Ansiedade infantil

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A ansiedade é um sentimento natural em qualquer fase da vida. E na infância, por exemplo, bebês e crianças podem apresentar sintomas de ansiedade quando estão longe dos pais ou assim que mudam de casa, creche e escola. Entre diversas circunstâncias isto é normal, uma vez que é acolhida pelos pais ou quem cuida delas, o que contribui a aprender a lidar com essas emoções e superar desafios.

Entretanto, quando o nível de ansiedade se torna algo além do limite que é considerado normal e acaba gerando mudanças de comportamento, medo, angústia frequentes e excesso de preocupação, é sinal de que alguma coisa não vai bem e, nestes casos, é importante um olhar diferenciado para a situação.

Para falar mais sobre ansiedade infantil, sintomas e cuidados, convidamos a psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental, também formada em biomedicina e especialista em neurociências, Dra. Amanda Kulik.

ENTREVISTA COM: Dra. Amanda Kulik, psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental, também formada em biomedicina e especialista em neurociências.

O que é ansiedade infantil?

A ansiedade é uma emoção comum aos seres humanos. Ela está ligada a situações de sobrevivência. Algum grau de ansiedade é esperado e é considerado normal no desenvolvimento. O que acontece com as crianças e adolescentes? Algumas pressões que são colocadas pela família, pela sociedade, como a exigência de um desempenho escolar, exposição à violência, drogas e alguns modelos parentais podem trazer mais dificuldades. O que vai diferenciar uma ansiedade enquanto uma emoção normal e adaptativa para um transtorno, é justamente a intensidade dos sintomas, a frequência com que eles vão aparecer e os prejuízos que eles vão trazer.

Dra. Amanda Kulik, psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental

Quais são os sintomas da ansiedade infantil?

Os sintomas de ansiedade vão englobar várias esferas de funcionamento. Então: suor, tontura, tensão muscular, desconforto no estômago, às vezes, enjoo, coração super disparado, aquela sensação de falta de ar, às vezes, alteração intestinal, dificuldade para dormir, medo aumentado, irritabilidade, hipervigilância. E tudo isso também vai levar a mecanismos de evitação.

Por que tantas crianças têm ansiedade hoje em dia?

A ansiedade sempre existiu. O que está acontecendo é que hoje a gente fala muito mais sobre isso, justamente por entender o impacto que isso tem na vida e no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. É como se a gente tivesse colocado uma lupa sobre essa situação e isso também acaba aumentando a busca por serviços especializados. O que é ótimo. Junto com essa conscientização da sociedade, a gente pode colocar alguns outros fatores que contribuem com o aumento da percepção tanto dos sinais e sintomas da ansiedade. Hoje, a gente tem alguns estudos que apontam a influência da pandemia, do isolamento social, o uso de telas e também situações adversas em casa ou em outros contextos.

Como combater e prevenir a ansiedade nas crianças?

Para combater e prevenir a ansiedade nas crianças, a família precisa estar bem atenta aos comportamentos da criança e as mudanças desses comportamentos. Além disso, deve ter um padrão de relação familiar saudável que favoreça a expressão, validação e acolhimento das emoções faz toda a diferença, cuidando tanto com as cobranças excessivas quanto com o tempo de tela e aumentando o tempo ao ar livre, próximo à natureza. E claro, é importante que a família também observe quais são as formas de pensamento e comportamento dos adultos que convivem com essa criança. Como eles falam sobre as emoções? Como se comunicam entre si? Como se tratam? Se gritam ou não? Se há violência ou não? Se há uso de bebida alcoólica? Porque vale lembrar que os adultos são modelos para essa criança. Outro ponto bem importante e que vale sempre a gente falar é o acesso aos direitos básicos: moradia, alimentação, educação, saúde, a condição socioeconômica também pode influenciar no aparecimento de sintomas de ansiedade.

Como os pais podem ajudar a criança com ansiedade?

Os pais podem ajudar muito as crianças com ansiedade estando com as crianças, conhecendo as crianças e, principalmente, servindo de modelo, expressando suas emoções, regulando suas emoções para que elas observem que isso é natural, faz parte da vida. Permitindo que as crianças também se expressem. Ter um ambiente onde o erro seja permitido e a frustração, a raiva e as emoções que são tidas como negativas também sejam permitidas. Outro ponto legal é conhecer a escola, as professoras, as cuidadoras. Estar por dentro das cobranças que acontecem lá. As expectativas das atividades com a faixa etária. As expectativas em relação ao desmame. As expectativas em relação ao desfralde também. Enfim, a presença da família como um todo vai ajudar bastante.

Quando é preciso buscar ajuda de um profissional?

Quando a ansiedade aparecer com maior frequência e trouxer prejuízos importantes tanto nos relacionamentos na escola e em casa e quando ela é mais intensa que o esperado ou quando há crises de ansiedade. E muitas vezes ainda a criança pode ter uma melhora se os pais fizerem uma sessão, por exemplo, de orientação de pais que é um atendimento psicológico feito para a família com o objetivo de falar sobre o desenvolvimento infantil, buscar informações sobre a criança, enfatizar algumas mudanças que podem ser feitas no contexto familiar que vão refletir na saúde infantil.

Leia a entrevista na íntegra

1651 - 15/05/2023 - Ansiedade infantil (.PDF)