1631 ano novo entrevista

Acervo da Pastoral da Criança

No último domingo de janeiro é comemorado o Dia Mundial Contra a Hanseníase e o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase.

O Papa Francisco, em mensagem enviada aos participantes do II Simpósio sobre a Doença de Hansen, afirmou que “o que deve nos preocupar, hoje mais do que nunca, é que não só a doença pode ser esquecida, mas também as pessoas”.

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos de hanseníase, o que mantém a doença como um importante problema de saúde pública no país.

Entrevista com: Suzane Ketlyn Martello, Coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa do Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná, Hospital São Roque.

Diga para o nosso ouvinte o que é a hanseníase?

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por um bacilo chamado Mycobacterium leprae. Ela apresenta uma evolução crônica e acomete principalmente a pele e os nervos periféricos com alto poder incapacitante. Configura ainda como importante problema de saúde pública em vários estados do Brasil, que é o segundo país no mundo em número de casos. 

Como a pessoa pode desconfiar que tem hanseníase?

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 Suzane Ketlyn Martello, Coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa do Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná, Hospital São Roque.

O principal sintoma da doença inicialmente é uma mancha branca ou avermelhada na pele com alteração de sensibilidade ao calor, frio, dor e tato. Ou seja, aquela mancha se torna amortecida. Essa é a principal característica que diferencia uma mancha de hanseníase de outras doenças de pele, essa alteração de sensibilidade. Além disso, outros sintomas podem incluir dor, amortecimento, sensação de formigamento e choque, perda de força, principalmente em mãos e pés, perda de pelos tanto na região das manchas como de cílios e sobrancelhas, lesões na mucosa nasal, pele ressecada principalmente em braços e pernas com diminuição inclusive da produção de suor, além de caroços dolorosos sob a pele, placas com bordas elevadas em várias regiões do corpo, entre outros sintomas.

Como a hanseníase é transmitida?

A transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores, ou seja, por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse e espirro. Porém, é preciso um contato próximo e prolongado com um doente bacilífero sem tratamento, pois é necessário uma alta carga bacilar para desencadear a doença. Por isso, a transmissão geralmente ocorre entre pessoas que moram na mesma casa, por terem esse maior contato. E doentes em tratamento não transmitem mais a doença. Logo, não é necessário ter medo de ser contaminado. E cerca de 90% das pessoas apresentam imunidade nata ao bacilo, ou seja, apenas 10% da população mundial é suscetível a adoecer se entrar em contato prolongado com um doente sem tratamento.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida 1636 - 30/01/2023 - Combate à hanseníase

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Como tratar a hanseníase e quanto tempo dura o tratamento?

O tratamento da hanseníase é feito por uma associação de antibióticos, a chamada poliquimioterapia, que é oferecida gratuitamente pelo SUS. Deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico. O paciente recebe mensalmente uma cartela que contém uma parte destacável que é a dose supervisionada, ou seja, deve ser tomada em frente a um profissional de saúde. Os demais comprimidos são autoadministrados e o paciente os toma em casa diariamente. Pacientes diagnosticados com o tipo paucibacilar da doença devem realizar o tratamento por 6 meses e os multibacilares por 12 meses. Mensalmente, deve comparecer à Unidade de Saúde para retirar a nova cartela, receber a dose supervisionada e ser acompanhado pelo médico e demais profissionais da equipe multidisciplinar, como enfermeiro, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, por exemplo. 

É possível prevenir a hanseníase? De que forma?

Os principais meios de prevenção da doença estão no diagnóstico precoce, tratamento oportuno e examinação dos contatos. Só assim é possível interromper a cadeia de transmissão da doença. Até o momento não existe uma vacina específica para a hanseníase. No entanto, a BCG aplicada logo após o nascimento reduz os riscos de desenvolver a doença principalmente em suas formas mais graves.

 

Leia a entrevista na íntegra: 1636 - 30/01/2023 - Combate à hanseníase (.PDF) 

 

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“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.”

A Pastoral da Criança trabalha em ações para eliminar a hanseníase no Brasil, com orientações, materiais educativos sobre a hanseníase e, também, uma série de atividades junto às famílias e comunidades.

 

Dra. Zilda

“Os serviços de saúde devem favorecer o acesso, ter boa qualidade e atender de forma humanizada, com carinho, respeito e dignidade”.

Papa Francisco

“Pelo contrário, convencidos da vocação da família humana à fraternidade, deixemo-nos interpelar e questionar: "Será que vamos nos debruçar para tocar e curar das feridas dos outros? Será que vamos nos abaixar para levar às costas o outro? Este é o desafio atual, de que não devemos ter medo."