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Foto: Acervo da Pastoral da Criança

Comemorar o dia dos pais já é uma tradição em nossa sociedade. É um dia festivo, onde os filhos verbalizam, de maneira especial, seus sentimentos de carinho e amor pela presença e cuidado do pai para com eles. Mas como ficam os filhos que não estão com seu pai nesse dia? Que sentimentos podem expressar? E para os pais que não estão com seus filhos?

Falar de paternidade, a primeira ideia que vem é de responsabilidade, do genitor de uma família, onde tem o perfil de pai, mãe, filho. E que, além da responsabilidade, se faz presente também o amor, que é essencial para os vínculos parentais e afetivos.

Nos dias atuais, diante das grandes transformações da sociedade, são apresentadas também novas configurações familiares, elas se manifestam de várias formas: pais separados e já com outras famílias; mãe solo, esse novo jeito de dizer que a mãe cria, educa, ama e é a única responsável pelo filho; pai solteiro, com guarda compartilhada, onde mesmo separados, os pais possuem a responsabilidade conjunta de tocar a educação e os cuidados com os filhos; o pai de segunda ou terceira união, que além dos seus filhos, assume os filhos de sua companheira e cria vínculos com eles.

Para todas essas ou outras configurações familiares, o acolhimento deve estar presente para que os laços de afeto e afinidade se construam e se fortaleçam, onde os membros se sintam famílias sem, contudo, terem ligações sanguíneas, como aquelas que agregam filhos de uniões anteriores, conforme defende o psicólogo Paulo Roberto Ceccarelli no seu artigo sobre as novas configurações familiares.

Não se pode perder de vista, que a família é a primeira forma de convivência social que a criança aprende, a partir do pressuposto de que a sociedade está em constante mudança. E diante das novas configurações familiares, é preciso conversar com as crianças, escutá-las e auxiliar as famílias para responder as dúvidas. Conversar com naturalidade, a partir das perguntas, dúvidas e interesse das crianças. É essencial saberem que o pai tem uma bela história de vida para contar e partilhar com o filho.

Lembrando o Papa Francisco, que já indica maior abertura em suas palavras, dizendo que é preciso que a gente acolha mais e não trate os outros com menosprezo. Como é que eu vejo, ouço, sinto essas novas formas de relações? É preciso analisar caso a caso, se existem situações que precisam de maior atenção para que as pessoas se constituam e vivam com dignidade.

Em qualquer configuração familiar, o mais importante é construir uma família fundamentada nos valores da dignidade e da alteridade pela vida. Ser capaz de investir numa convivência dialógica com os filhos, onde nova convivência e relação aconteça à base de orientação, conversa e respeito.

Por isso, pensar a paternidade hoje, com um perfil que nós temos de desejo familiar, que seja um desejo harmônico, que não se coloque em contradições, mas que se possa dizer: é esse o caminho. Muitas vezes, são situações são as seguintes: um pai e uma mãe que têm filhos de outros casamentos e precisam fazer a união dessa outra comunidade familiar; são filhos de pais diferentes; são filhos de relações familiares diferentes. Diante de todas essas situações, o respeito precisa estar presente o tempo todo, sendo construído, mas construído no diálogo.

Mesmo diante desse momento de pandemia, onde se faz necessário o distanciamento social, o importante é descobrir novas formas de reforçar os laços de afeto e criar maneiras de se fazer presente.