou que no nascimento ela venha a ter. Infelizmente, um grande número de mulheres só inicia o pré-natal após o primeiro trimestre, principalmente na população indígena. Elas demoram um pouco para iniciar o pré natal e isso acaba prejudicando na identificação e no início do tratamento, principalmente da sífilis. Então, acontece de muitas crianças nascerem com algum comprometimento em relação ao processo de infecção da doença”, complementou a coordenadora.
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Informação e conversa
O Brasil já foi referência no combate à epidemia de HIV e Aids, assim como na prevenção às DSTs, mas, infelizmente, o número de casos vem crescendo. Na última década, houve um aumento de 53% no número de transmissões de HIV até os 19 anos.
As vacinas contra o papiloma vírus humano (HIV) - um dos principais causadores do câncer de colo de útero - oferecido pela rede pública de saúde a meninas de 9 a 13 anos, está sobrando - a imunização atinge somente 44% das meninas. Os casos de sífilis em gestantes ultrapassam a marca de 25 mil e 16 mil em recém-nascidos, sendo o Rio de Janeiro o estado mais afetado.
Conversar e compartilhar informações é o primeiro passo para revertermos esse cenário, lembra Marisângela: “Conversando, nós conseguimos orientar a gestante, reforçando também o trabalho da saúde, que ela deve fazer o uso do tratamento corretamente, usar o medicamento certinho, que o seu companheiro também deve usar, no caso de positivo para sífilis ou HIV, por conta do risco para a criança e para a sua própria vida”.
Dra. Zilda
“O melhor resultado para a paz nas famílias é cuidar bem das crianças, para que elas tenham oportunidade de se desenvolver, tenham saúde, alegria de viver e fé em Deus”.
Papa Francisco
“Peçamos a graça de sair para anunciar o evangelho, porque é mais fácil ficar em casa com uma só ovelha, penteá-la, acariciá-la. Mas o Senhor quer que todos nós sejamos pastores e não penteadores de ovelhas”.
“A forma de abordagem também é muito importante. Então a gente procura na nossa preparação tratar da sexualidade não como um tabu, mas como um problema de saúde pública mesmo, uma questão que além de mexer com algo íntimo, é uma prioridade em relação ao desenvolvimento humano. Falando de uma forma natural e não como algo que não possa ser conversado. Existem muitas mulheres que são contaminadas e faleceram, porque as pessoas ao redor delas achavam que esse era um assunto que não se devia falar”, comentou a coordenadora.
“Com as famílias, nós também levamos o assunto de forma natural. Não se deve chegar falando como se não pudesse, como se fosse segredo ou levando para um cantinho para poder conversar sobre o assunto. A gente procura fazer a pessoa se sentir à vontade. Nunca chegamos conversando diretamente sobre isso, começamos a falar de uma forma geral, como que está o cuidado com a saúde, o pré-natal e aí por diante. Nós conhecemos as famílias bem de perto, então se tem uma adolescente na casa, chamamos ela para uma roda de conversa com outras adolescentes, onde ela vai se sentir melhor para falar e tirar as dúvidas. Quando começamos a tratar isso da forma como é, sai aquela sensação e o peso de que é algo errado e feio. As jovens, as mulheres casadas, as mães e até as idosas, passam a ter noção de que é algo importante e que pode afetar elas para sempre, é a saúde delas que está em jogo”, lembrou.
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
A Pastoral da Criança por meio de suas filosofia de multiplicação e compartilhamento de conhecimentos, leva informações às famílias a respeito de doenças e como se prevenir, colaborando para a promoção da saúde e do bem-estar para todos, como proposto pelo 3º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovido pela ONU.