
O luto gestacional, neonatal e infantil é uma dor silenciosa que atinge milhares de famílias no Brasil. A perda de um bebê durante a gestação ou logo após o nascimento causa profundo sofrimento para a mãe, o pai e toda a família. Diante desse desafio, o acolhimento e o apoio se tornam fundamentais.
Em 2025, entrou em vigor a Lei 15.139, que institui a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental. Essa lei garante mais cuidado e dignidade às famílias que passam por esse momento, assegurando, por exemplo, acompanhamento psicológico, espaços adequados para a despedida do bebê e a possibilidade de realizar rituais conforme a fé e a vontade da família.
O tema é delicado e, ao mesmo tempo, muito importante. Por isso, o Programa Viva a Vida da Pastoral da Criança traz nesta entrevista informações essenciais tanto para famílias que enfrentam essa situação quanto para líderes e comunidades que desejam saber como oferecer apoio.
Recomendamos que os líderes da Pastoral da Criança acessem e compartilhem o PDF com a entrevista na íntegra ou o áudio do Youtube com famílias que estejam vivendo o luto. Esse conteúdo pode ser um instrumento de consolo, esperança e solidariedade para quem mais precisa.
Dra. Larissa Madruga Monteiro
Entrevista com a Dra. Larissa Madruga Monteiro, pediatra e neonatologista de Curitiba (PR), que trabalha em UTI Neonatal e também realiza cuidados paliativos voltados à gestação e ao período neonatal.
Dra. Larissa, o que é o luto?
O luto é um processo que se inicia após a perda de alguém ou de algo muito caro, muito importante. É um processo emocional. Na minha experiência com o luto, principalmente com famílias que perdem seus filhos, percebo que essa família precisa se reestruturar, ressignificar a morte dessa criança. E esse é um processo existencial, que não tem tempo determinado.
Programa de rádio Viva a Vida – 1779 - Luto gestacional, neonatal e infantil
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Quais são as fases do luto na perda de um bebê?
Esse processo é único para cada família. Antes se acreditava que havia um passo a passo, com fases bem definidas do luto. Hoje sabemos que há famílias que passam por todas as fases em um mesmo dia. Há famílias que, ao perderem o filho, já vinham de um processo de luto desde o diagnóstico da doença e, por isso, já conseguiram ressignificar a vida dessa criança. Após o óbito, podem estar em um momento de entendimento e até de gratidão pela vida do filho. Outras famílias passam pela raiva, pela barganha, pela tristeza profunda. O que vejo hoje é que o processo de luto é único e muito individual para cada pessoa e para cada família.
Quais são as formas de apoio emocional durante a perda gestacional?
A principal atitude que todos nós devemos ter diante de uma perda gestacional é oferecer presença e escuta. Muitas vezes, as pessoas acabam se afastando dessa mãe, e ela precisa de um espaço onde possa falar sobre seus sentimentos e sobre o bebê que perdeu. Nem sempre é necessário dizer algo — muitas vezes, na tentativa de tirar a dor do outro, usamos falas que não são bem recebidas. Comentários como: “Você ainda é nova, logo terá outro bebê” podem ferir profundamente, porque essa mãe não quer “outro bebê”, ela queria aquele bebê.
O apoio pode vir de gestos concretos: oferecer ajuda com os outros filhos, preparar uma refeição e cuidar da casa. Isso faz com que a mãe se sinta amparada, acolhida e sustentada pela família. Esse suporte é fundamental.
Testemunho de Joselina Cardoso Pacha, líder e coordenadora da Pastoral da Criança da Paróquia Santo Antônio Maria Zaccaria, que atua na Comunidade Renascer, Jacarepaguá, Rio de Janeiro.

Testemunho de Joselina Cardoso Pacha, líder e coordenadora da Pastoral da Criança da Paróquia Santo Antônio Maria Zaccaria, que atua na Comunidade Renascer, Jacarepaguá, Rio de Janeiro.
Joselina, como os líderes da Pastoral da Criança podem acolher e ajudar a diminuir o sofrimento das mães e das famílias com a morte de um bebê?
Quando encontramos essa mãe, o primeiro passo é acolhê-la e escutá-la. É fundamental respeitar o seu luto. Se ela quiser falar, estaremos prontos para ouvir; se não quiser, permaneceremos ao lado dela, mostrando nossa presença e apoio. Sempre lembramos a essa mãe que ela pode contar com a Pastoral da Criança. Quando houver oportunidade de dizer uma palavra, que sejam palavras de incentivo, sinais de esperança, mostrando que Deus é o autor da vida e que ela não está sozinha — pode contar conosco.
Leia a entrevista na íntegra
1779 – 27/10/2025 - Luto Gestacional, Neonatal e Infantil
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”
Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos vivos
16º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
"Paz, Justiça e Instituições Eficazes"
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis
Dra. Zilda
“A Pastoral da Criança, desde o início, teve a preocupação não só de reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição, mas também de promover a paz nas famílias e comunidades, pelas atitudes de solidariedade e a partilha do saber a todas as famílias”
Papa Leão XIV
“Queridos irmãos, ainda temos muito que aprender sobre a dor, mas também muito que aprender sobre a esperança e, sobretudo, sobre a eternidade”.