Primeiros passos aos Módulos de Aprendizagem

O planejamento e a preparação são fundamentais. Antes de começar a usar os Módulos de aprendizagem, a equipe de facilitadores deve realizar um processo geral de planejamento baseado nos seguintes pontos:

Internalizar o conteúdo dos módulos

Aprender a Viver Juntos é construído em torno a valores éticos essenciais: respeito, empatia, responsabilidade e reconciliação. Estes valores são integrados aos dois Módulos de Aprendizagem: Compreensão de si mesmo e dos outros e Transformar o mundo juntos.
Leia os módulos e escreva duas ou três frases sobre o que os valores e conceitos sublinhados significam para você e sobre como o programa pode ser adaptado ao seu contexto. Isso ajuda a definir sua própria compreensão e o que deseja comunicar. Depois:

1. Usando os mapas dos “povoados”, prepare seu caminho de aprendizagem, selecionando os quiosques do módulo, ou módulos, que pretende empregar.
2. Selecione as atividades mais apropriadas para o formato de seu programa e verifique se as metodologias mencionadas são adequadas para o ambiente e o grupo.
3. Internalize o processo de aprendizagem e reflita sobre como ele pode ajudá-lo a alcançar os objetivos dos módulos por meio das atividades que você selecionou.

Ambiente e participantes

Determine o ambiente educativo no qual você vai trabalhar, tanto em termos gerais quanto de forma mais específica. Trata-se de um acampamento de verão, uma oficina, uma sessão, um programa de longa duração com sessões semanais ou um seminário? O ambiente educacional condicionará a forma de evolução do processo de planejamento. Considere cuidadosamente as seguintes perguntas:
> Quem vai participar?
> Trata-se de um grupo homogêneo ou heterogêneo? Examine a procedência tanto religiosa quanto cultural.
> Como o ambiente e os participantes poderão influenciar o programa e as sessões?

Objetivos

Defina os objetivos de cada sessão do programa. Um objetivo “inteligente” é aquele que tem as características definidas em inglês pelo acrônimo SMART:
> eSpecífico
> Mensurável
> Atingível
> Realista
> oporTuno
Os objetivos devem ser compartilhados com os participantes e modificados se necessário.

Metodologias

Familiarize-se com as metodologias das páginas 28 e 29. Utilize uma combinação de metodologias que sejam eficazes para o ambiente e os participantes. Identifique possíveis problemas. Todas as metodologias sugeridas são participativas, interativas e promovem um processo de aprendizagem direcionado pelo próprio indivíduo.

Recursos

Aprender a Viver Juntos oferece um banco de recursos de apoio para as atividades que pode estimular o pensamento crítico dos participantes. Os recursos incluem histórias, poemas, estudos de casos, músicas, filmes, dilemas, cartões para representação de papéis e orações pela paz. Examine os recursos e faça as seguintes perguntas:
> Onde posso encontrar mais materiais de apoio?
> Que materiais de apoio já estão disponíveis no grupo?
> Que materiais de apoio devem ser usados com cada atividade? Que metodologia dará melhores resultados, considerando-se o ambiente e os participantes? > Há materiais diferentes disponíveis, como música, arte, tradições orais ou histórias?
> Qual é a melhor maneira de utilizar ou apresentar o material de apoio?

Esboço das atividades

Para cada quiosque, revise as atividades propostas e selecione aquelas que se adaptem melhor ao grupo e ao lugar onde se realizará o programa. Desenhe o fluxo do processo de aprendizagem que será seguido durante as sessões, com começo e fim claramente definidos e permitindo uma grande flexibilidade entre esses dois pontos. Consulte a espiral do processo de aprendizagem, proposta na página 25, que poderá ajudá-lo a colocar os participantes em um processo de aprendizagem mais participativo e reflexivo. Certifique-se de que o processo de aprendizagem da sua sessão motivará os participantes, deixará espaço para perguntas, ajudará os participantes a realizar descobertas e oferecerá tempo suficiente para que associem o exercício às suas próprias vidas.

Transferência para a ação

Todas as sessões deverão terminar com os participantes associando o que aprenderam às suas próprias vidas e discutindo as ações mais apropriadas nesse contexto. As ações deverão ser contextualizadas e só serão eficazes se forem originárias dos próprios participantes e incorporadas pelo grupo. Dependendo do contexto, as ações poderão ser executadas individualmente, colocadas em prática com a participação da escola ou relacionadas à comunidade.

Avaliação

Na Seção 3, Monitoração do Progresso, você encontrará uma série de métodos para que tanto você quanto os participantes avaliem seu aprendizado. Um desses métodos é o Caderno de Aprendizagem, que todos os participantes deverão preencher. Também são fornecidas descrições de cinco métodos de avaliação que podem ser utilizados, bem como alguns métodos rápidos para “medir a temperatura” das sessões. Em cada quiosque há uma placa de parada ou de descanso para lembrá-lo de pedir aos participantes que escrevam em seus Cadernos de Aprendizagem e avaliem o progresso obtido. São os participantes que realizam estas avaliações, não os facilitadores. A avaliação do progresso é baseada na autoavaliação e na reflexão; os participantes devem associar a aprendizagem ao seu próprio contexto. Os participantes, portanto, são responsabilizados por sua própria aprendizagem, o que é, por si só, uma forma de empoderação.
Cabe a você, como facilitador, desenvolver uma avaliação do impacto do programa sobre os participantes em termos de mudanças de atitudes, conhecimentos e aptidões nos níveis pessoal, interpessoal e social. Essa avaliação deve levar em conta a internalização dos valores e as associações feitas por cada participante entre a aprendizagem e sua própria realidade. Um modelo de avaliação de impacto é fornecido na página 61.
É importante que a equipe de facilitadores também passe por um processo de autoavaliação após cada sessão, para analisar sua própria aprendizagem e os resultados gerais do exercício.
Use um formato de avaliação para determinar as impressões imediatas dos participantes em termos de logística, conteúdo do programa e aprendizagem (veja a página 228).

Com quem Aprender a Viver Juntos deve ser utilizado?

Aprender a Viver Juntos foi criado para ser utilizado com crianças e jovens com mais de 12 anos de idade. Você pode selecionar as metodologias e atividades mais apropriadas com base na faixa etária. Todas foram projetadas para serem adaptáveis a diferentes contextos culturais e sociais.
As metodologias e o processo de aprendizagem ajudam as crianças e adolescentes a desenvolverem compromissos pessoais e um planejamento conjunto com base em suas próprias capacidades, de modo que possam fazer uma diferença em suas sociedades.
Aprender a Viver Juntos foi concebido para ser usado principalmente com grupos inter-religiosos; em condições ideais, representantes de pelo menos duas tradições religiosas deverão estar presentes. Como isso nem sempre será possível, nesses casos torna-se ainda mais importante garantir a tolerância
e o respeito às outras religiões, crenças, tradições e culturas.

Onde Aprender a Viver Juntos pode ser utilizado?

Este guia pode ser utilizado para diferentes finalidades e em diferentes ambientes:
1. Os módulos de aprendizagem podem ser implementados em oficinas, conferências ou seminários. Os quiosques temáticos de cada módulo devem ser seguidos e adaptados ao tempo disponível, aos participantes e ao ambiente.
2. Os módulos de aprendizagem podem ser adaptados para utilização em um currículo escolar. As atividades podem ser introduzidas como parte de cursos de religião ou ética. Por exemplo, você pode selecionar um caminho de aprendizagem para cada módulo e executar uma ou mais atividades de cada quiosque temático ao longo de um período de vários meses. Também é possível adaptar os quiosques temáticos individuais para complementar determinadas disciplinas.
3. Os módulos podem ser utilizados em acampamentos de verão para crianças e adolescentes. Os módulos podem contribuir para uma experiência de aprendizagem mais abrangente entre pessoas de diferentes religiões e culturas. Os quiosques de cada módulo podem servir também como temas para as atividades de acampamentos de verão.